No dia 5 de julho, a formação original do Black Sabbath terá sua despedida em um show como parte do megafestival Back to the Beginning, em Birmingham, na Inglaterra. O vocalista do grupo, Ozzy Osbourne, também se apresentará pela última vez em carreira solo.
Praticamente ninguém nas redes tem feito qualquer reclamação sobre a iniciativa. Ainda assim, o vocalista tem um receio muito específico ligado à possível reação do público.
Em entrevista ao The Guardian, Osbourne demonstrou estar preocupado com os fãs, talvez, acharem que foram enganados ao comprar ingressos para o evento. Por mais que se tenha prometido um show solo do cantor e outro do Black Sabbath, a plateia irá conferir apenas pequenas apresentações — “amostras”, como o próprio definiu —, visto que problemas de saúde impossibilitam um set completo.
Ozzy, que foi diagnosticado com Parkinson e tem graves problemas na coluna, conta:
“Só vamos tocar algumas músicas cada. Não quero que as pessoas pensem: ‘Estamos sendo enganados’, porque vai ser só… qual é a palavra? Um ‘sample’. Vocês vão receber algumas músicas do Ozzy e do Sabbath.”
Sammy Hagar, ex-vocalista do Van Halen e um dos vários convidados do festival, chegou a adiantar em entrevista que Osbourne pretende cantar cinco músicas. Não se sabe se esta é a quantidade apenas de seu show solo ou das duas performances, incluindo a do Black Sabbath.
A preocupação com reações negativas do público é tamanha que o guitarrista Tony Iommi nem queria que o festival acontecesse. Também ao The Guardian, o único músico a participar de todas as formações do Black Sabbath relembrou que a banda já fez uma turnê de despedida, entre 2016 e 2017. À época, porém, a formação original estava desfalcada: a vaga do baterista Bill Ward havia sido ocupada pelo contratado Tommy Clufetos.
Iommi diz:
“Fui eu quem disse: ‘não sei se devemos fazer isso’, porque fizemos uma turnê de despedida e eu não queria entrar nessa coisa como todas as outras bandas estão fazendo, dizendo que é a última turnê e depois reaparecendo. Mas me convenci, porque estamos fazendo isso por um motivo. E ninguém está ganhando dinheiro algum.”
A razão citada por Tony é beneficente. Todo o lucro do evento será destinado a três instituições de caridade:
- Cure Parkinson’s, entidade inglesa que financia pesquisas com objetivo de curar, interromper ou reduzir a evolução do Parkinson;
- Birmingham Children’s Hospital, centro médico em Birmingham especializado em cuidar de crianças e adolescentes;
- Acorn Children’s Hospice, instituição que presta cuidados paliativos e apoio a crianças com sérios problemas de saúde e suas famílias em toda a região de West Midlands.
Show de despedida com megafestival
O vocalista Ozzy Osbourne, o guitarrista Tony Iommi, o baixista Geezer Butler e o baterista Bill Ward subirão ao palco juntos pela última vez em um festival beneficente, com uma série de artistas e bandas de metal. Veja abaixo a lista de atrações:
- Black Sabbath
- Ozzy Osbourne (solo)
- Metallica
- Guns N’ Roses
- Tool
- Slayer
- Pantera
- Gojira
- Alice in Chains
- Halestorm
- Lamb of God
- Anthrax
- Mastodon
- Rival Sons
Convidados adicionais:
- Billy Corgan (Smashing Pumpkins)
- David Draiman (Disturbed)
- Duff McKagan
- Fred Durst (Limp Bizkit)
- Lzzy Hale
- Jake E. Lee
- Jonathan Davis (Korn)
- K.K. Downing
- Mike Bordin (Faith No More)
- Papa V Perpetua (Ghost)
- Rudy Sarzo
- Sammy Hagar
- Slash
- Sleep Token II (Sleep Token)
- Tom Morello
- Wolfgang Van Halen

O adeus ao Black Sabbath
Todos os integrantes originais do Black Sabbath se manifestaram, nos últimos meses, de forma favorável à realização de um último show da banda. O vocalista Ozzy Osbourne, o guitarrista Tony Iommi, o baixista Geezer Butler e até o baterista Bill Ward, deixado de fora da última reunião, toparam uma despedida contando com Ward, visto que a turnê final entre 2016 e 2017 foi realizada com Tommy Clufetos em sua função.
Entre todos os envolvidos, Ozzy Osbourne é quem está mais debilitado. O vocalista sequer conseguiu cantar durante sua recente homenagem no Rock and Roll Hall of Fame, no último mês de outubro.
Diagnosticado com Parkinson, o cantor de 76 anos está com seus movimentos comprometidos após uma queda doméstica sofrida em 2019. O grave tombo promoveu uma piora em sua coluna, operada em 2003 devido a um acidente de quadriciclo. Sua turnê de despedida como artista solo, No More Tours II, precisou ser cancelada em definitivo.
Tony Iommi, 76, foi diagnosticado com um linfoma em 2012. O tratamento foi bem-sucedido e em 2016 ele revelou que o câncer está em remissão, mas ele está sob acompanhamento constante. Diz-se que a aposentadoria do Sabbath foi motivada em especial por sua saúde, visto que as viagens constantes afetam sua imunidade.
Bill Ward, também 76, lida com questões de saúde desde a década de 1990. Em 1998, ele deixou de participar de dois shows do Black Sabbath em função de um infarto. Uma das razões para ter sido desconsiderado da reunião anunciada em 2011 foi o fato de estar fora de forma, de acordo com Osbourne. O cantor disse, em comunicado publicado em 2015, que o colega esteve no hospital por diversas vezes em 2013 e havia passado por uma cirurgia no ombro. Já em 2017, foi internado novamente com problemas cardíacos.
O único a não lidar com problemas de saúde, ao menos publicamente, é Geezer Butler. Todavia, o baixista anunciou há algum tempo sua aposentadoria do mundo da música. Hoje com 75 anos, ele diz que não tem mais a disposição de outros tempos para um recomeço — o qual havia sido tentado com o supergrupo Deadland Ritual.
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Fonte: rollingstone.com.br