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Processo de eleição no Vaticano será “demorado”, dizem cardeais


Não existe um prazo estabelecido de duração do conclave. Ele pode ser encerrado ainda nesta quarta, ou se alongar por dias e até meses. O processo só acaba quando há consenso de uma maioria de dois terços dos votos. Os últimos dez conclaves, no entanto, foram curtos e não duraram mais do que cinco dias.

Segundo cardeais brasileiros, a expectativa é de um conclave “demorado”. De acordo com eles, o próximo papa não será eleito nas primeiras votações, não por desunião dos cardeais, mas porque eles não se conhecem, já que a maioria foi indicada pelo próprio papa Francisco nos últimos anos de seu pontificado. Além disso, informações de bastidores do conclave indicam que a Igreja está dividida. Um dossiê foi entregue aos cardeais com 20 nomes “papáveis”, o que não foi visto com bons olhos por alguns, pois trata-se de uma tentativa de interferência na votação.

Durante seu papado, Francisco buscou ampliar e diversificar o número de cardeais, trazendo nomes de diferentes partes do mundo, em especial dos locais mais periféricos e até então sem representatividade no Vaticano. Abaixo, alguns dos cardeais considerados “papáveis”.

Mario Grech

Responsável por um dos principais projetos do papa Francisco, o cardeal Mario Grech, de 68 anos, é mais um candidato a substituir o argentino no comando da Igreja Católica. Nascido em 20 de fevereiro de 1957 em Gozo, uma das ilhas do arquipélago de Malta, Grech é secretário-geral do Sínodo dos Bispos desde 2020. Ele chefia o órgão que reúne posições das dioceses do mundo todo sobre questões fundamentais, como o lugar das mulheres na Igreja e o casamento de pessoas divorciadas, e repassa essas informações ao papa. Em março, internado para tratar a pneumonia, Francisco aprovou planos para estender o sínodo e sua implementação até 2028. Embora oficialmente praticada pelo papa, a aprovação do plano teria sido proposta por Grech e foi interpretada como o desejo de Francisco de garantir que o processo e suas reformas sobrevivessem.

Robert Prevost

O nome do cardeal Robert Prevost, nascido em Chicago (EUA) há 69 anos, ganhou força no conclave. Embora especialistas considerem pouco provável – por questões geopolíticas – a eleição de um norte-americano para o comando da Igreja Católica, Prevost é visto como o candidato mais viável entre os dez cardeais da mesma nacionalidade, que estão entre os 133 eleitores a compor o conclave. Seu perfil visto como equilibrado, com reputação por construir pontes entre conservadores e progressistas, pode vir a calhar em um momento em que a igreja se encontra dividida. Ao mesmo tempo, Prevost tem projeção global e ocupa um dos cargos mais influentes da Santa Sé: o de prefeito do Dicastério para os Bispos, que aconselha o papa sobre a nomeação de líderes da igreja, ao qual foi nomeado em 2023 pelo papa Francisco.

Essa visibilidade pode colocá-lo em vantagem em uma disputa na qual poucos eleitores se conhecem, devido ao grande número de novos cardeais, nomeados no último papado.

Fridolin Ambongo

A África é o continente onde a Igreja Católica mais cresce em todo o mundo, adicionando milhares de novos fiéis a cada ano. Assim, o cardeal Fridolin Ambongo Besungu, da República Democrática do Congo, é um dos nomes mais fortes, ao lado do cardeal Peter Turkson, de Gana, para se tornar o primeiro papa negro da história da Igreja. Besungu, de 65 anos, foi ordenado cardeal pelo papa Francisco e ocupa o cargo de arcebispo da capital de seu país, Kinshasa, desde 2018. Ele é considerado um cardeal conservador, por se opor à bênção para a união de pessoas do mesmo sexo. Embora os católicos sejam maioria na República Democrática do Congo, eles vêm enfrentando perseguições e mortes por parte do grupo Estado Islâmico. Neste contexto, Besungu é considerado como um “destemido advogado” da Igreja.

Em uma entrevista em 2020, entretanto, ele falou a favor da pluralidade religiosa ao dizer: “Deixem os protestantes serem protestantes; os muçulmanos serem muçulmanos. Nós vamos trabalhar com eles, mas cada um deve manter sua própria identidade”. Esse comentário poderia levar alguns cardeais a questionar se ele abraça a missão da Igreja Católica, que é de levar sua fé para todo o mundo.

Willem Eijk

Nascido em 1953 nos Países Baixos, o cardeal Willem Jacobus Eijk se formou em Medicina pela Universidade de Amsterdã (1978) antes de entrar no Seminário de Roermond. Doutorou-se em Ética Médica (1987) e em Filosofia Moral (1989). Sua formação médica e expertise em bioética poderiam ser relevantes em um mundo em que se debate cada vez mais os direitos do final da vida, a eutanásia e o transumanismo. Assim, Eijk é considerado um dos fortes candidatos no Conclave. O cardeal Ejik foi ordenado padre em 1985 e, ao longo dos anos, combinou seu ministério pastoral com o ensino de teologia moral, destacando-se como um intelectual rigoroso e conservador. O holandês seria, inclusive, muito próximo da Opus Dei, uma organização religiosa extremamente conservadora.

Joseph Tobin

A escolha de um norte-americano para substituir o papa Francisco, morto em 21 de abril, era considerada improvável, porque a Igreja Católica nunca foi dirigida por alguém nascido nos Estados Unidos. Mas, o cardeal Joseph William Tobin, de 73 anos, tem um perfil progressista muito semelhante ao do argentino e pode surpreender, considerando que a grande maioria dos cardeais votantes foi nomeada por Francisco e pode procurar alguém do mesmo estilo. Nomeado cardeal em 2016, Tobin é arcebispo de Newark, cidade mais populosa do Estado de Nova Jersey, com cerca de 350 mil habitantes. Ele já trabalhou como mecânico de automóveis e tem uma história de vida bastante peculiar: em meio à carreira religiosa, foi viciado em bebidas alcoólicas, recuperou-se e não bebe há mais de 30 anos.



Fonte: Jornal Da Orla

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