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Os 20 melhores filmes de Robert Redford, segundo Rolling Stone


Um jovem ator em ascensão nos anos 1960, um símbolo sexual nos anos 1970, astro de cinema (e diretor vencedor do Oscar) nos anos 1980, um “estadista” veterano nos anos 1990 e uma éminence grise no século XXI — a carreira de Robert Redford no cinema se estendeu por seis décadas e nos presenteou com performances memoráveis demais para contar. O que, naturalmente, não nos impediu de selecionar 20 papéis que acreditamos destacar o imenso talento do lendário ator. De candidatos à presidência a ladrões profissionais, de jornalistas icônicos a grandes advogados, de cowboys elétricos a encantadores de cavalos, aqui estão as escolhas da Rolling Stone para os melhores trabalhos de Redford.

A Caçada Humana (1966)

Redford já tinha alguns filmes no currículo — sem falar em várias pequenas participações em séries de TV, algumas apresentações no teatro e um Globo de Ouro por um pequeno papel como um ator alcoólatra e bissexual em À Procura do Destino (1965) — quando entrou para o melodrama sulista de Arthur Penn. Ainda assim, pode-se dizer que foi a primeira vez que o público teve um vislumbre real do que o futuro astro de destaque era capaz de fazer. Contracenando com Marlon Brando, Jane Fonda e outro futuro ícone do cinema, Robert Duvall, Redford interpreta Bubber Reeves (!), um condenado fugitivo que tenta voltar para casa para ver a esposa. Seu retorno esperado leva os moradores da cidade a uma fúria coletiva, e não, as coisas não terminam bem para o bom e velho Bubber. Redford passa grande parte do filme literalmente em fuga. Mas sua capacidade de prender a atenção nas cenas mais silenciosas é evidente, assim como sua química com Fonda. E, embora Redford costumasse lamentar seus primeiros trabalhos, ele se mantém à altura de Brando nas poucas cenas que dividem. Somado à sua atuação no igualmente intenso Esta Mulher É Proibida, lançado alguns meses depois, este foi o início de sua ascensão ao estrelato. —David Fear

Descalços no Parque (1967)

Redford já havia interpretado o recém-casado Paul Bratter na produção original da Broadway de 1965 do sucesso de Neil Simon, ao lado de Elizabeth Ashley; a peça lhe deu seu primeiro verdadeiro gosto de sucesso. Por isso, foi natural que fosse escalado para a adaptação para o cinema, com sua colega de A Caçada Humana, Jane Fonda, no papel da esposa espirituosa. O casal jovem enfrenta altos e baixos, com o certinho Paul aprendendo a relaxar e a seguir o estilo de vida espontâneo da esposa (como indica o título). E o público do cinema pôde ver exatamente por que Redford havia sido apontado como destaque da peça. A química — e, francamente, a intensidade — entre os dois ajuda a vender a dinâmica entre o conservador e a excêntrica, e Redford exibe um senso descontraído de timing cômico que aproveitaria muito bem mais adiante. Sua era de símbolo sexual começava ali. —D.F.

Butch Cassidy (1969)

Reza a lenda que o roteiro de William Goldman foi comprado pela 20th Century Fox sob a condição de que Paul Newman interpretasse Butch Cassidy — o astro de O Indomado, Desafio à Corrupção e Rebeldia Indomável já era um nome que garantia público. Mas ninguém sabia quem escalar para o papel de Sundance. Jack Lemmon recusou. Steve McQueen também. Foi a esposa de Newman, Joanne Woodward, quem sugeriu Redford, que ela tinha visto na Broadway. E assim nasceu uma das grandes amizades do cinema. Ao ver Newman e Redford lado a lado como membros da gangue Hole in the Wall fugindo juntos, parece inconcebível que qualquer outra dupla pudesse ter feito esses papéis. Com todo respeito a Katherine Ross, o filme é uma história de amor entre esses dois fora da lei, graças ao modo como Redford complementa a rebeldia ríspida de Newman com seu próprio espírito independente. Eles foram um par perfeito, destinados a pular daquele penhasco e enfrentar sozinhos todo o exército boliviano. Os dois permaneceram amigos para a vida toda e, embora Redford tenha contracenado com várias gerações de atores ao longo da carreira, ele nunca teve um parceiro de cena melhor. —D.F.

