Considerado um dos maiores músicos do século XX e icônico integrante banda de rock estadunidense Beach Boys, Brian Wilson morreu aos 82 anos, segundo publicação feita nas redes sociais do artista. A causa da morte não foi revelada, mas ele foi diagnosticado com um distúrbio neuro cognitivo em 2024.
O cofundador dos Beach Boys tem um histórico de saúde bastante complexo, marcado principalmente por problemas de saúde mental e dependência química, que impactaram profundamente sua vida e carreira. Relembre o histórico de saúde do cantor:
Início dos problemas de saúde mental nos anos 1960
Brian Wilson começou a apresentar sinais de instabilidade emocional ainda nos anos 1960. Em 1964, após um colapso nervoso durante uma turnê da banda, decidiu se afastar das apresentações ao vivo e passou a se dedicar exclusivamente ao trabalho de estúdio (Brian Wilson: I Just Wasn’t Made for These Times, 1995).
Durante o período em que produziu os álbuns Pet Sounds (1966) e o ambicioso, mas inacabado, Smile, seu comportamento se tornou mais errático. Ele começou a usar substâncias psicoativas como LSD, o que agravou quadros latentes de saúde mental (como relata Peter Ames Carlin na biografia Catch a Wave, de 2006).
Embora na época não houvesse um diagnóstico oficial, mais tarde foram apontados sinais compatíveis com transtorno esquizoafetivo ou transtorno bipolar. Já nesse momento, Brian relatava ouvir vozes com frequência, algo que ele mesmo confirmou em entrevistas posteriores, como à revista Rolling Stone em 1988.
Reclusão e agravamento nos anos 1970
Ao longo da década de 1970, a saúde de Brian deteriorou-se ainda mais. Ele passou a viver recluso em sua casa, sofrendo com obesidade mórbida, dependência química e episódios de paranoia. Era comum que dormisse durante o dia e ficasse acordado à noite, além de demonstrar comportamentos autodestrutivos.
Esses relatos foram confirmados por familiares e membros da banda, como Carl e Dennis Wilson, em entrevistas à MOJO Magazine e também por Steven Gaines em Heroes and Villains: The True Story of the Beach Boys (1986). Várias tentativas de intervenção foram feitas por parentes e integrantes da banda, mas surtiram pouco efeito. O afastamento de suas atividades criativas foi quase total, e sua condição física e mental causava preocupação constante entre aqueles que o cercavam (Catch a Wave, Carlin, 2006).
Tratamento controverso com Eugene Landy
No início dos anos 1980, Brian começou um tratamento com o psicólogo Eugene Landy, que rapidamente se tornou uma figura central e extremamente polêmica em sua vida. Landy assumiu o controle quase total da rotina de Brian, impondo um regime rígido de medicação, alimentação e isolamento, o que inicialmente gerou alguma melhora visível.
No entanto, a relação entre os dois se tornou gradualmente tóxica. Landy passou a agir como empresário, colaborador musical e até coautor das músicas, assumindo crédito em diversas composições. Essa apropriação de sua vida profissional e pessoal motivou uma ação judicial, e em 1991, Landy foi legalmente proibido de manter qualquer contato com Brian (reportagem do New York Times, “Psychologist Is Barred From Seeing Brian Wilson”, 1991). O caso também é detalhado no documentário Brian Wilson: Long Promised Road (2021), que expõe os abusos cometidos durante esse período.
Recuperação gradual e retorno à música
A partir dos anos 1990, com apoio da família e de profissionais de confiança, Brian iniciou uma lenta recuperação. Ele retomou sua carreira solo e voltou a lançar álbuns, como Imagination (1998) e Brian Wilson Presents Smile (2004), onde finalmente concluiu o projeto interrompido nos anos 1960.
Durante essa fase, passou a falar abertamente sobre sua luta com doenças mentais, revelando que continuava a ouvir vozes, mas que agora conseguia lidar melhor com isso graças ao acompanhamento psiquiátrico e ao uso de medicação antipsicótica (entrevista ao The Guardian, 2004).
Também compartilhou sua experiência em sua autobiografia mais recente, I Am Brian Wilson, coescrita com Ben Greenman e lançada em 2016. Em entrevistas à CBS Sunday Morning (2015), ele afirmou que a música seguia sendo sua principal forma de manter a sanidade e o equilíbrio emocional.
Recaídas e fragilidade nos anos recentes
Mesmo com o renascimento artístico e o apoio contínuo de sua esposa Melinda Ledbetter, que passou a cuidar de seus assuntos pessoais e empresariais, Brian enfrentou recaídas. Em junho de 2019, ele cancelou uma série de shows afirmando que se sentia “mentalmente instável” e precisava de tempo para se recuperar, o anúncio foi publicado em seu site oficial e confirmado pela revista Variety. Na nota, ele reconhecia que, mesmo com o tratamento contínuo, ainda enfrentava altos e baixos emocionais.
Tutela
Em fevereiro de 2024, poucas semanas após a morte da segunda esposa de Brian e sua empresária de longa data, Melinda, a família de Brian revelou que o cantor estava sofrendo de demência, e uma curatela foi solicitada para garantir seus cuidados contínuos.
“Essa decisão foi tomada para garantir que não haja mudanças drásticas na casa, e que Brian e as crianças que vivem com ele continuem sendo cuidados no lar onde estão”, disse o comunicado da família Wilson à época. “Brian poderá aproveitar sua família e amigos, continuar trabalhando em projetos atuais e participar das atividades que desejar.”
Morte
A causa da morte não foi revelada, mas Brian foi diagnosticado com um distúrbio neuro cognitivo em 2024. Nas redes sociais do artista, uma nota de falecimendo foi publicada: “Estamos de coração partido por anunciar que o nosso amado pai Brian Wilson faleceu“, diz a publicação. “Estamos sem palavras neste momento. Por favor, respeitem a nossa privacidade neste momento, pois a nossa família está de luto. Percebemos que estamos compartilhando nossa dor com o mundo. Amor e Misericórdia“.
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Fonte: rollingstone.com.br
