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Reino Unido é superado pelo Japão em força militar naval


Desde a invasão da Rússia à Ucrânia, em fevereiro de 2022, vários países têm aumentado os gastos militares – preocupação que cresce devido à tensão em outros palcos geopolíticos (como a possibilidade de a China invadir Taiwan) e ao aviso do presidente americano, Donald Trump, de que cada país deve cuidar sozinho da própria defesa.

Nesse cenário, alguns têm feito a lição de casa melhor que outros, como apontou um recente relatório encomendado pelo Parlamento do Reino Unido e publicado na edição de março/abril da revista especializada Warship World.

O estudo mostra que a Marinha Real (RN, na sigla em inglês) britânica, outrora a mais poderosa força militar naval do mundo, foi superada pela Força de Autodefesa Marítima do Japão (JMSDF).

De acordo com o relatório, a JMSDF hoje possui 150 navios, um efetivo de 50,8 mil membros e 346 aeronaves. Já a RN tem atualmente 79 navios, 31,9 mil integrantes e 160 aeronaves.

“A última escolta da RN (fragata/contratorpedeiro) a ser entregue foi a Duncan, em 2013. Entre 2013 e 2024, a JMSDF recebeu 12 contratorpedeiros e fragatas. A RN possui 14 escoltas em serviço. A JMSDF possui 46”, destacou o relatório, assinado pelo especialista Christopher Cope.

O aumento do investimento na JMSDF integra os esforços do Japão de se tornar até o fim da década o terceiro país que mais gasta em defesa no mundo.

Um estudo do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo apontou que em 2024 os japoneses foram o décimo país em despesas militares, com US$ 55,3 bilhões, o que representou 1,4% do PIB do país – em 2021, havia sido 1%.

O Reino Unido foi o sexto país que mais gastou com defesa em 2024, com US$ 81,8 bilhões, o equivalente a 2,3% do PIB, mas o investimento tem sido insuficiente para reverter a defasagem no efetivo e na infraestrutura de defesa do país.

Em dezembro, o ministro de Veteranos do Ministério da Defesa do Reino Unido, Alistair Carns, disse numa conferência sobre reservas militares no Royal United Services Institute, em Londres, que as forças armadas do país seriam vencidas no período de “seis meses a um ano” caso os britânicos se envolvessem numa guerra de grande escala, como a travada entre Ucrânia e Rússia desde 2022.

Em novembro, em resposta a um pedido de informações do deputado Rupert Lowe, do partido de direita nacionalista Reforma Reino Unido, o Ministério da Defesa informou que o número de militares prontos para combate nas forças armadas do país caiu de 74.966 em 2020 para 70.290 em 2024.

Na RN, a meta de recrutamento para o ano fiscal 2023/24 foi de 4.040 novos membros, mas apenas 2,45 mil foram recrutados.

Em novembro, quando o governo do Reino Unido anunciou que retiraria de serviço mais cinco navios da RN, o site Navy Lookout publicou uma análise afirmando que “livrar-se de navios que são antigos demais para serem consertados ou que exigem tripulações que não existem é racional”, mas ressaltou que “infelizmente, políticos, funcionários públicos e a própria Marinha se acostumaram tanto à mentalidade de redução que ela se tornou uma prática normal”.

O Navy Lookout destacou que a RN tem removido continuamente infraestruturas “muito antes de substituições serem implementadas”, o que coloca o Reino Unido em “risco considerável”.

“Essa situação não é inevitável e é uma escolha feita por uma nação relativamente rica”, criticou o site. “O discurso do governo é que estamos em um perigoso ‘período pré-guerra’ e que ‘a defesa da nação está em primeiro lugar’, mas nem as ações dos conservadores nem as dos trabalhistas refletem isso.”

“Nos últimos três anos, o Serviço Naval perdeu nada menos que 15 navios ou submarinos, enquanto ganhou apenas três embarcações significativas”, alertou.

Em fevereiro, o governo trabalhista do Reino Unido informou que vai aumentar os gastos com defesa, mas as medidas anunciadas são tímidas.

A meta é chegar a despesas na área que correspondam a 2,5% do PIB até abril de 2027 (apenas 0,2 ponto percentual acima do patamar de 2024) e 3% até 2029. Trump cobra que os países da Otan invistam ao menos 5% do PIB em defesa.



Fonte: Revista Oeste

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