Santos teve cerca de R$ 10 milhões bloqueados (Crédito: Reinaldo Campos/Santos FC)
O Santos teve cerca de R$ 10 milhões bloqueados pela LIBRA após uma liminar do Flamengo. A discussão do time Rubro-Negro com os clubes da Liga do Futebol Brasileiro ‘estourou’. Ano passado, as equipes que formam a Libra assinaram um contrato em conjunto com a Globo e divisões de renda de acordo com as transmissões.
”O Santos Futebol Clube manifesta publicamente seu repúdio em relação à atitude da atual gestão do Clube de Regatas do Flamengo que, mesmo depois de assinar o acordo com a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) e a TV Globo, decidiu entrar na Justiça e, por meio de uma liminar, travou o repasse de R$ 77 milhões referente aos direitos de transmissão. A atual gestão do Flamengo parece não entender que é responsável pelo cumprimento de acordos firmados por administrações passadas. Mais, insiste em ignorar que atitudes individualistas, de quem só olha para os próprios interesses, fragilizam a união e o espírito de lealdade que fortaleceria a todos nós. Ou será que o Flamengo acredita que pode jogar competições sem adversários. A direção do Santos Futebol Clube defende que o futebol brasileiro só crescerá e se fortalecerá de acordo com seu potencial quando os clubes entenderem que precisam trabalhar juntos. A intenção de mudar as regras do jogo com o campeonato em andamento, como faz o Flamengo, só reforça a convicção de que, enquanto esse tipo de pensamento e conduta existirem, o futebol brasileiro ficará em segundo plano. Diante disso, confiamos que a Justiça do Rio de Janeiro entenderá o que, de fato, está por trás desta ação e prontamente restabelecerá a legalidade do acordo firmado entre o grupo e a TV Globo.”, se pronunciou o Peixe nas redes sociais.
Esse estatuto foi assinado pelo próprio Flamengo em 2024 quando Landim ainda era presidente. O contrato da Globo paga um valor fixo de R$ 1,17 bilhão por temporada, sem detalhar quanto cada plataforma (TV aberta, fechada, pay-per-view) representa. Para o Flamengo, isso gera um problema: o cálculo dos 30% por audiência cita “contribuição de cada plataforma”, mas o contrato não define o peso do pay-per-view.
A equipe flamenguista defende que isso só pode ser resolvido com um acordo unânime entre os membros da Libra. A divergência começou a ser debatida desde abril e a Libra contratou o executivo Silvio Matos para propor soluções. Os cariocas se demonstraram dispostos a aceitar uma solução ‘intermediária’, mas passou a negociar diretamente com outros clubes para convencer sobre seu ponto de vista.
Assim como o Peixe, os clubes defendem seguir o estatuto já assinado. O Flamengo propôs que os 30% da audiência fossem distribuídos conforme a quantidade de assinantes do Premiere (pay-per-view). Ex.: se tivesse 20% dos cadastros, levaria 20% da verba. Na votação de 28 de agosto, apenas o Volta Redonda apoiou enquanto o Paysandu se absteve e os demais clubes foram contra.
Se aprovada, a proposta renderia ao Flamengo R$ 1,35 milhão a mais já na parcela de setembro e ganhos até 2029. Com a derrota interna, o clube foi à Justiça, alegando que mudanças na divisão precisam de unanimidade no bloco, conforme o estatuto. O Flamengo conseguiu uma liminar favorável, dada pela desembargadora Lúcia Helena do Passo, que determinou que a Globo não faça os pagamentos conforme os critérios rejeitados pelo clube.
Em resumo, o Flamengo tentou mudar a regra de divisão da audiência para usar os assinantes do Premiere como base e apesar de perder a votação na Libra, ganhou uma liminar na Justiça que congela os pagamentos até a definição final. Com isso, o Peixe fica com quase dez milhões de reais bloqueados.
Em março do ano passado, o presidente santista Marcelo Teixeira fechou acordo com a Libra (Liga do Futebol Brasileiro) e com a Globo por direitos do Campeonato Brasileiro de 2025 até 2029. A assinatura envolveu exclusividade para os direitos de imagem da Série A do Brasileirão na TV aberta, fechada (SporTV) e Pay-per-view (Premiere) para os cinco anos.