Os Amantes do Perigo (1969)

Após se tornar um cowboy superastro como o Sundance Kid, Redford buscou papéis esportivos fora do comum, como um esquiador obsessivo em Os Amantes do Perigo e um piloto de motocross em As Máquinas Quentes. Em Os Amantes do Perigo, ele encara as pistas de esqui em uma batalha contra o técnico da equipe olímpica dos EUA, vivido por Gene Hackman. Foi um projeto pessoal para Redford, um fanático pelo esporte que já havia construído seu próprio resort em Sundance. “Para mim, pessoalmente, o esqui significa tudo”, disse Redford na época. O filme, que também marcou sua estreia como produtor, foi rodado na Suíça. “A política envolve esse esporte, como em qualquer negócio”, afirmou. “As pessoas são cruéis umas com as outras. E o esporte também é cruel, embora normalmente se pense apenas em sua beleza.” —Rob Sheffield

O Candidato (1972)

O Candidato é a vitrine definitiva para Redford como a figura ao estilo JFK dos anos 1970: jovem, idealista, charmoso e cheio de sonhos nobres. Na sátira política de Michael Ritchie, Redford interpreta Bill McKay, um liberal ingênuo e bem-nascido recrutado para sua primeira campanha política, enfrentando um poderoso senador republicano da Califórnia. Redford aprende o jogo, com Peter Boyle como o operador cínico ao seu lado, apenas para ser corrompido pelo processo político. Lançado durante a eleição presidencial de 1972, O Candidato acabou se tornando um retrato perfeito do país na era de Watergate. O filme se apoia na combinação única de Redford: carisma natural de garoto de ouro, integridade moral sincera e um sutil talento para a comédia. —R.S.

Os 4 Picaretas (1972)

Em The Brady Bunch, Alice certa vez disse que queria ser cremada e ter suas cinzas jogadas sobre Robert Redford. Os 4 Picaretas é o motivo. Aqui, ele está em seu auge como um astuto ladrão de joias, a imagem do charme despreocupado em sua forma mais loira. Os 4 Picaretas é um divertido filme de assalto ambientado em Nova York, dirigido por Peter Yates a partir de um romance policial de Donald Westlake, rodado em locações no início dos anos 1970, logo antes da era do “Ford to City: Drop Dead”. Redford tenta roubar uma joia inestimável do Brooklyn Museum, em uma equipe que inclui George Segal, Zero Mostel, Moses Gunn e outras lendas dos anos 1970. O Sleater-Kinney reivindicou o filme para a geração riot grrrl com a capa do clássico punk The Hot Rock, de 1999. —R.S.

Mais Forte que a Vingança (1972)

Este épico de montanhismo foi originalmente concebido para Clint Eastwood; quando ele desistiu, a Warner recorreu a Redford, que trouxe o diretor de Esta Mulher É Proibida, Sydney Pollack, para comandar o projeto. É o Redford no auge “granola”: um faroeste para intelectuais que combinava o amor do astro pela natureza com seu apelo de galã robusto. (Aqui nasce o sex symbol barbudo dos anos 1970 — Jason Momoa e Bon Iver deveriam pagar royalties eternos.) Um veterano de guerra desiludido com os conflitos da sociedade, Jeremiah se refugia nas Montanhas Rochosas com a intenção de viver como caçador. No caminho, encontra amigos e inimigos, enquanto aprende a sobreviver da terra. Mesmo que seu legado fosse apenas mostrar Redford como um homem do mato capaz de uma atuação sublime — pense nisso como um ensaio para sua aventura marítima quase sem falas em Até o Fim — Jeremiah Johnson ainda seria um exemplo de por que ele foi um astro perfeito para sua era socialmente consciente. O fato de o filme também ter dado origem a um dos maiores memes do mundo só o torna mais querido. —D.F.

