PUBLICIDADE

Relatório cita infiltração da Irmandade Muçulmana na França


Um relatório elaborado a pedido do governo da França alerta para o crescimento da influência da Irmandade Muçulmana em território francês, ressaltando que o grupo representa uma “ameaça à coesão nacional” ao infiltrar suas ideias em associações culturais, esportivas e religiosas. O documento, revelado nesta terça-feira (20) pelo jornal Le Figaro, será entregue ao Ministério do Interior nesta quarta-feira (21).

Segundo o relatório, a Irmandade Muçulmana tem conseguido impor sua agenda sobre parte da população muçulmana, pressionando para a adoção da sharia, a lei islâmica, considerada incompatível com os valores republicanos franceses.

“É uma forma de islamismo que busca se infiltrar em associações esportivas, culturais e de outros tipos e representa uma ameaça à coesão nacional. Eles estão tentando levar toda a sociedade francesa à ‘sharia’, que é incompatível com os princípios do país”, afirmou o ministro do Interior, Bruno Retailleau.

O líder do partido de direita Reagrupamento Nacional (RN), Jordan Bardella, defendeu medidas mais duras e chegou a pedir a proibição do grupo em solo francês, classificando-o como uma “ameaça existencial” à nação.

“Não podemos permitir que os inimigos de nossa civilização ajam com total impunidade”, publicou Bardella em seu perfil na rede social X.

O relatório também aponta que o grupo, com financiamento do Catar e da Arábia Saudita, ampliou sua atuação para além das mesquitas, estendendo-se a centros educacionais, clubes esportivos e entidades culturais. No total, a Irmandade Muçulmana controla 139 locais de culto e outros 55 considerados próximos à sua ideologia, o que corresponde atualmente a cerca de 7% dos espaços religiosos muçulmanos na França.

Apesar de representar uma minoria, o movimento é considerado altamente influente, pois busca moldar o discurso e o comportamento de outras correntes islâmicas mais moderadas. O documento relembra ainda que a presença do grupo na Europa remonta à década de 1950, quando a Irmandade Muçulmana, fundada por Hassan Banna em 1928 nos arredores do Cairo, iniciou seu processo de expansão.

O texto destaca que, ao longo dos anos, a organização adaptou sua estratégia, ocidentalizando a linguagem e os métodos para ampliar sua influência política e social na França.

A Irmandade Muçulmana é considerada organização terrorista ou extremista por diversos países do Oriente Médio, incluindo Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Síria, além de Rússia e Sudão, que baniram o grupo e reprimem suas atividades. O grupo defende a aplicação da lei islâmica (sharia) na vida pública e privada, combinando ativismo social, religioso e, em alguns momentos, político-partidário.



Fonte: Revista Oeste

Leia mais

PUBLICIDADE