O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD-RS), afirmou que se o colega de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), quiser o apoio do PSD em uma possível candidatura à presidência da República em 2026, terá de se afastar do que ele chama de “bolsonarismo”. Leite se filiou recentemente ao PSD e já se colocou à disposição para também disputar o cargo na próxima eleição.
O recado de Leite contraria o do próprio presidente do PSD, Gilberto Kassab, que já explicitou publicamente que a legenda apoiará Tarcísio em uma eventual candidatura à presidência em 2026. O governador de São Paulo, no entanto, segue reafirmando que pretende disputar a reeleição no estado.
“Eu tenho dito o seguinte: se o governador Tarcísio deseja ser candidato e ter o nosso apoio, não somos nós que vamos fazer o movimento para um discurso bolsonarista, mas ele que precisa de um posicionamento mais ao centro e mais afastado do bolsonarismo. Os partidos do centro não devem bolsonarizar ou radicalizar o seu discurso. Pelo menos, não da minha parte, e não daquilo que eu acredito”, disse Leite na segunda (20) ao jornal O Globo antes de um evento com empresários em São Paulo.
VEJA TAMBÉM:
Lula anuncia Guilherme Boulos como ministro da Secretaria-Geral da Presidência
Apesar de negar que pretende concorrer ao Palácio do Planalto, Tarcísio vem levantando bandeiras dos aliados de Bolsonaro, como o apoio à proposta de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Ele, ainda, chamou o ministro Alexandre de Moraes de “tirano” durante manifestação no Dia da Independência, após a condenação de Bolsonaro a 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar das críticas, Leite amenizou o tom ao comentar a postura de Tarcísio. Segundo ele, o paulista tem perfil de gestor responsável e não deve ser reduzido às polêmicas recentes.
“Em todos os contextos que tive com ele, ele apresentou uma postura muito razoável, de gestor centrado e preocupado em melhorar a performance do governo. Talvez diga respeito a uma questão de lealdade a alguém que lhe abriu espaço na trajetória, o que é compreensível. Eu não saberia dizer o quanto daquela manifestação corresponde ao seu sentimento mais profundo ou o quanto ele foi conduzido àquela situação. Mas vejo uma pessoa preocupada com o país e acredito num democrata”, avaliou.
PSD dividido entre Tarcísio e Ratinho Jr.
Eduardo Leite também rebateu especulações sobre uma possível preferência de Kassab pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD-PR), à presidência da República. O gaúcho afirmou que eventos recentes em torno do paranaense não o incomodam e que o partido ainda não tem um nome definido para 2026.
“O governador Ratinho é um nome importante, que está há mais tempo do que eu, inclusive, no partido. Vejo com naturalidade esse entrosamento maior dentro da direção partidária, mas a decisão da candidatura depende do contexto”, disse.
Ele ainda destacou que oferece uma alternativa diferente dentro da centro-direita, ao defender independência em relação a Lula e a Bolsonaro. Leite afirma que consegue “oferecer algo de diferente entre todos esses nomes: uma capacidade de fazer um discurso mais independente”.
“Porque, justamente, nas últimas eleições, eu não abracei nem o Lula nem o Bolsonaro, e quase paguei o preço disso por estar num ambiente muito polarizado”, completou.
Melhora na popularidade de Lula
Sobre o governo federal, Leite minimizou os números recentes de recuperação da popularidade de Lula. Segundo ele, a melhora na imagem do petista tem relação com o comportamento de Eduardo Bolsonaro no exterior.
“Essa recuperação de popularidade do presidente Lula ainda é muito tênue. Não dá para dizer que ele passou a ser largamente aprovado ou diminuiu sua reprovação. Em relação ao bolsonarismo, ele se tornou melhor avaliado por causa do que o Eduardo Bolsonaro fez nos Estados Unidos, contra os interesses nacionais. Mas não é como se a população brasileira tenha passado a aprovar o Lula”, disse.
Leite afirmou ainda que vê “muita disposição” de Eduardo Bolsonaro em disputar a presidência, mesmo diante das complicações jurídicas do ex-presidente. E aproveitou para defender uma renovação também no campo da esquerda.
“Por mais que a nossa democracia permita isso, seria mais saudável que houvesse, no seu próprio campo político, a possibilidade de passagem de bastão. Quando escolheu a Dilma, não escolheu alguém com uma trajetória política, fez uma escolha em alguém que pudesse depender mais dele, aparentemente. Acho que há um desejo das pessoas de votar a favor de alguma coisa, não simplesmente contra”, concluiu.
Fonte: Revista Oeste


