Ao contrário da soja e do milho, o trigo registrou valorização na Bolsa de Chicago (CBOT) nesta última semana. O contrato do primeiro mês fechou a quinta-feira (24/07) cotado a US$ 5,41/bushel, ante US$ 5,33/bushel na semana anterior. A alta foi sustentada, principalmente, por embarques norte-americanos acima do esperado e por preocupações climáticas em regiões produtoras.
Segundo dados da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário – CEEMA, os EUA exportaram 732,2 mil toneladas de trigo na semana encerrada em 17 de julho, superando as expectativas do mercado. Desde o início do ano comercial, em 1º de junho, os EUA já embarcaram 3,02 milhões de toneladas, um avanço de 14% frente ao mesmo período de 2024.
A colheita do trigo de inverno nos Estados Unidos avança conforme o esperado, atingindo 73% da área até 20 de julho. O trigo de primavera, no entanto, apresenta sinais de alerta: 16% das lavouras estão entre ruins e muito ruins. Essa diferença na qualidade preocupa os compradores e adiciona volatilidade ao mercado futuro.
No Brasil, enquanto o plantio da nova safra está praticamente encerrado, o mercado ainda não esboça reação nos preços. A CEEMA informa que as principais praças gaúchas mantêm valores de R$ 70,00/saca para produto de qualidade superior, enquanto no Paraná o preço gira em torno de R$ 78,00. A competição com o trigo importado segue forte.
O cenário doméstico é desafiador. Os moinhos localizados no litoral brasileiro continuam comprando trigo de alta qualidade no exterior a preços similares aos do interior do país. Além disso, o adiantamento da colheita no Centro-Oeste elevou a oferta interna, freando qualquer tendência de alta no curto prazo. Ainda assim, a perspectiva de menor produção e qualidade pode mudar esse cenário em 2026.
No cenário internacional, a produção global de trigo deve crescer. O relatório mais recente do USDA projeta 808,6 milhões de toneladas para a safra 2025/26, alta de 1,1% sobre o ciclo anterior. Com a Argentina estimando 20 milhões de toneladas e podendo exportar até 13 milhões, o Brasil deve continuar comprando do país vizinho. Diante desse cenário, o mercado de trigo segue em compasso de espera, monitorando clima, câmbio e novas sinalizações de demanda.
Fonte: AGROLINK