O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a esta altura, apresentou várias desculpas implausíveis para uma série de reportagens que denunciam sua antiga amizade com o criminoso sexual condenado Jeffrey Epstein. Nesta sexta-feira, 25, Trump apresentou uma nova justificativa para uma reportagem do Wall Street Journal alegando que ele escreveu uma carta de aniversário obscena para Epstein em 2003: o republicano disse que alguém falsificou sua assinatura.
Falando a repórteres do lado de fora da Casa Branca, Trump foi questionado se ele afirmava que não havia escrito a suposta carta, que teria sido incluída em um livro de notas de felicitações semelhantes dadas a Epstein por seus amigos em seu aniversário de 50 anos.
“Eu nem sei do que estão falando”, disse o presidente. “Alguém poderia ter escrito uma carta e usado meu nome, isso já aconteceu muito.”
De acordo com a reportagem do WSJ da semana passada, a carta picante de Trump a Epstein continha um poema sobre como “temos certas coisas em comum”. O bilhete teria se referido a Epstein como um amigo e acrescentado: “Feliz aniversário — e que cada dia seja outro segredo maravilhoso”.
Trump já entrou com uma ação judicial contra o Wall Street Journal e seus repórteres, alegando que a carta nem existe — chamando-a de “falsa e inexistente”. Um advogado que representa as vítimas de Epstein afirmou na quarta-feira que o espólio do criminoso tem, em sua posse, uma cópia do livro de bilhetes de aniversário enviado ao financista condenado, argumentando que o Congresso poderia intimá-lo.
Trump passou a reclamar de um “dossiê” produzido pelos democratas. “Tudo é falso com esse governo”, disse, provavelmente se referindo ao governo Obama e ao chamado dossiê Steele, uma compilação controversa de fofocas não verificadas sobre Trump e a Rússia, elaborada em 2016. “Tudo é falso com os democratas; veja o que eles acabaram de descobrir sobre o dossiê. Tudo é falso.”
No mesmo grupo de imprensa, Trumpreclamou que a mídia deveria se concentrar mais no “fato de que Larry Summers — de Harvard — Bill Clinton” e outros eram amigos próximos de Epstein durante sua época como figura importante na cena social de Nova York. “Eu não tive nada a ver com o cara”, acrescentou.
Trump, é claro, conhecia bem Epstein. Além de supostamente escrever um cartão de aniversário para o criminoso, o presidente era frequentemente fotografado com ele e sua parceira socialite, a traficante sexual condenada Ghislaine Maxwell.
“Conheço o Jeff há 15 anos. Um cara incrível”, disse Trump, em tom infame, em 2002. “É muito divertido estar com ele. Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são mais jovens. Não há dúvida — Jeffrey gosta da vida social.”
De acordo com uma reportagem de quinta-feira do New York Times, o cartão de aniversário de Epstein não foi a única vez que Trump expressou sua admiração por Epstein por escrito.
“Jeff — Você é o maior!” escreveu o republicano em uma nota inscrita em uma cópia de seu livro Trump: The Art of the Comeback. Talvez outra pessoa também tenha falsificado assinaturas nesse livro.
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Fonte: rollingstone.com.br