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Secretário do Tesouro dos EUA admite que tarifas de Trump são pagas por americanos


Na quinta-feira (7), à meia-noite, entraram em vigor as pesadas tarifas retaliatórias que Donald Trump impôs a dezenas de países. “É MEIA-NOITE!!! BILHÕES DE DÓLARES EM TARIFAS ESTÃO AGORA FLUINDO PARA OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA!”, escreveu o presidente dos EUA no Truth Social minutos antes de as taxas passarem a valer.

“Tarifas estão fluindo para os EUA em níveis antes considerados impossíveis”, acrescentou em uma postagem subsequente.

Horas depois, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, apareceu na MSNBC, onde foi levado, com certa suavidade, a admitir que, embora o governo possa arrecadar bastante com os novos impostos, são as empresas e os consumidores americanos que pagam as penalidades.

“Então, se alguém aqui, um importador, quiser comprar produtos brasileiros hoje ou amanhã e importá-los, vai pagar 50 por cento para o Tesouro. E quem é que assina esse cheque?”, perguntou o apresentador Eugene Robinson a Bessent sobre as novas tarifas impostas contra a nação sul-americana.

Bessent primeiro afirmou que as importações brasileiras tarifadas poderiam simplesmente ser substituídas por “alternativas” de outros países, antes de ser pressionado por Robinson a esclarecer “quem é que assina o cheque para o Tesouro” caso o produto venha de um país tarifado como o Brasil.

“Bem, o cheque é emitido para a pessoa que o recebe no porto, nos Estados Unidos”, respondeu Bessent. “O cheque é emitido pela pessoa, o recebedor. Então, a tarifa é paga neste país pelo importador. É isso mesmo?”, insistiu Robinson.

Bessent então disse que o exportador poderia reduzir seu preço para manter a participação no mercado. Robinson pressionou novamente: “Mas o cheque é emitido pelo importador, no porto?” “Sim”, disse Bessent. “E o importador pode repassar isso ou não”.

A realidade econômica é que tarifas não são impostos pagos por exportadores, elas são um desincentivo econômico à importação de produtos específicos, que recai principalmente sobre o comprador. Mas, assim como o presidente Trump acha que pode simplesmente demitir o principal estatístico do país para fazer desaparecer seus indicadores econômicos em queda, o governo acredita que pode simplesmente declarar que séculos de teoria e prática econômica não se aplicam a eles.

As tarifas reduzidas que estão em vigor há vários meses já começaram a impactar negativamente a economia americana. O crescimento do emprego e do PIB desacelerou, os preços ao consumidor estão em alta e a inflação começou a subir. Alguns assessores de Trump temem que nem mesmo números econômicos em queda farão o presidente recuar de sua política tarifária caótica.

“Às vezes, Trump não consegue lidar com a prosperidade”, disse Stephen Moore, conselheiro econômico de longa data de Trump, à Rolling Stone nesta semana.

Meu conselho para Trump é parar com as tarifas. Nós não precisamos de tarifas agora. […] Quando eu o vejo, ele sabe a minha posição; toda vez que me vê, ele diz: ‘Aí está o Steve Moore! Ele não gosta de tarifas!’ Espero que isso faça o governo recuar das tarifas.

A Rolling Stone informou que Trump realizou um antigo desejo ao demitir Erika McEntarfer, a comissária de Estatísticas do Trabalho, depois que o órgão divulgou um relatório fraco de emprego na segunda-feira. Ele continua fazendo o que pode para evitar encarar a realidade de sua agenda econômica, enquanto a nova rodada de tarifas entrou em vigor na noite passada.

“BILHÕES DE DÓLARES, EM GRANDE PARTE DE PAÍSES QUE TÊM SE APROVEITADO DOS ESTADOS UNIDOS POR MUITOS ANOS, RINDO O TEMPO TODO, COMEÇARÃO A FLUIR PARA OS EUA”, ele escreveu no Truth Social.

Ele pode colocar tudo em letras maiúsculas, pode postar isso 10 vezes por dia, mas, pela própria admissão de sua secretária do Tesouro, são as empresas americanas que estão assinando o cheque por esses bilhões. Os consumidores já estão sentindo a pressão, e a tendência é que piore muito.

Este artigo foi originalmente publicado pela Rolling Stone EUA, por Nikki McCann Ramirez, no dia 7 de agosto de 2025 e pode ser conferido aqui.

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Fonte: rollingstone.com.br

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