A situação atual do System of a Down é, no mínimo, confusa. No que diz respeito a shows, a banda terá em 2025 seu ano mais produtivo em pelo menos uma década: eles finalizaram recentemente uma turnê pela América do Sul e em setembro voltam a excursionar pela América do Norte. Ao mesmo tempo, não lançam um álbum desde Hypnotize, de 2005 — saíram apenas duas canções em 2020, “Protect the Land” e “Genocidal Humanoidz”, em uma ação beneficente.
Se o grupo está realizando mais apresentações ao vivo, seria natural esperar por canções inéditas, certo? De acordo com Daron Malakian, não é bem assim.
O guitarrista, que prepara o lançamento de um novo disco de sua outra banda, Scars on Broadway, reconhece que é improvável uma reunião do SOAD também em estúdio. Em entrevista ao Talk is Jericho (via Blabbermouth), ele declarou, inicialmente:
“Poderíamos fazer um álbum e até poderia ser bom. Não sei. Se você ouvir esses cinco discos que temos, se você ouvir o primeiro álbum (de 1998) e depois Toxicity (2001), há uma diferença entre eles. Houve evolução. Nem sempre gostei desse hiato [criativo], mas é o que é. Cada banda tem uma história diferente. Houve um tempo em que fiquei um pouco mais chateado com isso. Agora eu aceito.”
Malakian — que, de fato, ao longo dos anos expressou seu descontentamento pelos conflitos criativos do System — lamentou que o grupo não tenha tido “a chance de continuar sua evolução” em termos artísticos. Isso, segundo ele, foi a maior causa de sua chateação.
“Acho que éramos capazes disso [evoluir criativamente]. Algumas bandas fazem o mesmo álbum repetidamente, mas não teríamos sido essa banda. Mantivemos nosso som, mas esse som teria ido para lugares diferentes. É o meu único arrependimento: não tivemos a chance de fazer isso. Se você resolve fazer um álbum 20 ou 25 anos depois, de onde você pega a ideia?”
A popularidade do System of a Down
Apesar disso, o System of a Down segue muito popular. E Daron Malakian não apenas demonstra gratidão como, também, cita a própria América do Sul como exemplo.
“O que é louco para mim é que as pessoas ainda se importam. Acabamos de chegar da América do Sul e lotamos todos os estádios de futebol que havia lá. Não sei se você viu alguma filmagem disso, mas foi uma loucura. Faço isso há um tempo e nunca tinha experimentado nada parecido antes. E estamos prestes a fazer shows na Costa Leste [dos Estados Unidos], e a banda está tocando em estádios, sendo que não lançamos um disco há mais de 20 anos.”

Por que ainda existe tanto interesse em torno do SOAD? O guitarrista reflete:
“Acho que parte disso se deve ao fato de termos parado em um momento de auge. As pessoas se perguntavam se iríamos ou não tocar. Daí, quando tocamos, pensam: ‘ah, essa pode ser a última vez que eles vão tocar’. Nada disso foi feito de propósito. É o jeito natural. Além disso, também acho que as músicas são importantes. As músicas conviveram com as pessoas e, em alguns casos, se tornaram parte da essência de suas vidas. Tantos anos se passaram, mas não vejo cinquentões no público. Vejo gente de 18, 25 anos, jovens que provavelmente nasceram até depois do lançamento de Mezmerize e Hypnotize (2005). É novo para eles.”
Novo álbum do Scars on Broadway
Enquanto o System of a Down não se resolve em termos criativos, o Scars on Broadway lança um novo álbum nesta semana. Addicted to the Violence chega a público na sexta-feira, 18.
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Fonte: rollingstone.com.br