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PLACAR debateu a violência no futebol e propôs soluções


O futebol sul-americano foi abalado nesta semana com as cenas de selvageria em Avellaneda, entre torcedores de Independiente e Universidade de Chile, pela Sul-Americana. Os casos de violência nos estádios também marcaram diversos jogos no Brasil. Em abril de 1996, PLACAR dedicou uma edição especial ao tema.

Com a chamada principal “Paz”, a revista ouviu de personalidades como o técnico Zagallo, o atacante Renato Gaúcho, o cantor Nando Reis e o escritor Luís Fernando Veríssimo, entre outros, 10 soluções para acabar com a selvageria nos estádios.

Naquela época, o Brasil ainda chorava a morte de um torcedor tricolor no ataque a paus e pedras entre torcedores de Palmeiras e São Paulo, no Pacaembu, na Supercopa São Paulo de Futebol Júnior do ano anterior, em 20 de agosto de 1995. A tragédia completou 30 anos nesta semana.

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“Existe solução”, cravou PLACAR, ao apresentar as sugestões dos entrevistados. Nesta campanha, a revista levou os ídolos nacionais Pelé, Zico e Sócrates aos estádios com suas mães, sinalizando que a presença feminina poderia inibir os brigões.

Pelé,. Zico e Sócrates com suas mães nos estádios - PLACAR

Pelé,. Zico e Sócrates com suas mães nos estádios – PLACAR

A impunidade já indignava. “Tem de deixar o torcedor violento no mínimo um ano preso. Hoje o cara paga 10 reais de fiança e cai fora, é uma grande sacanagem”, afirmou Renato Gaúcho há 29 anos.

“A paz só voltará aos estádios quando os clubes assumirem a responsabilidade”, complementou Veríssimo. A mais precisa das reflexões veio do jornalista e escritor Sérgio Cabral. “A violência está aí na sociedade e isso tem repercussão nos estádios. Precisa melhorar o país, a polícia, tudo.”

O blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras recupera um tesouro de nossos arquivos, reproduz esta reportagem na íntegra, abaixo:

Edição de 1996 trouxe sugestões pela Paz nos EstádiosEdição de 1996 trouxe sugestões pela Paz nos Estádios

Edição de 1996 trouxe sugestões pela Paz nos Estádios

EXISTE SOLUÇÃO

Dez personalidades entram na luta e apresentam suas idéias para acabar com a violência no futebol

“Tem que deixar o torcedor violento no mínimo um ano preso. Hoje o cara paga 10 reais de fiança e cai fora. Não acontece nada. Isso é uma grande sacanagem. Fico puto quando vejo briga no meio da galera. Por que o babacão não ficou em casa?”
RENATO
atacante do Fluminense

“A paz só voltará aos estádios quando os clubes assumirem a responsabilidade pela violência. Se eles não agirem, nada vai mudar. A culpa também é das equipes. Muitos clubes precisam parar de financiar essas torcidas uniformizadas.”
LUIS FERNANDO VERISSIMO, escritor

“Essas medidas drásticas que foram adotadas pela polícia afastaram o público. Mas isso acontece só num primeiro momento. Quando as pessoas perceberem que a violência parou, a coisa muda. E o público volta.”
ZAGALO, técnico da Seleção

“Existem três soluções. Primeiro, só teremos paz de novo quando acabarem com as torcidas uniformizadas. Em segundo lugar, a polícia tem que ser mais bem preparada. Não adianta os policiais enfrentarem os caras sem treinamento especial. Minha última sugestão é fazer como na Colômbia. Lá, não existe separação de torcida. Sozinho ninguém faz nada.”
NETO, jogador do Araçatuba

“Você só resolve o problema se desmoralizar a torcida uniformizada. A mídia também tem culpa. Quantas vezes não vi esses marginais serem exibidos como heróis na televisão? Tem que ser o contrário. Eles precisam ser exibidos como panacas. Se as uniformizadas voltarem, o estádio inteiro deveria gritar: ‘Panacas. Panacas. Panacas’. A solução mais eficaz é a punição social.”
JOELMIR BETING, comentarista econômico

“Brigar é a única forma de afirmação desses jovens. A sociedade precisa encontrar um jeito de oferecer alguma perspectiva para eles. Pense no moleque: ele não tem emprego, não tem o que comer, não tem nada. Acabar com a violência significa mudar a sociedade.”
PLÍNIO MARCOS, dramaturgo

“As torcidas uniformizadas não são as únicas culpadas. Os dirigentes montam. campeonatos estapafúrdios e ninguém fala nada. Campeonatos melhores ajudariam a diminuir a violência. É óbvio e simples: se o jogo é bom e vale alguma coisa, o moleque para de brigar.
NANDO REIS, baixista dos Titãs

“Cada jovem que for ao jogo deveria levar a mãe, tios, gente mais velha. Se o cara percebe que tem velhos e crianças no pedaço, ele fica inibido para brigar.”
AMOROSO, meia do Guarani

“A violência está aí na sociedade e isso tem repercussão nos estádios. Precisa melhorar o país, a polícia, tudo.”
SÉRGIO CABRAL, escritor e jornalista

“Uma solução é forçar a união entre as torcidas A televisão deveria chamar integrantes de todas as torcidas e mostrar para o Brasil inteiro que se eles não pararem com essa palhaçada quem perde é o futebol.”
RIVALDO, meia da Palmeiras

 





Fonte: Agência Brasil

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