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Por que uma reunião com Trump é o grande temor de Lula?


No programa Última Análise desta terça-feira (23), o tema central foram os discursos de Donald Trump e Lula, durante a 80ª Assembleia Geral da ONU. Se, por um lado, Trump acenou que poderia até conversar com o petista, por outro, o conteúdo dos discursos revelou profundas divergências entre os presidentes. Espera-se que a reunião entre os antagônicos líderes seja realizada nesta próxima semana.

O ex-procurador Deltan Dallagnol afirma que a estratégia de Trump foi um duro golpe sobre o presidente brasileiro. “Lula, semana passada, deu entrevista dizendo que Trump não o estava atendendo e que os EUA não queriam o diálogo. E agora Trump o chama para conversar semana que vem. A melhor expressão é que agora a ‘batata-quente’ está nas mãos de Lula”, explica Dallagnol.

Na sua fala, o petista atacou a política americana que elevou em 50% as tarifas de produtos brasileiros exportados para os EUA e criticou as sanções impostas a servidores do Executivo e a ministros do STF. “Não há justificativas para medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia”, disse Lula.

O jurista André Marsiglia afirma que se trata apenas de mero discurso e que o petista, no fundo, sequer deseja negociar. Para ele, “O executivo hoje é totalmente dependente do STF, então não tem muito o que Lula negociar. Além disso, a questão das tarifas é uma plataforma eleitoreira dele para o ano que vem”.

Já Trump ressaltou que as tarifas serviram para revidar barreiras “desleais e corruptas” que o seu país vinha enfrentando nos últimos anos. Neste ponto, citou o Brasil, completando que as tarifas impostas também são uma reposta a interferências nos direitos de cidadãos americanos.

“É importante que a gente diga que, quando os americanos aumentaram a taxa para produtos brasileiros, estamos falando de um ato de soberania americana. E Trump não errou quando disse que o Brasil estava tratando mal os Estados Unidos. Em diversos casos, produtos americanos recebiam uma taxa superior a produtos análogos importados por nós”, explicou a cientista política Júlia Lucy.

Medo de ser um “novo Zelensky”

Em entrevista à CNN dos Estados Unidos, o ministro das Relações Exteriores, chanceler Mauro Vieira, confirmou que Lula conversou com Trump sobre um encontro entre os dois países. Segundo Vieira, isso pode ocorrer nos próximos dias. Porém, ressaltou que provavelmente seja através de um telefonema ou videoconferência, “porque o presidente Lula tem uma agenda muito cheia”.

Lucy lamentou a posição petista e acusou de “vexatória” a desculpa do governo. “Eu tenho certeza de que isso não surpreendeu a ninguém. O fato de Lula, ainda que chefe de Estado, não ter procurado Trump para negociar as tarifas é a maior prova de que ele está com medo”, diz ela.

Além disso, Dallagnol ressalta que o medo de Lula é que a reunião se assemelhe àquela com presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e até mesmo com a do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. “Eles sofreram em reuniões públicas assim. Diante de toda a imprensa, Trump disse verdades doídas. Foram duas ‘tortas de climão’ ali no Salão Oval”, relembra ele.

O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a sexta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.



Fonte: Revista Oeste

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