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Justiça bloqueou sede da Contag em 2024, diante de investigações


Fraudes em descontos associativos levaram, no ano passado, ao bloqueio judicial da sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), em Brasília. Trata-se da entidade sindical com o maior número de descontos sobre benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com 1,3 milhão de beneficiários. 

O acordo da Contag com o INSS é o mais antigo, em vigor desde a década de 1990. A entidade está entre as organizações investigadas pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) na Operação Sem Descontos. 

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A sede da Contag é uma casa no bairro nobre do Park Way, no Distrito Federal, ocupa uma área de 3,67 mil m² e abriga também a Escola Nacional de Formação da entidade. O registro do imóvel lista três inscrições na Central Nacional de Indisponibilidade de Bens Imóveis, o que impede sua venda, transferência ou qualquer forma de alienação. 

Embora constem no processo comprovantes do pagamento das dívidas pela Contag, o registro ainda não foi atualizado. A apuração é do jornal Folha de S.Paulo.

As ações judiciais contra a Contag foram movidas por beneficiários do INSS nas cidades de Elísio Medrado (BA), Inhumas (GO) e Wenceslau Guimarães (BA). Nos três casos, os autores afirmam não ter solicitado filiação aos sindicatos rurais locais, vinculados à entidade, nem autorizado os descontos em seus benefícios.

Segundo a Contag, nos três processos os reclamantes estavam devidamente filiados, com apresentação de fichas de adesão e autorizações formais de desconto.

No processo de Elísio Medrado, uma mulher analfabeta funcional sofreu descontos desde fevereiro de 1996. Em Wenceslau Guimarães, os descontos começaram em junho de 2001, e em Inhumas, por volta de 2004.

A Contag está no centro das investigações da Polícia Federal (PF), que apura fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) | Foto: Divulgação/Contag
A Contag está no centro das investigações da Polícia Federal (PF), que apura fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) | Foto: Divulgação/Contag

Os três beneficiários venceram as ações. No caso de Inhumas, a sentença limitou os efeitos da decisão ao período entre o início da ação judicial e o seu julgamento.

“Os processos da Vara do Trabalho de Jequié/BA e o de Inhumas/GO não têm nenhuma restrição e já estão arquivados”, disse a entidade à Folha. “No processo da 2ª Vara do Trabalho de Feira de Santana/BA, a Contag deixou de ser regularmente intimada na pessoa dos advogados apontados na contestação, o que torna nulo todos os atos de intimação efetuados de forma incorreta.”

Contag não foi incluída no bloqueio de bens da AGU

A Operação Sem Desconto, da PF em parceria com a CGU, apura irregularidades em 11 entidades. Entre 2019 e 2024, foram identificados R$ 6,3 bilhões em descontos, dos quais ainda se aguarda a divulgação da parcela considerada ilegal.

Na última quinta-feira, 8, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com ação cautelar de urgência para pedir o bloqueio de R$ 2,56 bilhões de 12 entidades e seus dirigentes, acusados de realizar descontos irregulares em benefícios previdenciários. Quatro entre as organizações investigadas pela PF não foram incluídas no pedido de bloqueio — a Contag entre elas.

Em nota, a entidade explicou que centraliza os recolhimentos e repassa 75% do valor ao sindicato rural ao qual o filiado pertence, 20% à federação estadual correspondente e retêm 5%. 

“Atualizamos, constantemente, os procedimentos exigidos pelo INSS e pelos órgãos de controle”, disse a presidente da Contag, Vânia Marques Pinto, à Folha. “Também seguimos rigorosamente as exigências legais e normativas para que sejam processados os descontos associativos nos benefícios.”

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Fonte: Agência Brasil

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