Rick Rubin, um dos produtores mais famosos da indústria musical, também decidiu oferecer seus 10 centavos sobre um dos assuntos em voga na atualidade: o uso da inteligência artificial na arte. E sua opinião é positiva.
Vários artistas condenam a presença da IA nesse segmento. Rubin, contudo, saiu em defesa da tecnologia e apresentou seu argumento durante participação no programa The Ben & Marc Show.
O produtor, conhecido por ter trabalhado com Slayer, Red Hot Chili Peppers, Beastie Boyse Black Sabbath, dentre outros, fez um paralelo entre IA e punk. Ele disse (via Neo Niche / TMDQA):
“É a mesma ideia da democratização de uma tecnologia. No passado, para fazer música, você tinha que ir ao conservatório e estudar por anos e anos, e aí algum dia você poderia tocar em uma sinfonia. E aí quando o punk rock surgiu, você podia talvez aprender três acordes em um dia. E aí surgiram todas essas bandas, e isso fez com que todo mundo pudesse participar. E foi assim que eu comecei na música, foi no punk.”
Rubin acrescenta:
“Se você tinha algo a dizer, você podia dizê-lo. Você não precisava de uma expertise ou de um conjunto de habilidades, além da sua ideia e da sua habilidade de transmiti-la. E ‘vibe coding’ é a mesma coisa, é o punk rock da programação.”
Vibe coding é um dos recursos usados em softwares de IA. Nele, o usuário se torna uma espécie de diretor de arte e a IA funciona como programador, acelerando processos.
Segundo Rubin, o acesso à inteligência artificial poderá facilitar a rotina de pessoas ligadas à música. Como resultado, permitiria que mais artistas lancem seus materiais sem ter uma gravadora por trás.
Björn Ulvaeus (Abba) usa IA em musical
Outro entusiasta do uso de inteligência artificial na arte é Björn Ulvaeus. O cantor, compositor e produtor sueco, mais conhecido pelo trabalho com o Abba, disse estar usando recursos de inteligência artifical para criar um musical.
A informação foi compartilhada durante um painel na edição londrina do South by Southwest (via Variety). Pela primeira vez, o festival de cultura, tecnologia e inovação criado em Austin, no Texas (EUA), acontece na Europa.
Durante sua fala, Ulvaeus rasgou elogios à IA e exaltou as possibilidades que tem encontrado. O músico de 80 anos afirmou:
“No momento, estou escrevendo um musical, auxiliado por IA. É fantástico. É uma ferramenta excelente. É como ter outro compositor na sala com um enorme quadro de referências. É realmente uma extensão da sua mente. Você tem acesso a coisas nas quais não pensava antes.”
Ao comentar sobre sua experiência, o artista sueco ressaltou que nem todo resultado obtido com IA na música é perfeito. Entretanto, a ferramenta permite explorar novos caminhos e oferecer ideias até então não pensadas durante o processo de criação.
Ele comentou:
“Você pode começar com uma letra que escreveu sobre algo e talvez fique preso nela, mas queira que essa música tenha um determinado estilo. Você pode perguntar à IA: como você a expandiria? Para onde você iria a partir daqui? Geralmente, o resultado é ruim, mas às vezes há algo nele que lhe dá outra ideia.”
Outros artistas se opõem à inteligência artificial
Na contramão das posturas de Rick Rubin e Björn Ulvaeus, recentemente um grupo de mais de 400 artistas britânicos assinou uma carta pedindo que o primeiro-ministro Keir Starmer atualize as leis de direitos autorais diante das tecnologias de inteligência artificial no Reino Unido.
Segundo o apelo coletivo de nomes como Elton John, Dua Lipa, Coldplay, Florence Welch e outros, a IA representa uma ameaça aos artistas. Na visão deles, tal recurso precariza a indústria da música, do cinema e a remuneração para diversas categorias ligadas à arte.
Paul McCartney, que anteriormente já havia pressionado autoridades britânicas por proteções às leis de direitos autorais, também assinou a carta, juntamente com Kate Bush, Robbie Williams e centenas de outros músicos, atores, dramaturgos, diretores e artistas.
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Fonte: rollingstone.com.br