O Reino Unido e a Alemanha firmaram, nesta quinta-feira (17), um acordo histórico de defesa mútua, considerando o cenário de insegurança no continente causado pelos reiterados ataques russos à Ucrânia e pelas pressões do presidente americano, Donald Trump, para que os países aliados da Otan aumentem seus gastos militares.
O acordo, assinado pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e pelo chanceler alemão, Friedrich Merz, durante sua primeira visita a Londres desde que assumiu o cargo, abrange energia, cooperação econômica e migração, além de defesa.
O pacto é baseado em outro acordo, assinado em outubro do ano passado, no qual ambos os países concordaram em cooperar em defesa mútua, realizando exercícios militares conjuntos e desenvolvendo armas sofisticadas.
O tratado compromete os dois países em considerar uma ameaça contra um como uma ameaça contra o outro, declarando que “ajudarão um ao outro, inclusive por meios militares, em caso de um ataque armado contra o outro”. A linguagem remete à adotada pelo Reino Unido e pela França, que, na semana passada, se comprometeram a coordenar de maneira estreita seus arsenais nucleares em resposta a ameaças contra aliados na Europa.
“Este é um dia histórico para as relações entre a Alemanha e o Reino Unido”, afirmou Merz na cerimônia de assinatura do acordo, no museu Victoria and Albert. “Queremos aprofundar nossa cooperação no campo da defesa, na política externa, mas também na política econômica e doméstica.”
Quase uma década após o Reino Unido ter votado pela saída da União Europeia, o tratado é visto como um sinal da normalização das relações germano-britânicas.
Merz vem se tornando uma peça fundamental nos esforços da Europa para construir um papel mais independente na segurança do país e do continente desde o retorno de Trump à Casa Branca.
O republicano já afirmou em mais de uma ocasião que quer que os países europeus aumentem seus gastos militares. Na segunda-feira (14), Trump anunciou acordo para Otan pagar por armas dos EUA a serem enviadas à Ucrânia.
No anúncio, Trump fez questão de mencionar que seu país — reafirmando a retórica de que o contribuinte americano não bancará conflitos em outros países — não fará nenhum pagamento.
“Hoje chegamos a um acordo: enviaremos armas a eles e eles as pagarão. Nós, os EUA, não faremos nenhum pagamento. Não as compraremos, mas as fabricaremos e eles as pagarão”, afirmou Trump.
Por outro lado, o premiê britânico também tem buscado posicionar o Reino Unido como um ator central no apoio europeu à Ucrânia.
Em março deste ano, Starmer assinou um empréstimo de US$ 2,8 bilhões à Ucrânia para “compra de equipamentos de defesa de acordo com as necessidades” de Kiev.
De acordo com o Instituto Kiel para a Economia Mundial, o maior parceiro militar da Ucrânia são os Estados Unidos, seguidos pelo Reino Unido e pela Alemanha — que, embora não possua armas nucleares, concordou em aumentar seus gastos militares para 3,5% do produto interno bruto até 2029, no plano de rearmamento mais ambicioso do país desde o fim da Guerra Fria.
Fonte: Revista Oeste