O Peixe chegou a conversar com a Liga Forte, mas fechou parceria com a Libra. A gestão chegou a receber Pedro Borges, diretor dos direitos da Rede Globo, em evento na Vila Belmiro na época. Os dirigentes assinaram um acordo e todos os 19 jogos do Santos como mandante na Série B de 2024 tiveram transmissão exclusiva da Rede Globo.
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FORMAÇÃO DA LIBRA
A LiBRA é formada por ABC, Atlético-MG, Bahia, Brusque, Corinthians, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Paysandu, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo e Vitória. São 19 equipes, sendo 9 delas na Série A de 2024. Dos representantes da LiBRA na primeira divisão atual, apenas o Corinthians ainda não assinou com a Rede Globo.
Fundada oficialmente no primeiro semestre de 2022, a LiBRA nasce dos anseios de profissionalização, internacionalização e crescimento de receitas dos clubes brasileiros. Desde o embrião de sua formação, há quatro anos, a Liga do Futebol Brasileiro atua para contribuir com o desenvolvimento constante do esporte no país. Uma proposta de gestão moderna e transparente, amparada nas melhores práticas de governança e compliance, com o intuito de ampliar os horizontes para os times nacionais.
O QUE INCLUI O CONTRATO ENTRE LIBRA E GLOBO
O contrato prevê o pagamento de mais de R$6 bilhões aos clubes da entidade. Esta é a primeira vez que um bloco de clubes fecha um contrato em conjunto para a venda de direitos da totalidade de seus jogos como mandantes no Campeonato Brasileiro. É o reconhecimento do potencial do futebol brasileiro e do papel da Libra, desde sua fundação em 2022, e a valorização das marcas e camisas que compõem o grupo.
“Como uma das maiores investidoras históricas do esporte brasileiro, a Globo entende o futebol como um ativo estratégico para nossos produtos, relevante para o mercado e uma paixão dos brasileiros que incentivamos e valorizamos. Este acordo é a sinalização da nossa crença na força do futebol nacional”, diz Pedro Garcia, diretor de Direitos da Globo.
O valor anual acordado entre as partes é de cerca de R$1,3 bilhão pelos direitos de TV aberta e fechada, mais um adicional que virá do pay-per-view em formato de participação direta dos clubes da LiBRA no resultado das receitas da plataforma. Os valores podem ser alterados para cima ou para baixo caso haja um maior número de clubes aderindo à LiBRA, ou um número menor de integrantes do grupo participando na temporada da Série A.
“Criamos um Comitê de Negócios e um time comercial próprio que trabalharam de forma espetacular. Conversamos com absolutamente todos os diversos agentes do mercado e grupos de mídia. Entendemos que o modelo de distribuição de conteúdo do Campeonato Brasileiro vai evoluir e teremos novas plataformas participando desta arena, mas para isso fazer sentido estratégico e gerar mais valor financeiro, precisamos de passos anteriores como o alinhamento dos blocos comerciais, a aproximação para a formação da Liga com todos os clubes, uma visão de produto e o cuidado com inúmeros aspectos que precisam ser discutidos e definidos, como fairplay financeiro, padronização da publicidade, calendário e muitos outros. A Globo não é apenas a melhor parceira, é também aempresa que mais conhece o futebol brasileiro. Por dentro e por fora. Dos clubes à audiência. A Globo tem uma simbiose cultural e histórica com o nosso esporte e junto com a LiBRA irá construir o melhor caminho para que todos os clubes estejam juntos muito em breve “, definiu Silvio Matos, CEO da LiBRA.
O montante arrecadado com os direitos de transmissão da LiBRA será distribuído entre seus clubes a partir de regra aprovada em Assembleia Geral da entidade: 40% igualitário, 30% performance e 30% audiência. Caberá ainda um repasse de 3% do valor total para os clubes da LiBRA que estiverem na Série B, como forma de estimular a competitividade no cenário nacional.
“Este importante contrato fechado com o Globo, o principal parceiro do futebol brasileiro, mostra a maturidade dos clubes da LiBRA em superar possíveis diferenças, trabalhando em conjunto com o intuito de desenvolver algo positivo e que realmente fortalecesse o futebol brasileiro. Não tenho dúvida que o sucesso deste acordo vai incrementar ainda mais a união entre os clubes”, finalizou Gustavo Oliveira, VP de Comunicação e Marketing do Flamengo e membro do Comitê de Negócios da LiBRA.
Fonte: Placar