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Zambelli era uma das principais monitoradas por Moraes


Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), depôs nesta quarta-feira (17) à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, no âmbito do processo que analisa a cassação do mandato da deputada federal licenciada Carla Zambelli. Ao responder às perguntas do relator do caso, Diego Garcia (Republicanos-PR), Tagliaferro disse que Zambelli era um dos principais alvos de monitoramento do magistrado no processo eleitoral de 2022.

Ele voltou a reforçar o que disse à Comissão de Segurança no Senado, de que havia determinação do gabinete de Moraes para monitoramento constante de postagens e manifestações ligadas ou de apoio à direita e que não havia o mesmo rigor para acompanhamento de postagens que fossem julgadas “antidemocráticas” de pessoas ligadas à esquerda ou ao centro.

Tagliaferro afirmou aos deputados nesta quarta que Zambelli estava no foco central desses monitoramentos. Sua fala à CCJ foi como testemunha da deputada licenciada. Tagliaferro é alvo de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por vazar mensagens trocadas por servidores do gabinete do ministro Alexandre de Moraes.

Ele chefiava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE, cargo que ocupou de agosto de 2022 a maio de 2023. Após suas denúncias virem à tona, ele foi exonerado e se mudou para a Itália, onde reside atualmente. Zambelli, que está presa na Itália, também participou da audiência – ambos de forma virtual.

Segundo Tagliaferro, todos os relatórios de acompanhamento eram feitos a pedido do ministro Alexandre de Moraes a partir dos magistrados que o auxiliavam no TSE e no STF, evidenciando uma “constância na investigação sobre Zambelli”.

Ele disse que possui documentos que comprovam isso, como cópias de relatórios produzidos com base nestes acompanhamentos, e-mails enviados oficialmente ao gabinete de Moraes e as conversas em aplicativos de trocas de mensagens em que, segundo ele, “claramente se via que Carla Zambelli era um alvo de perseguição”.

“Inclusive com palavras [de pessoas ligadas ao ministro]: vamos pegar ela”, descreveu. Segundo Tagliaferro, Zambelli não teria sido a única, apesar de aparecer como uma das principais personagens em investigação ativa e constante por até quatro vezes por semana. Ele citou que também estariam na lista os jornalistas Allan dos Santos e Rodrigo Constantino.

Para Tagliaferro, essas pessoas foram “muito perseguidas” por Moraes.

O gabinete de Alexandre de Moraes ainda não se manifestou sobre as declarações desta quarta, mas disse à Gazeta do Povo, após as denúncias de Tagliaferro em sessão da Comissão de Segurança do Senado, que “todos os procedimentos realizados nas investigações sobre supostas milícias digitais e desinformação foram conduzidos de maneira oficial, regular e devidamente documentados nos autos”.

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Fonte: Revista Oeste

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