Nada pode parar o Judas Priest. A mais lendária e celebrada banda de heavy metal ainda em atividade ultrapassou os 55 anos de existência em um ritmo de atividades surpreendente: cerca de 90 apresentações foram realizadas somente no ano passado. Trata-se de um show a cada quatro dias — média assustadora quando se considera não apenas os longos deslocamentos, já que eles tocam no mundo todo, como também a idade avançada de alguns integrantes, pois há dois septuagenários na formação.
Até o mais novo deles, Richie Faulkner, ajuda a exemplificar a máxima que abre este texto. O guitarrista de 45 anos sofreu em 2021 um aneurisma da aorta em pleno show, mas não deixou de tocar os riffs e solos complexos: executou o set até o fim e só depois acabou conduzido ao hospital, onde enfrentou uma cirurgia de peito aberto com mais de 10 horas de duração. Recentemente, ele revelou também ter sofrido uma série de AVCs que deixaram um dano cerebral permanente. Mas nada é capaz de frear o Priest.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Faulkner se declara empolgado para retornar ao país dois anos e meio após a última visita. No fim de 2022, o quinteto hoje formado por ele, Rob Halford (voz), Ian Hill (baixo), Andy Sneap (guitarra ao vivo, substituindo Glenn Tipton) e Scott Travis (bateria) veio para tocar no primeiro Knotfest Brasil e realizar show solo, tudo em São Paulo. Desta vez, o itinerário é um pouco maior. Tocam no festival Arena of Rock, em Brasília, no dia 16 de abril; na edição de 30 anos do Monsters of Rock, em São Paulo, no dia 19 de abril; e em data à parte, na Vibra, também na capital paulista, em 20 de abril. Ingressos podem ser adquiridos na Bilheteria Digital (BSB) e Eventim (SP).
Nos dois festivais, em Brasília e em São Paulo, o Priest divide holofotes com o Scorpions, lendária banda alemã também notória pela longevidade: 60 anos de carreira. Europe também toca em ambas as cidades. Savatage, Opeth, Stratovarius e Queensrÿche estão no evento paulistano, com o último nome também abrindo para o grupo inglês na Vibra.
Sobre os colegas de palco, Richie comenta:
“Como fã, o Scorpions está no topo da minha lista. Ótimas músicas, músicos, vocais, história. Acho que não conheci nenhum dos caras pessoalmente, mas Rob e os caras têm um longo relacionamento. Amo o Europe e estou ansioso para vê-los; lembro quando The Final Countdown (álbum de 1986) saiu, eu devia ter uns 10 anos ou talvez até menos. Amo a forma como John Norum toca, é um dos meus guitarristas favoritos. Conheço alguns caras do Savatage e estou ansioso para ver o Opeth. Como fã, espero ter tempo para ver essas bandas — e essa é a coisa boa sobre tocar com esses lineups, você consegue ver bandas que ama e que nunca viu antes.”
Faulkner, aliás, é veterano de Monsters of Rock. Com o Judas Priest, o guitarrista se apresentou duas vezes na edição 2015 do evento, que teve Ozzy Osbourne, Kiss, Motörhead, Manowar, entre vários outros. Perguntado sobre lembranças desta ocasião, o guitarrista dá uma curiosa risada antes de responder:
“Lembro! Não sabíamos que seria assim, mas foi a última vez que tocamos com Lemmy [Kilmister, líder do Motörhead falecido em 2015]. Tocamos uma noite com o Kiss e uma noite com Ozzy. Depois de cada noite, havia uma festa no bar do hotel. Era uma loucura. Tenho ótimas lembranças. Glenn [Tipton, guitarrista afastado em 2018 devido ao avanço do Parkinson] estava conosco na época. Sempre nos divertimos no Brasil. Acho que houve uma festa na quinta, outra na sexta, mais uma no sábado e então todos se recuperaram no domingo. Quatro dias incríveis de música e caos. Não sei se ainda consigo fazer esse tipo de festa, mas vamos ver se desta vez será a mesma coisa.”

O possível setlist do Judas Priest
Festança dos monstros do rock à parte, vamos ao que interessa. O que os fãs podem esperar do setlist? Já se imagina que a banda não executará a celebração aos 35 anos de Painkiller (1990) prometida em outros locais, mas Faulkner foi além: ele disse que o repertório não deve ser tão alterado em relação ao que rodou o mundo em 2024, com a turnê do álbum Invincible Shield
Fonte: rollingstone.com.br