O prefeito da cidade maranhense de Pedro do Rosário, Domingos Erinaldo Serra (PcdoB-MA), culpou o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump ao Brasil por não conseguir pagar salários e bonificações de professores acertados em um acordo desde 2023. A denúncia foi apresentada pelo sindicato dos trabalhadores que afirmou que a decisão do líder norte-americano não tem “absolutamente nada” a ver com a cidade, que sequer exporta ou importa produtos dos Estados Unidos segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
O acordo firmado entre a prefeitura e o Sindicato dos Trabalhadores da Administração e do Serviço Público Municipal de Pedro do Rosário no Estado do Maranhão (Sintaspmpr) previa o pagamento em julho de uma remuneração retroativa de promoções, progressões e quinquênio dos professores. Serra alegou que a taxação de Trump vai impactar a arrecadação federal e os repasses ao município.
“A municipalidade por prudência entender por adiar o pagamento do retroativo dos servidores até que melhore o cenário internacional evitando o descumprimento do calendário do pagamento dos salários dos servidores públicos”, disse em uma carta ao sindicato. A cidade fica a 176 quilômetros de distância da capital, São Luís.
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A entidade de classe dos servidores se disse “surpresa” pela afirmação do prefeito, classificando-a como “falta de responsabilidade” e para “mascarar a má gestão e a irresponsabilidade fiscal que se arrasta na gestão do município”.
“A desculpa, além de absurda, é um insulto à inteligência e ao esforço dos servidores que, dia após dia, garantem o funcionamento da cidade. O que a decisão do governo dos Estados Unidos tem a ver com a folha de pagamento de uma prefeitura no interior do Maranhão? A resposta é simples: absolutamente nada”, disparou também em uma carta à prefeitura.
Ainda na nota ao sindicato, Domingos Erinaldo Serra afirma que a determinação de Trump “prejudicará extremamente a importação de produtos brasileiros ao EUA, por consequência, a arrecadação de tributos pela União Federal e o repasse para Estados e Municípios”.
O tarifaço dos Estados Unidos aos produtos importados do Brasil entrou em vigor na semana passada com uma lista de quase 700 produtos isentos da sobretaxa. De lá para cá, o governo vem tentando abrir canais de negociação, e os únicos avanços foram do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que é também ministro do MDIC, e de Mauro Vieira, chanceler das Relações Exteriores, com seus homólogos norte-americanos.
Já as tratativas entre o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, estão emperradas. Uma reunião remota que seria realizada nesta quarta (13) foi cancelada com a alegação de que houve um problema de agenda.
Haddad, no entanto, culpou a articulação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do jornalista Paulo Figueiredo pelo cancelamento, dizendo que estão agindo contra os interesses do Brasil. Eles negaram a suposta articulação com Bessent.
Fonte: Revista Oeste