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RS Brasil analisa todas as músicas do álbum Mayhem, de Lady Gaga


Mayhem é Lady Gaga em sua forma mais feroz e teatral — um mergulho nas sombras do pop, onde cada faixa é uma faceta de sua persona em constante mutação. Entre batidas industriais, baladas etéreas e refrões explosivos, o álbum desafia, provoca e emociona. É uma odisseia sonora que mistura arte e instinto, celebrando o excesso, a vulnerabilidade e a rebeldia com um brilho sombrio.

Abaixo, leia os comentários de todas as canções do oitavo disco de estúdio da cantora. A matéria está presente no novo especial impresso da Rolling Stone Brasil sobre Lady Gaga, que chegará às bancas de jornal e também pode ser adquirida em pré-venda na loja da Editora Perfil.

1. “Disease”

A abertura de Mayhem chega como um soco. “Disease” é Gaga em exorcismo: um industrial-pop sombrio que flerta com Nine Inch Nails e o espírito cru de Born This Way. A produção é densa, quase angustiante, com batidas metálicas que reforçam um clima claustrofóbico e inquietante. A letra fala sobre obsessão e dependência emocional como um vírus que corrói de dentro para fora.

É impossível dissociá-la do videoclipe, no qual Gaga encara diferentes versões de si — uma metáfora visual e sonora para o caos interno que permeia toda a faixa. Ela faz um retrato brutal de suas múltiplas facetas, sugerindo que “caos” não é apenas estético, mas o ponto de partida de uma jornada de autodescoberta. Uma Gaga desafiadora, quase animalesca, pronta para reiniciar sua narrativa com ferocidade.

2. “Abracadabra”

Com “Abracadabra”, Gaga mergulha no dark cabaret com um synthpop que é puro espetáculo. A faixa soa como um feitiço pop: mistura o nonsense lírico de “Bad Romance”, a teatralidade exuberante de Artpop e o ritmo pulsante de “Born This Way” em uma só poção mágica. “Say my name and disappear” funciona tanto como encantamento quanto como ameaça — ela assume o papel de feiticeira e reescreve sua história com brilho, ironia e uma pitada de caos. É uma volta às raízes, mas com a consciência e o peso de quem já enfrentou muitas batalhas. “Abracadabra” não é apenas pop performático, é Gaga em pleno domínio de sua alquimia artística.

3. “Garden of Eden”

Este é um verdadeiro hino para quem sente saudades do toque clubber de “Money Honey”. “Garden of Eden” resgata a essência de Gaga sem soar repetitiva. A música tem produção eclética e mistura elementos que definiram sua carreira: sintetizadores e batidas pesadas da era The Fame Monster, o toque de Born This Way e o experimentalismo de Artpop. Mas ela vai além, com uma melodia inusitada que faz a faixa parecer um mix das várias “Gagas” que conhecemos.

4. “Perfect Celebrity”

Com “Perfect Celebrity”, Gaga oferece uma reflexão crua sobre a vida sob os holofotes. É quase uma continuação espiritual de “Paparazzi”, só que mais amarga e autoconsciente — como se a personagem tivesse sobrevivido ao estrelato, mas não sem cicatrizes.

O baixo pesado é o pano de fundo perfeito para as letras afiadas que criticam a obsessão pelo “perfeito”. É uma peça ácida, que se encaixa com a crítica do mundo moderno da mesma forma que “Poker Face” fez em sua época.

5. “Vanish Into You”

Essa faixa traz a vulnerabilidade de Gaga de forma mais etérea e introspectiva. Inspirada
por artistas como David Bowie, “Vanish Into You” é uma balada romântica, mas com um toque experimental. A letra carrega uma carga emocional significativa, falando sobre a entrega incondicional no amor.

6. “Killah” (Ft. Gesaffelstein)

Killah” é pura combustão — uma faixa que funde o funk sintético de Prince, o glamour alienígena de Bowie e a provocação caótica de Marilyn Manson. Gaga surge aqui em sua versão mais incendiária, soltando vocais ferozes sobre uma base elétrica que pulsa com a assinatura sombria de Gesaffelstein. Há ecos de “Applause” no pré-refrão, mas com uma maturidade e agressividade novas, como se cada palavra fosse uma facada sonora. O final da música com gritos, distorções, uma paulada na bateria e uma entrega quase animalesca transformam a faixa num clímax teatral.

