O livro de memórias de Dave Grohl, O Contador de Histórias (2021), foi um sucesso comercial. Todavia, não necessariamente fácil de ser escrito pelo autor.
Segundo o músico, líder do Foo Fighters, um epísódio em específico até lhe causou “medo” na hora de escrever.
Trata-se da morde de Kurt Cobain, ex-colega de Dave Grohl no Nirvana. Segundo ele, abordar esse tema foi especialmente difícil por conta da carga emocional envolvida.
Em entrevista concedida a um programa de televisão na época do lançamento (e destacada pela Louder), Grohl contou o que lhe afligiu sobre a complexidade do tema. Ele disse:
“Uma coisa é escrever sobre levar pontos aos 12 anos ou sobre levar os filhos ao baile de pais e filhas. Outra coisa é escrever a respeito de algo sobre o qual você mal conversou com pessoas próximas. Quer dizer, acabei revelando algumas coisas durante a escrita da história que nunca contei aos meus amigos mais próximos. Eu estava com medo de escrever.”
Dave Grohl disse que uma de suas preocupações era não iludir os leitores de que seu livro traria soluções definitivas para perguntas sem respostas, as quais ele também admite ter.
Diante disso, o músico preferiu abordar mais o aspecto emocional e o luto pela morte de Kurt Cobain do que o suicídio em si.
“Antes de tudo, eu sabia o que as pessoas queriam que eu escrevesse. Acho que as pessoas têm muitas perguntas sem resposta, assim como eu. Então, decidi escrever em um sentido emocional muito mais amplo, o processo de perda ou luto, e como isso é determinado e como difere de pessoa para pessoa. Sim, foi difícil escrever.”
O sentimento de Dave Grohl
À BBC (via Far Out), Dave Grohl contou com se sentiu após a morte de Kurt Cobain. Ele afirmou:
“Eu realmente não tinha um plano. Quando tudo vira de cabeça para baixo e fica abalado daquele jeito, você acorda todos os dias pensando: ‘Quem sou eu, onde estou, o que estou fazendo?’… Lembro-me do dia seguinte à morte do Kurt, como foi estranho acordar sabendo que ele não estava mais entre nós e que eu tinha mais um dia. Tipo, ‘Ok, então o que vou fazer hoje?’ Acho que foi então que comecei a perceber: ‘Ah, ok, você tem que fazer tudo do começo’.”
A morte de Kurt Cobain
Kurt Cobain foi encontrado morto em sua casa em Seattle em 8 de abril de 1994. Investigações forenses indicaram que o óbito ocorreu cerca de três dias antes, em 5 de abril.
Nos meses anteriores, o vocalista e guitarrista do Nirvana vinha lidando com problemas de saúde física — dor estomacal crônica — e com episódios de depressão, alcoolismo e uso de drogas. Além disso, sofrera uma overdose em março de 1994 em Roma, incidente que a esposa Courtney Love posteriormente classificou como uma tentativa de tirar a própria vida.
Em abril, após deixar um centro de reabilitação em Los Angeles, Cobain teve comportamento errático nas semanas seguintes, incluindo um retorno a Seattle. Relatos oficiais e a cronologia das ocorrências foram registrados pelas autoridades responsáveis pela investigação.
Um funeral foi realizado em 10 de abril de 1994 no Seattle Center, onde a gravação da leitura da carta de Kurt Cobain por Courtney Love foi veiculada; nos dias posteriores, fãs e colegas reuniram-se para prestar homenagens. O corpo de Cobain foi cremado; parte de suas cinzas foi entregue por Love a um mosteiro budista em Ithaca e outra parcela foi posteriormente dispersa em McLane Creek, em Olympia, conforme arranjos familiares.
** No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV), associação civil sem fins lucrativos, oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, gratuitamente, 24 horas por dia. Qualquer pessoa que queira e precise conversar, pode entrar em contato com o CVV, de forma sigilosa, pelo telefone 188, além de e-mail, chat e Skype, disponíveis no site www.cvv.org.br.
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Fonte: rollingstone.com.br