O encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, se reuniu com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) nesta semana para formalizar o interesse do governo de Donald Trump nos minerais estratégicos presentes no país.
Entre os recursos visados estão nióbio, cobre, lítio, urânio, além das chamadas terras raras, um conjunto de 17 elementos químicos disponíveis principalmente na China e no Brasil, que possui a segunda maior reserva do mundo, segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME).
A nova investida do governo dos Estados Unidos nesses minerais pode ajudar nas negociações do tarifaço, previsto para entrar em vigor no dia 1º de agosto. O vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin (PSB), disse que o governo avalia a situação, classificada por ele como “uma pauta muito longa que pode ser explorada”.
Desde o retorno à Casa Branca, em janeiro, o presidente Donald Trump tem usado seu interesse em mineiras estratégicos de outros países para negociar acordos comerciais e retirar o controle da China do mercado.
Relembre outras investidas de Trump no setor mineral global
Antes mesmo de ser empossado para o segundo mandato, em janeiro, o presidente Donald Trump começou a demonstrar interesse na Groenlândia, em declarações que diziam que o território era “essencial para a segurança dos Estados Unidos”. Apesar da investida não ter sido novidade na ocasião, visto que essa pauta esteve presente no primeiro mandato, a situação rapidamente escalou, irritando autoridades da Dinamarca.
Uma das razões que explicam o interesse pela Groenlândia é justamente sua variedade pouco explorada de metais preciosos como ouro e platina, além de metais básicos, como ferro, cobre, níquel, cobalto e urânio. O território também possui elementos de terras raras, incluindo neodímio, disprósio e praseodímio, que se tornaram essenciais para desenvolver tecnologia de equipamentos, como baterias, mas também há uma atenção maior pelo seu uso militar.
Em fevereiro, Trump sinalizou à Ucrânia que estava interessado em uma negociação que envolvesse a exploração de terras raras presentes no país do leste europeu. Em abril, depois de alguns impasses, um acordo foi assinado entre os países.
Em troca, os Estados Unidos estabeleceram o Fundo de Investimento para Reconstrução EUA-Ucrânia, cujo objetivo era acelerar a recuperação econômica da Ucrânia por meio de investimentos estruturados, com foco em setores considerados críticos, como energia, infraestrutura e mineração de minerais estratégicos, segundo informou o Departamento do Tesouro americano na ocasião.
O acordo deu aos Estados Unidos acesso a recursos naturais estratégicos para a indústria e segurança energética, como gás natural, petróleo, alumínio, cobre, grafite e minerais de terras raras, entre eles lítio e titânio.
Em março, Trump assinou uma ordem executiva para impulsionar a exploração nacional de minerais críticos e terras raras. O documento passou a permitir que o governo invoque poderes emergenciais para incentivar a exploração doméstica desses materiais e reduzir a dependência de outros países, como a China, líder no setor.
Em abril, com o início da guerra comercial entre Estados Unidos e China, o gigante asiático suspendeu a exportação de certos minerais e terras raras usados em setores estratégicos da indústria americana como o automotivo, o aeroespacial, o de semicondutores e o de defesa.
Em junho, Trump conversou com o ditador Xi Jinping por telefone sobre comércio e exploração de terras raras, na tentativa de retomar a importação de certos mineras para os Estados Unidos. Naquele mês, os países chegaram a um acordo comercial temporário, com declarações de Pequim sinalizando para a retirada das restrições sobre as terras raras.
Na semana passada, o presidente americano anunciou um acordo comercial com a Indonésia a partir de agosto, que incluirá o acesso a “minerais críticos valiosos” do país asiático, juntamente com compromissos para a compra de aeronaves e energia americanas.
Fonte: Revista Oeste