Paulo Ricardo evita cravar a morte do rock. No entanto, o músico, que atualmente celebra seus 40 anos de carreira em uma turnê especial, aponta que o gênero musical não sobreviveu à virada do século.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, o artista refletiu sobre a ausência de representantes do estilo nas paradas, tanto do Brasil quanto do mundo. Inicialmente, ele declarou:
“Não queria plagiar Lenny Kravitz e dizer ‘rock n’ roll is dead’, mas o rock não sobreviveu à virada do século — no mundo todo. Há cada vez menos rock nas paradas globais. No Brasil, a última geração foi a dos anos 2000: NX Zero, Fresno, Tihuana.”
Um grupo de destaque recente na visão de Paulo é o Måneskin, definido por ele como “o último respiro de rock mesmo no mundo”. Por outro lado, ele reflete: “Mas são italianos, muito cover, ainda não têm representatividade, nem estão num movimento. É algo isolado”.
Dois gêneros saltam à frente do rock em termos de alcance no momento atual, em sua opinião. Ele diz:
“O pop, sim, sempre será uma força global. O nosso pop vai muito bem e você pode incluir o que quiser: Jão, Ludmilla, Iza, Liniker. O hip hop brasileiro atingiu maturidade, somente há pouco tempo conseguimos uma linguagem nacional. Acho muito bem-vindo, pois muito de sua força está na letra.”
Precisa de rock novo? Paulo Ricardo acredita que não
De acordo com Paulo Ricardo, o rock contribuiu de modo inquestionável para “atitude”, “filosofia” e “moda”. Todavia, o músico acredita que não seja necessário ter canções novas de um modo geral neste momento.
“Já o rock fica como atitude, filosofia. É imbatível na moda. Porém, a fila anda. Ele se mantém no streaming, em que tudo é possível — não precisa ir a um sebo achar um disco. Todas as coisas antigas estão ali. Acho que não precisa de mais rock, pois já tem muito rock bom e as grandes bandas continuam na ativa. […] O rock é como forno à lenha: é mais gostoso, é imbatível. Nada se compara. Mas não consigo projetar um futuro. Tem novas coisas legais, mas dentro das matrizes que já existem — e chega a um limite dos anos 2000.”
Por fim, Paulo deixou uma curiosa reflexão sobre o custo para se ter uma banda nos dias de hoje — o que explica a redução no número de grupos e o aumento de atrações em carreira solo.
“Estava lendo uma entrevista do Adam Levine (Maroon 5) sobre a queda no número de bandas; Uma das explicações é muito simples: uma banda é cara. Uma boa guitarra como Fender ou Gibson custa uns US$ 2 mil a US$ 5 mil. Aí tem amplificadores, pedais… se falar em teclado e bateria, então… Cada um tendo seus instrumentos, tem custo de alugar estúdio para ensaiar, van para shows, roadie. É tudo muito caro. Enquanto isso, um garoto criativo pega um laptop, faz tudo e vende milhões.”
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Fonte: rollingstone.com.br