O hiato anunciado pelo Angra ainda em 2024 começou no último fim de semana, logo após o show derradeiro da turnê de 20 anos do disco Temple of Shadows (2004), realizado em São Paulo. O motivo da paralisação da banda por tempo indeterminado foi explicado pelo guitarrista Rafael Bittencourt e pelo baixista Felipe Andreoli.
Em entrevista a Igor Miranda para a Rolling Stone Brasil, os dois negaram que o hiato seja motivado por qualquer insatisfação dos integrantes com a banda. A justificativa gira em torno apenas do desgaste e do cansaço com turnês e compromissos.
A pausa, segundo Rafael Bittencourt, é para que o desgaste que vem do excesso de trabalho não cause problemas maiores. O guitarrista disse que o momento será para a banda se “reorganizar internamente”.
Ele explica:
“Estamos vindo de uma corrida muito forte, emendando um álbum no outro. Uma turnê na outra. Às vezes, duas turnês acontecendo ao mesmo tempo, como foi o caso da turnê do acústico, o lançamento do álbum, depois a turnê do Temple of Shadows. Então, todos estavam desgastados. A ponto de eu farejar que aquilo poderia gerar problema. De acabar minando, com o excesso de trabalho. Acabar minando, e pessoas quererem sair da banda.”
Bittencourt contou ter percebido que o desgaste existia por causa do excesso de trabalho. Ele ainda disse que não se importa com o que as pessoas vão pensar.
“Senti um ar que não era só meu, um certo descontentamento com o desgaste. Não com o Angra em si. Acho que é um bom momento. Uma pausa para se reorganizar internamente e se fortalecer. As pessoas vão pensar o que quiserem.”
Integrantes do Angra concordaram com pausa
Felipe Andreoli contou que a decisão da pausa foi de Rafael, mas que todos os outros quatro integrantes viram aspectos bons nela.
“Não é uma pausa triste, de uma banda que está em crise e precisa parar porque não está rolando. Acho que o que nos dá a possibilidade de fazer essa pausa é o bom momento em que a gente se encontra. Tomamos essa decisão. Não fomos forçados a parar. Partiu do Rafa, mas todos enxergam como um benefício.”
O baixista foi além e disse que uma pausa teria caído bem para bandas que tiveram problemas. Felipe vê um lado salutar do hiato do Angra.
“Tantas bandas teriam se beneficiado de uma pausa assim e evitando tantos problemas. Gente que saiu. Às vezes, as pessoas precisam de um tempo. Tempo para fazer outras coisas. Projetos em outras esferas. Projetos pessoas, tempo para a família. O que você tiver vontade de fazer.”

Rotina exigente
Felipe ainda contou que a rotina com o Angra sempre foi de muita demanda, sem a possibilidade de se ter espaço para que outros projetos sejam tocados pelos músicos.
“O Angra demanda da gente e não deixa essas outras coisas acontecerem. É muito difícil conciliar o Angra, full power, com outros projetos. Então, essa pausa é uma pausa boa. Uma pausa positiva. Tenho certeza que a volta vai ser muito boa. Vai melhorar o que já está bom. Fazer ajustes e fazer ser mais legal.”
Confira a entrevista completa:
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Fonte: rollingstone.com.br