Golpe de Mestre (1973)

Filmes de golpe são um tipo de jogo de trapaça, um esforço para manter o público envolvido em cada reviravolta pelo preço de um ingresso. E não havia melhor trapaceiro em sua época do que Johnny Hooker, de Robert Redford. Reunindo-se com o coastro Paul Newman e o diretor George Roy Hill, de Butch Cassidy, Redford trouxe a confiança para um filme que moldaria seu legado tanto quanto qualquer outro em sua carreira. Àquela altura, seu magnetismo em cena já era conhecido, permitindo que ele usasse esse poder de estrela como uma arma. É o cabelo loiro desgrenhado saindo debaixo do boné, o sorriso ofuscante, o charme malandro e a risada contagiante. Quem poderia dizer não? Em vez de esconder sua beleza, Hill dirige Redford para enfatizar o que o público já adorava nele: um carisma deslumbrante amplificado pela química com Newman. Uma peça de puro entretenimento desavergonhado, Golpe de Mestre não apenas ganhou o Oscar de Melhor Filme, como também rendeu a Redford sua única indicação ao Oscar de atuação. Que golpe. —Brian Tallerico

Nosso Amor de Ontem (1973)

“Memories, light the corners of our minds.” Nosso Amor de Ontem traz o par icônico dos anos 1970: Robert Redford e Barbra Streisand, no drama superpopular de dois amantes fadados. Eles se conhecem na faculdade, nos anos 1930 — ela é uma intelectual judia marxista e ativista, ele é um escritor loiro e aristocrático. O romance turbulento atravessa a Segunda Guerra, o macartismo e a lista negra de Hollywood. A química de opostos entre Streisand e Redford é fora de série — a nova-iorquina insistente contra o galã da Califórnia — consolidando-os como os grandes protagonistas românticos de sua geração. Toda mãe nos EUA assistiu ao filme quatro vezes. (Como Pauline Kael escreveu: “É bom ver Redford com uma mulher de novo, depois de toda aquela paquera com Paul Newman.”) O filme virou um dos maiores sucessos de bilheteria de 1973, com a música-tema de Barbra evocando as “misty watercolor memories of the way we were”. —R.S.

O Grande Gatsby (1974)

Não foi a primeira adaptação de O Grande Gatsby — e pode ou não ser a melhor, dependendo do seu nível de tolerância a Baz Luhrmann. Mas foi um sucesso dos anos 1970, transformando o clássico de 1925 de F. Scott Fitzgerald em uma fantasia hollywoodiana exagerada da Era do Jazz, dirigida por Jack Clayton com roteiro de Francis Ford Coppola. O Jay Gatsby de Redford é o bon vivant atormentado de West Egg, com seu estilo dos loucos anos 1920 — ninguém jamais disse “old sport” com menos ironia que Redford. Ele guarda um amor eterno por Daisy (Mia Farrow), com Bruce Dern como o marido canalha dela, Tom. Mas também captura a disciplina rígida por trás do social climber obcecado; Redford convence você de que ele é o romântico elegante que Gatsby sempre sonhou ser. —R.S.

Três Dias do Condor (1975)

Poucos filmes capturaram tão bem a paranóia difusa da metade dos anos 1970 quanto o thriller de Sydney Pollack, em que o analista da CIA de Redford (codinome: Condor) sai para o almoço e volta ao escritório, no Upper East Side de Nova York, para encontrar os colegas assassinados. Descobre-se que é um trabalho interno, e o funcionário da agência de inteligência precisa fugir antes que os assassinos o encontrem para “eliminar pontas soltas”. Redford corre por toda Manhattan, despista seus traidores e ainda conquista Faye Dunaway em apenas algumas tardes. Ele é um herói de ação para mentes pensantes, e nem a atmosfera sombria pós-Watergate consegue tirá-lo do eixo. —D.F.

Todos os Homens do Presidente (1976)

Bob Woodward provavelmente admitiria que foi bastante generoso escalar o homem mais bonito do mundo para interpretá-lo no cinema. No papel, Redford não parecia a escolha ideal, servindo mais como “açúcar para ajudar o remédio a descer”: se você vai pedir ao público que passe duas horas com dois jornalistas amassados e workaholics atrás de pistas, ajuda se um deles se parecer com o Sundance Kid. Mas foi o próprio Redford quem liderou a adaptação minuciosamente factual de Alan J. Pakula, comprando os direitos do livro de Woodward e Bernstein sobre como eles revelaram o escândalo de Watergate. Esse interesse genuíno no material permeia sua atuação sem vaidade, que evita qualquer exibicionismo de astro em favor de um profissionalismo simples e concentrado. Não era preciso bajulação para que outros escritores se reconhecessem em sua versão do veterano do Washington Post, já que Redford se entrega totalmente ao lado nada glamouroso do jornalismo investigativo, com o telefone equilibrado no ombro e uma pilha de documentos sob o nariz. Ele realmente desaparece no trabalho — nada pequeno para uma lenda de Hollywood do seu calibre. —A.A. Dowd

