O ex-assessor internacional no governo de Jair Bolsonaro (PL), Filipe Martins, disse, nesta quinta-feira (24) durante audiência na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que se considera um preso político e que entende que sua liberdade de expressão cerceada.
“Eu me considero um preso politico com restrições a minha liberdade de expressão. Eu não posso ser filmado ou fotografado, não posso dar entrevistas. É a primeira vez que eu falo. Estou esperando há quase dois anos para falar”, comentou.
A investigação de Filipe Martins faz parte dos interrogatórios dos réus dos núcleos 2 e 4 da chamada “trama golpista”. O interrogatório foi conduzido pelo juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, com a participação da Procuradoria-Geral da República e de advogados dos demais réus.
Segundo Martins, esta é a primeira oportunidade em dois anos para apresentar sua versão dos fatos, período em que afirma ter tido sua palavra “cassada”. Martins também relatou estar sob censura há dois anos, com uma série de proibições impostas à sua comunicação.
Restrições atípicas à comunicação
Martins detalhou que há uma proibição expressa de ser filmado ou fotografado, inclusive por terceiros, e que ele não pode conceder entrevistas por determinação do Ministro Alexandre de Moraes. Ele aponta que essa restrição se estende às redes sociais, onde também está impedido de se expressar. Ele diz que tem a percepção de que buscam “esconder” sua imagem e impedir que ele apresente sua versão, comprometendo sua ampla defesa.
Questionamentos sobre a prisão de Filipe Martins
A prisão de Filipe Martins, que durou seis meses, ocorreu sem denúncia formal ou indiciamento, baseada em uma viagem que ele afirma categoricamente não ter realizado. Ele declarou ter reunido mais de 20 comprovações que atestam sua ausência no local da suposta viagem.
“A um injustiçado como Filipe Martins, uma semana falando é pouco”, comentou Jeffrey Chiquini, advogado que representa Filipe Martins, quando o juiz auxiliar pediu para que o réu fosse mais rápido e objetivo nas respostas. “Não entendo porque essa pressa que este processo está tomando”, comentou Martins. “Senhor Filipe, aqui não é momento para ficar dando aula, vamos concluir, vamos falar sobre fatos”, respondeu o juiz.
Do núcleo 2 da chamada “trama golpista” também fazem parte o coronel Marcelo Câmara (ex-assessor do ex-presidente Bolsonaro), Fernando de Sousa (delegado da Polícia Federal e ex-diretor do Ministério da Justiça), Marília Oliveira Marília Ferreira de Alencar (delegada e ex-diretora de Inteligência da Polícia Federal), Mário Fernandes (general da reserva do Exército) e Silvinei Vasques (ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal).
Fonte: Revista Oeste