PUBLICIDADE

relembre polêmicas e trajetória do ativista


O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), aos 43 anos, foi anunciado por Lula na noite desta segunda-feira (20) para chefiar a Secretaria-Geral da Presidência da República. Ele é considerado, por muitos, um possível sucessor político do presidente e substitui Márcio Macêdo (PT) neste cargo.

Boulos entra no governo para melhorar a interlocução com os movimentos sociais, seu campo de atuação desde que era bastante jovem. A inclusão de Boulos no ministério pode ser uma estratégia de Lula para conter críticos dentro de sua própria base, incluindo alguns setores da esquerda que defendem um afastamento do governo.

O gabinete da Secretaria-Geral fica no Palácio do Planalto. A pasta é responsável pela interlocução do governo com movimentos sociais. O PSOL já tem representação na Esplanada dos Ministérios com Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas.

VEJA TAMBÉM:

  • Boulos faz meio de campo entre Lula e sindicalistas em plano para estatizar gigante brasileira das armas

  • Boulos pede que PF demita Eduardo Bolsonaro do cargo de escrivão

    Boulos pede que PF demita Eduardo Bolsonaro do cargo de escrivão

Formado em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (USP), Boulos tem uma trajetória marcada pela defesa de pautas da esquerda. Com um perfil combativo, integra o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) desde os 20 anos.

Ele acumula polêmicas à frente do movimento social, somando processos judiciais, abordagens policiais com desacatos e até detenções. Confrontando autoridades públicas e policiais militares, ganhou a pecha de “invasor de propriedade” por seus adversários.

Coordenador nacional do MTST por muitos anos, Guilherme Boulos tentou ser presidente em 2018, quando somou 600 mil votos, e disputou o cargo de prefeito da capital paulista nas eleições de 2020 e 2024, alcançando mais de 2 milhões de votos em cada uma delas.

Em 2022, Boulos conquistou a primeira vitória nas urnas e foi eleito deputado federal pelo estado de São Paulo, o segundo mais votado do país, atrás apenas de Nikolas Ferreira (PL-MG).

Filiado ao Psol desde 2018, o deputado reverbera opiniões diversas nas redes sociais, onde utiliza uma linguagem direcionada ao público jovem e acumula milhões de seguidores. Na Câmara, os principais projetos de Boulos foram a tentativa de aumentar impostos sobre grandes fortunas e patrimônios e a ampliação das políticas de moradia popular.

Filho de bem remunerados pais médicos e professores, Boulos se especializou em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e fez mestrado em Psiquiatria pela USP.

Ele deu aulas na Faculdade de Mauá e na Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas da USP. É casado há 15 anos com Natalia Szermeta, com quem tem duas filhas: Sofia e Laura.

Início da militância de esquerda

Cinco anos antes de integrar o MTST, quando tinha 15 anos, Boulos entrou no movimento União da Juventude Comunista (UJC). Ganhou notoriedade na imprensa no ano seguinte, ao liderar a ocupação de um terreno que pertencia à montadora de carros alemã Volkswagen, em São Bernardo do Campo, no reduto eleitoral de Lula.

Em 2013 e 2014, liderou movimentos contrários à realização da Copa do Mundo no Brasil. No mesmo ano, tornou-se colunista do jornal Folha de S. Paulo, onde permaneceu por três anos.

Mais recentemente, a atuação de Guilherme Boulos tem flertado com o empreendedorismo e se associado a uma pauta que dialoga com segurança e defesa. Boulos é autor do projeto que propõe a estatização da maior fabricante de armamento pesado do Brasil, a gigante em crise Avibras Indústria Aeroespacial.

Militância no MTST e ocupações

A participação de Boulos em ocupações de imóveis e terrenos vazios, por meio do MTST, é desde sempre um dos principais pontos de crítica por parte de seus adversários, que as consideram um desrespeito à propriedade privada.

Posicionamento de Boulos

Boulos e seus apoiadores sempre defenderam as ocupações de propriedades supostamente ociosas como um meio de luta por moradia. Os imóveis e terrenos que não cumpririam sua “função social” dariam ensejo às ocupações.

Em 2017, antes mesmo de concorrer em eleições, Boulos foi detido por desacato durante uma reintegração de posse em São Paulo.

Acusações e ataques durante campanhas

Em abril de 2024, Boulos foi condenado a pagar uma multa de R$ 53 mil por divulgar uma pesquisa eleitoral falsa durante a campanha daquele ano. A ação, movida pelo MDB, alegava que a pesquisa criava cenários inexistentes para induzir o eleitor ao erro.

Ilações de suposto uso de drogas

Durante a campanha de 2024, o político Pablo Marçal fez ilações sobre um suposto uso de drogas por Boulos, usando um processo antigo de um homônimo do candidato do PSOL. Boulos divulgou um exame toxicológico negativo e pediu a prisão de Marçal.

Conflito Israel-Palestina

Boulos foi criticado por sua posição sobre o conflito Israel-Palestina, o que foi usado por adversários para tentar associá-lo aos terroristas do Hamas. Em 2024, sua campanha se esforçou para mitigar a polêmica, com o próprio Boulos falando sobre o tema, mas sem se posicionar claramente a favor de Israel.

Outras críticas e controvérsias

Durante suas campanhas, Boulos sempre procura adotar uma postura moderada e suavizar sua imagem política, o que gera questionamentos de seus críticos sobre a autenticidade de sua nova postura. No entanto, sua rejeição política em alguns setores ainda é bastante alta.

O próprio Boulos já criticou o modo de fazer política da esquerda, afirmando em 2020 que “a esquerda caiu no lugar comum de ir na periferia a cada quatro anos pedir voto”.



Fonte: Revista Oeste

Leia mais

PUBLICIDADE