O Cavaleiro Elétrico (1979)

Redford entregou uma de suas atuações mais charmosas como Sonny Steele, um astro de rodeio decadente e beberrão que rouba um cavalo milionário de um conglomerado abusivo, cavalga pela Las Vegas Strip e pretende libertá-lo. Dirigido por Sydney Pollack, é uma aventura de policiais e cowboys de primeira, mas Redford transformou o filme em uma homenagem genuína e comovente ao Oeste americano, tanto em sua geografia quanto em sua cultura. Quando Hallie Martin, a repórter da cidade vivida por Jane Fonda, o alcança no deserto, ela acaba se rendendo ao conhecimento que o vaqueiro tem da terra. “Este país é onde eu vivo”, diz Steele, sem rodeios. Naturalmente, eles se apaixonam, mas Steele, eterno andarilho, não fica por muito tempo. Assim como o cavalo, ele precisa ser livre. —Joseph Hudak

The Natural (1984)

É verdade que Hollywood mudou o final do sombrio romance de Bernard Malamud, no qual o herói trágico Roy Hobbs não vencia o grande jogo nem saía para o pôr do sol. Mas a adaptação de Barry Levinson em The Natural entendeu que seria irresistivelmente mítico mostrar Robert Redford indo ao bastão, com o lado do corpo sangrando, e rebatendo o home run decisivo que garante o título para o New York Knights, embalado pela trilha emocionante de Randy Newman enquanto ele corre as bases em câmera lenta. É um momento glorioso no filme indicado ao Oscar, que mostra o astro loiro entrando confortavelmente na meia-idade em cena, com seu Hobbs — um atleta veterano cheio de arrependimentos, mas determinado a consertar as coisas dentro e fora do campo. Se em seus ousados filmes dos anos 1970, como Três Dias do Condor e Todos os Homens do Presidente, Redford usou seu estrelato para criar dramas provocativos que refletiam o lado sombrio do clima político americano, aqui ele oferecia uma fantasia agridoce de redenção e esperança restaurada. Raramente foi tão comovente — ou tão bonito. —Tim Grierson

Entre Dois Amores (1985)

Uma década depois de Sydney Pollack formar um par inesquecível com Redford e Streisand, o diretor fez o mesmo com Redford e Meryl Streep. Entre Dois Amores é baseado no romance autobiográfico de Isak Dinesen, sobre aristocratas europeus na época da Primeira Guerra na África. Streep interpreta uma fazendeira dinamarquesa que encontra o amor em Redford, um caçador britânico de caça grossa, com uma breve participação da já mega-famosa Iman. Mesmo na época, o pano de fundo colonialista era difícil de engolir, mas Out of Africa venceu o Oscar de Melhor Filme e rendeu a Pollack a estatueta de Melhor Diretor. —R.S.

Perigosamente Juntos (1986)

Existe algo mais anos 1980 do que isso? Perigosamente Juntos é uma comédia romântica sobre advogados sexy de Manhattan… espere, não vá embora!… com uma canção-tema sensual de Rod Stewart, a provocante “Love Touch”! Redford interpreta um promotor-assistente que se envolve no caso de uma artista performática (Daryl Hannah) acusada de roubar uma pintura de um milionário corrupto. Ele faz dupla com uma advogada vivida por Debra Winger e, antes que você perceba, há mistério, assassinato, Terence Stamp como um negociante de arte cafajeste e, porque o filme foi feito nos anos 1980, Brian Dennehy. Mas é o carisma de Redford que mantém tudo unido. Foi o trabalho seguinte do diretor Ivan Reitman depois de Os Caça-Fantasmas — como ele disse ao L.A. Times, “Foi mais fácil conseguir o Redford do que o Bill Murray.” —R.S.

