Donald Trump há muito se apresenta como um mestre das negociações, mas ao tentar intermediar a aquisição da controladora do TikTok, ele já concedeu a si três prorrogações de prazo. Na última quinta, 19, o presidente anunciou uma nova ordem executiva adiando novamente a aplicação de uma lei que proibiria o aplicativo de vídeos nos Estados Unidos caso não fosse vendido pela empresa chinesa ByteDance. As informações são da Rolling Stone.
“Acabo de assinar a Ordem Executiva estendendo o prazo para o fechamento do TikTok por 90 dias (até 17 de setembro de 2025)”, escreveu Trump em uma publicação na Truth Social. “Obrigado pela atenção a esse assunto!” Em comunicado, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, destacou a afinidade de Trump com o aplicativo — que ele antes queria banir, mas prometeu “salvar” durante a campanha de 2024. (Atualmente, ele tem 15 milhões de seguidores na plataforma, embora sua conta não seja usada desde a eleição).
“Como ele já disse muitas vezes, o presidente Trump não quer que o TikTok seja desativado”, afirmou Leavitt. “Essa prorrogação dura 90 dias, tempo que o governo utilizará para garantir que o acordo seja concluído e que os americanos possam continuar usando o TikTok com a segurança de que seus dados estão protegidos.”
A lei que Trump tem evitado por meio dessas ordens executivas foi assinada por Joe Biden e ratificada pela Suprema Corte pouco antes do início do segundo mandato de Trump. Trata-se do Foreign Adversary Controlled Applications Act (“Lei de Aplicativos Controlados por Adversários Estrangeiros”, na tradução livre), resultado da preocupação do Congresso de que apps controlados por países estrangeiros, como o TikTok, possam ser usados para espionar ou manipular politicamente os americanos.
No dia 20 de janeiro, seu primeiro dia de governo, Trump ordenou o primeiro adiamento da proibição após o aplicativo ficar brevemente fora do ar. Em abril, foi forçado a aprovar um novo adiamento de 75 dias depois que um possível acordo para transferir o controle majoritário do TikTok a uma empresa estadunidense fracassou — em grande parte devido à reação da China às tarifas impostas por Trump ao comércio global. Qualquer venda do TikTok pela ByteDance é praticamente impossível sem o aval de Pequim.
“Somos gratos pela liderança e apoio do presidente Trump para garantir que o TikTok continue disponível para mais de 170 milhões de usuários americanos e 7,5 milhões de empresas dos EUA que dependem da plataforma, enquanto seguimos trabalhando com o gabinete do vice-presidente Vance”, disse o TikTok em nota. A empresa tem elogiado repetidamente Trump por mantê-la ativa no país e sustenta que não representa risco à segurança dos EUA.
Por ora, os criadores americanos que dependem do TikTok para seu sustento — e os muitos outros que apenas gostam de passar horas rolando a timeline do app — receberam um novo alívio. Ainda não está claro se o governo está mais perto de fechar um acordo do que antes do colapso das negociações em abril, mas parece que Trump não terá dificuldade em continuar postergando o banimento indefinidamente. Ao contrário de muitas de suas outras ordens executivas desde que voltou à Casa Branca, os adiamentos não vêm sendo contestados nos tribunais.
Enquanto isso, na quinta-feira — feriado federal de Juneteenth — Trump criticou Wall Street Journal, escrevendo na Truth Social que o jornal “não faz ideia do que penso sobre o Irã!”. Ele também atacou Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, por não reduzir as taxas de juros como desejava. “Ele é, de fato, uma das pessoas mais burras e destrutivas do governo, e o Conselho do Fed é cúmplice”, esbravejou Trump. Com a escalada de uma guerra no Oriente Médio e uma desaceleração econômica nos EUA, não é de se surpreender que o presidente esteja adiando a questão do TikTok para outro momento.
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Fonte: rollingstone.com.br