Com uma carreira que ultrapassa 60 anos de duração, os Rolling Stones já viveram de tudo. Das glórias de ser uma das bandas mais importantes de todos os tempos até os pesadelos enfrentados no percurso, como a morte trágica de Brian Jones, o vício em drogas e as brigas homéricas entre Mick Jagger e Keith Richards.
Segundo o produtor Chris Kimsey, no entanto, nada se compara ao período do álbum Undercover (1983). As gravações começaram em novembro de 1982 e só terminaram em agosto do ano seguinte.
Em entrevista ao jornal The Independent (via Far Out), Kimsey contou que nessa época Jagger e Richards se odiavam para valer. E que a dupla preciava até revezar seus horários no estúdio para não entrar em rota de colisão.
Kimsey explica:
“Aquela foi a pior época que já passei com eles. Gravamos boa parte em Nassau, nas Bahamas, e depois mixamos em Nova York, no Hit Factory. Eu colocava o Mick no estúdio do meio-dia às sete da noite, e o Keith das nove da noite às cinco da manhã.”
O produtor acrescenta detalhes do convívio com os gênios criativos dos Stones durante a confecção de Undercover:
“Eles não ficavam juntos. Eles, especificamente, evitavam um ao outro. O Mick perguntava: ‘Quando ele (Keith) vem? Chego mais tarde’. Depois de cerca de uma semana, isso estava me matando. E eram coisas tão bobas, tipo: ‘O que ele fez?’, e eu mostrava um pouco, e o outro dizia: ‘Sai dessa’.”
Não ajudou em nada o fato de Mick Jagger, poucos anos depois, ter se lançado em carreira solo com o álbum She’s the Boss (1985). Keith Richards odiou o fato de o vocalista não estar mais focado exclusivamente na banda.
Rolling Stones e mais tretas em Dirty Work
Quando os Stones se reuniram para gravar o sucessor de Undercover, as rachaduras internas ainda eram visíveis. Responsável pelo disco Dirty Work (1986), o produtor Steve Lillywhite contou ao Produce Like a Pro (via Ultimate Guitar) que simplesmente não existia qualquer senso de unidade no grupo:
“A banda estava meio que separada, porque Mick e Keith não estavam conversando, todo mundo sabia. Mick tinha acabado de lançar seu primeiro álbum solo, que era carinhosamente conhecido como ‘aquele álbum disco (music)’.”
Enfim paz
Esse cenário durou até por volta de 1988, quando Keith Richards também lançou mão de uma carreira solo. As arestas só começaram a ser aparadas no ano seguinte, durante o processo de composição e gravação de Steel Wheels, lançado em agosto de 1989.
Foi o disco que selou o renascimento da parceria criativa entre Jagger e Richards, que ao longo da década haviam levado a banda a enfrentar sua grande experiência de quase morte.
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Fonte: rollingstone.com.br