7. “Zombieboy”

Zombieboy” é onde o luto encontra o glitter. Uma homenagem velada a Rick Genest, o icônico Zombie Boy que estrelou o clipe de “Born This Way”, a faixa se constrói como um synthpop melancólico, mas com energia pulsante. Gaga transforma o estranho em celebração, costurando sintetizadores oitentistas com batidas aceleradas que flertam com o início dos anos 2000 — como se “Hollaback Girl”, de Gwen Stefani, passasse por um filtro gótico e glam. A letra fala sobre aquele rolê que você sabe que vai terminar em ressaca, mas tudo bem, porque o importante é se jogar.

8. “LoveDrug”

Essa música é o elo perfeito entre as duas metades de Mayhem. Se a primeira parte do álbum é mais intensa e sombria, “LoveDrug” representa a transição para um lugar mais suave e, ao mesmo tempo, emocionalmente complexo. Ela faz uma conexão entre Artpop e Joanne, trazendo uma energia mais sedutora e introspectiva. Dependência emocional volta a ser tema, mas de maneira mais controlada e introspectiva.

9. “How Bad Do U Want Me”

Com “How Bad Do U Want Me”, Gaga entrega sua versão mais felina — uma sedução envolta
em mistério e desejo. A faixa é lenta, venenosa e propositalmente hipnótica, como se cada verso
fosse um convite para cair em sua armadilha. E como não lembrar aqui da sensualidade de
Sexxx Dreams”, do complexo Artpop?

10. “Don’t Call Tonight”

Don’t Call Tonight” traz um certo toque de familiaridade com “Alejandro”, tanto na estrutura de versos quanto no pré-refrão. No entanto, a música não consegue alcançar o mesmo impacto da faixa icônica de The Fame Monster. Ainda assim, destaca-se pela capacidade de criar tensão e atrair o ouvinte para a história de um amor não correspondido e a sensação de rejeição.

11. “Shadow of a Man”

Uma virada energética que resgata o brilho dançante dos anos 1980 com sintetizadores reluzentes,
guitarras afiadas e bateria marcada. Apesar do título melancólico, a faixa tem uma pulsação leve, quase solar, como se Gaga estivesse se libertando da sombra para dançar sob o neon. A estética visual aqui é retrofuturista, com brilho metálico e ombreiras afiadas.

12. “The Beast”

Com “The Beast”, Gaga se entrega à intensidade de uma sonoridade sombria e industrial, criando um ambiente tenso e cheio de energia bruta. A faixa fala sobre a luta contra os próprios demônios. Suas palavras refletem o conflito entre o desejo de controle e a entrega ao caos.

13. “Blade of Grass”

Esta balada suave é um respiro tranquilo no meio do turbilhão emocional de Mayhem. “Blade of Grass” é uma declaração de amor e vulnerabilidade, talvez um reflexo do seu atual relacionamento com o noivo, Michael Polansky. Ela canta sobre uma entrega gentil, uma reflexão de algo que considera precioso, e a canção é um alívio calmante, um momento de paz dentro do caos do álbum. Por vezes, a faixa ecoa ares de trilha de algum filme do 007 e faz a transição perfeita para “Die With a Smile”.

14. “Die With A Smile” (Ft. Bruno Mars)

Quando soubemos que “Die With a Smile” estaria em Mayhem, parecia que algo certo estava errado. Poderia ter 100 pessoas lendo este artigo e 99 não acreditariam que daria certo. Éramos parte desses 99. Especialmente após sentir a energia caótica, pesada e industrial de “Disease”. Aquele videoclipe num cenário retrô e country-western que não parecia combinar com uma era saída de um trisal incrível entre Trent Reznor, David Bowie e Prince ao som de “Smalltown Boy”, da Bronski Beat.

Com um dueto suave e romântico, no qual Gaga e Bruno Mars se destacam em uma performance vocal encantadora, a faixa é o final perfeito. A melodia memorável e a química entre os dois criam um contraste acolhedor após a intensidade do restante do álbum. Se o objetivo era oferecer uma conclusão reconfortante, a missão foi cumprida. A ironia e o brilho dão o tom final: “Die With a Smile” brinca com a ideia da morte como um clímax performático. A produção cria uma atmosfera de nostalgia e decadência.

É o final perfeito para Mayhem, misturando a leveza da conclusão com a irreverência e o espírito performático de Gaga. Aplausos.


*Matéria publicada originalmente na edição especial impressa da Rolling Stone Brasil sobre Lady Gaga. Veja mais informações abaixo.


Especial impresso da Rolling Stone Brasil sobre Lady Gaga

Para celebrar a vinda da Mother Monster para show gratuito na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no dia 3 de maio como parte do programa Todo Mundo no Rio, Rolling Stone Brasil produziu um especial impresso, que traz dossiê sobre a carreira de Lady Gaga, discografia comentada, manifesto sobre a nova era – de resiliência e caos – musical. Adquira na pré-venda neste link.

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Fonte: rollingstone.com.br

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