Uma pequena estátua de âmbar da Idade da Pedra, com 10,2 cm de comprimento por 4,2 cm de altura, ressurgiu recentemente nas redes sociais, atraindo a atenção de arqueólogos e entusiastas da arte pré-histórica. Trata-se de uma pequena escultura de urso, descoberta por trabalhadores que escavavam turfa na Polônia em 1887, perto da cidade de Slupsk.
Encontrado em uma época em que a cidade polonesa fazia parte da Prússia, o objeto “peregrinou” por vários museus de diversas cidades, como Berlim, Gdansk ou outros locais da Europa Central, conforme as fronteiras e administrações mudavam. Em 2009, o amuleto foi transferido para o Museu Nacional de Szczecin, cidade próxima ao local de sua descoberta.
Chamado genericamente de “urso da felicidade”, ele se tornou uma espécie de símbolo local, onde várias réplicas são vendidas aos turistas. Em janeiro de 2013, finalmente o ursinho recebeu um nome: “Slupcio”, algo como “garotinho de Slupsk” em polonês. O nome foi atribuído pela aluna do jardim de infância Pola Ziebakowska, em um concurso promovido pela prefeitura local, que lhe rendeu um ursinho de pelúcia como prêmio.
A história do Slupcio
O pequeno Slupcio, possivelmente do período Mesolítico (entre 12 mil e 5 mil anos atrás), reflete a vida de comunidades nômades da Europa, que dependiam da caça e coleta. Na região da Pomerânia, no litoral do Báltico, diversos sítios arqueológicos revelaram objetos como cerâmicas, utensílios e peças de âmbar originárias de sedimentos marinhos, indicando contato com o ambiente costeiro.
A peça apresenta traços rudimentares: as pernas são simples saliências, impedindo que fique em pé, enquanto a cabeça exibe detalhes anatômicos, como olhos, narinas e orelhas. O grande diferencial da escultura é um orifício central no corpo, indicando que ela possivelmente poderia ser pendurada ou transportada, como um amuleto de caça.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a estatueta foi levada para a cidade de Stralsund, na Alemanha, cerca de 150 km a oeste de Szczecin, até ser repatriada em 2009. Os arqueólogos alemães chamavam a peça de Bernsteinbär (urso de âmbar), e atestaram o seu valor histórico.
Existem várias estatuetas de ursos da Idade da Pedra

Publicada em 2023, a pesquisa “Estatuetas de urso de âmbar da Idade da Pedra da região do Mar Báltico”, de autoria de Daniel Groß e Peter Vang Petersen, explica que essas “Estatuetas de urso de âmbar são um pequeno grupo de objetos encontrados em todo o Mar Báltico”. A grande questão com essas pequenas obras de arte é que, por serem, em sua maioria, achados isolados, necessitam de um contexto arqueológico.
Embora o âmbar não possa ser datado diretamente por carbono-14, pois não tem carbono em sua forma fossilizada, os autores concluíram que os objetos têm uma maior probabilidade de serem associados ao Paleolítico Superior, um período de 50 mil a 12 mil anos atrás. Os ursos de âmbar podem ser o indício de uma tradição lítica de representar animais em pinturas rupestres e objetos portáteis, e mudança na caça, de renas para ursos.
A prática de esculpir ursos em âmbar, material natural com características singulares, provavelmente estava ligada a crenças místicas ou simbólicas na Idade da Pedra. Apesar de semelhante a uma pedra (depois de fossilizado), o âmbar flutua na água, torna-se translúcido ao ser polido e libera aroma ao queimar, o que pode tê-lo associado a propriedades sobrenaturais no passado.
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Fonte: TecMundo