Proposta Indecente (1993)

Às vezes, uma ideia de filme absurda pode funcionar se você escalar o ator certo. O diretor de Atração Fatal, Adrian Lyne, fez exatamente isso quando escolheu Redford para viver John Gage, um bilionário misterioso que oferece a David Murphy (Woody Harrelson), em má fase, um milhão de dólares para passar uma noite com sua esposa Diana (Demi Moore). Um sucesso de bilheteria que gerou muita controvérsia — o filme era sexista? Secretamente feminista? — Proposta Indecente poderia ter parecido um resquício datado dos retratos que Hollywood fez da América de Reagan, com seu olhar elegante e ambíguo sobre amor, dinheiro e moralidade. Mas Redford deu à trama potencialmente vulgar uma melancolia grave, como uma figura à la Gatsby que lamenta a vida cheia de riquezas, mas pobre de conexões humanas significativas. Quando Gage recorda com saudade uma jovem que viu de relance há muito tempo e que o encantou para sempre, Redford eleva o discurso — claro paralelo a uma cena de Cidadão Kane — e revela um homem despedaçado que nenhum dinheiro pode consertar. —T.G.

O Encantador de Cavalos (1998)

Para uma certa geração millennial, O Encantador de Cavalos pode ter sido o primeiro contato com Redford diretor. Embora muitos cinéfilos esnobes da época tenham descartado o filme como excessivamente polido, sentimental e caça-Oscar, outros (cof cof) viram uma obra belamente filmada e sensível às complexidades do luto e do trauma (quando essas palavras ainda não eram tão usadas). Sim, tudo é bastante elegante, tradicional e luxuoso, mas O Encantador de Cavalos também é delicadamente perspicaz sobre as interações humanas — entre mãe e filha, marido e mulher, a garota urbana rígida e o cowboy-filósofo do interior. É um romance contido e comovente, além de um retrato reflexivo de uma criança em processo de cura após um trauma que poderia definir sua vida. O Encantador de Cavalos é um filme bonito e generoso, tão reverente à experiência emocional quanto às montanhas que Redford tanto ama. —Richard Lawson

Até o Fim (2013)

Já nos anos 2010, Redford havia praticamente parado de atuar em produções que não fossem suas. Mas ele voltou às telas no ambicioso filme seguinte do roteirista e diretor J.C. Chandor (Margin Call), que acompanha um homem sem nome no meio do Oceano Índico cujo pequeno veleiro acaba de colidir com um contêiner, sofrendo danos graves. Interpretando o único personagem do filme e falando apenas algumas dezenas de palavras durante toda a história, Redford entregou sua atuação mais puramente física, mostrando uma alma solitária lutando para se manter à tona enquanto o público tenta descobrir quem ele é. Já com mais de 70 anos, Redford continuava uma presença marcante, sua juventude atlética ainda evidente enquanto a batalha do personagem contra a natureza se transforma em metáfora da luta humana contra a mortalidade. O suspense primitivo de Até o Fim foi intensificado pelo astro querido no centro da trama, que nunca parou de correr riscos a caminho de um dos maiores papéis de sua fase final. —T.G.

The Old Man and the Gun (2018)

Nenhum clipe póstumo poderia resumir melhor o status icônico de Robert Redford do que seu último grande papel. Embora tecnicamente não seja seu filme de despedida (seus créditos finais incluem dublagens e uma participação no universo Marvel), a elegíaca história de fora-da-lei de David Lowery serviu como uma perfeita vitrine final para seu charme cintilante. Seu personagem, um assaltante tranquilo que continua roubando bancos educadamente já na velhice, é baseado em uma pessoa real. Mas poderia muito bem ser uma versão mais velha de qualquer fora-da-lei clássico de Redford, de Sundance a Johnny Hooker ou Jeremiah Johnson — uma ideia que Lowery reforça ao inserir trechos de filmes da juventude do ator. A magia agridoce do longa está em como ele transforma a gravidade serena de Redford (e sua química com a também lendária Sissy Spacek) no coração da história, dando-lhe a chance de se despedir em termos mitológicos próprios. É impossível não se deixar envolver por seu carisma, intacto apesar da idade ou de sua inevitável efemeridade. —A.A.D.

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Fonte: rollingstone.com.br

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