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Tucano ‘coveiro’ emociona ao acompanhar cortejos fúnebres em cemitério no litoral de SP

Um visitante inusitado tem emocionado famílias e funcionários da Necrópole da Areia Branca, em Santos, no litoral de São Paulo. Trata-se de um tucano tucanuçu (Ramphastos toco), uma das aves mais emblemáticas da fauna brasileira, que tem sido visto acompanhando cortejos fúnebres no cemitério desde o início de março.

O comportamento do animal chamou atenção pela constância e pela maneira respeitosa com que se aproxima das pessoas durante os velórios. A ave, que já foi apelidada carinhosamente de “tucano coveiro”, costuma seguir os cortejos até os locais de sepultamento, permanecendo por perto, em silêncio, como se prestasse uma última homenagem ao falecido.

A coordenadora dos cemitérios de Santos, Elen Miranda, contou ao g1 que se surpreendeu com a presença da ave, já que tucanos não são comuns na área urbana da cidade — e muito menos em cemitérios. Segundo ela, o tucano parece ter escolhido o local como um ponto de parada. “Ele aparece com frequência para comer frutas, beber água, e, de forma surpreendente, acompanha os enterros com uma tranquilidade que chega a comover”, relatou.

Acostumados a presenciar a presença de animais como saruês e gatos no local, os funcionários do cemitério passaram a encarar o tucano como um tipo de mensageiro de conforto. “Num ambiente marcado pela tristeza, a presença de uma ave tão bonita e serena tem um efeito positivo. Muita gente que está chorando, em dor, se sente consolada ao ver aquele animal tão próximo, como se trouxesse uma mensagem de paz”, explicou Elen.

Além do impacto emocional causado nas famílias enlutadas, a história ganhou grande repercussão nas redes sociais, onde vídeos da ave acompanhando os cortejos foram amplamente compartilhados. Muitos internautas interpretaram o comportamento do tucano como um sinal espiritual, uma resposta simbólica da natureza em momentos de perda.

Segundo o biólogo Jorge Luis dos Santos, embora a espécie Ramphastos toco seja natural da Mata Atlântica e de outras regiões tropicais do Brasil, seu comportamento na Necrópole da Areia Branca é considerado fora do comum. Para o especialista, uma explicação possível é que o tucano tenha sido criado em cativeiro ou domesticado, o que justificaria sua falta de medo de pessoas e sua disposição para se aproximar em um ambiente urbano movimentado.

“É possível que esse animal tenha sido domesticado ou que tenha fugido de um ambiente onde havia contato constante com humanos. Por isso, ele se comporta de maneira mais sociável, inclusive em situações como cortejos”, explica o biólogo.

A espécie, apesar de ser conhecida por sua beleza e presença marcante, está ameaçada de extinção devido à perda de habitat e ao tráfico de animais silvestres. Esse fato torna a aparição do tucano ainda mais simbólica, reforçando a importância da preservação da fauna brasileira e o impacto positivo que a natureza pode exercer até nos momentos mais difíceis da vida humana.

Para muitos em Santos, o “tucano coveiro” se tornou mais do que um fenômeno curioso: ele virou símbolo de esperança, paz e conexão entre a vida e a natureza, mesmo nos momentos de despedida

Fonte: G1 Santos

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