A primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, tem aumentado seu prestígio político no governo. De um papel informal e simbólico, ela evoluiu para ter uma estrutura oficial e uma agenda dentro do governo.
A crescente visibilidade e a formalização de uma equipe de apoio geraram reação imediata da oposição, que acusa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de criar um inédito “gabinete paralelo” para a primeira-dama.
Veja, a seguir, nove fatos que sinalizam o crescimento do poder de Janja:
1) Formalização e aumento da estrutura
Desde o início do mandato, Janja contava com uma equipe informal composta por cerca de oito funcionários no gabinete pessoal da Presidência, sendo sete da própria equipe presidencial. Essa atuação, marcada por participações em eventos oficiais e polêmicas sobre o uso de recursos públicos sem função definida, evoluiu para uma estrutura formalizada.
2) AGU reconhece “papel simbólico”, mas veta estruturas formais
Em abril de 2025, a Advocacia-Geral da União (AGU) publicou a Orientação Normativa nº 94/2025, que reconhecia o papel simbólico e representativo dela como mulher do presidente, mas vetava o uso de estruturas públicas formais.
3) Decreto presidencial aumenta poderes e estrutura
A situação mudou em 28 de agosto de 2025, quando Lula assinou o Decreto nº 12.604/2025. O texto alterou a estrutura administrativa da Presidência, incluindo o apoio oficial a Janja em “atividades de interesse público”. A medida permite que servidores públicos a assessorem, consolidando sua equipe dentro do Gabinete Pessoal.
4) Oposição reage ao decreto
A reação da oposição foi imediata. Entre 13 e 14 de outubro, deputados como Zucco (PL-RS), Rodrigo Valadares (União-SE), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) protocolaram Projetos de Decreto Legislativo (PDLs) para sustar o decreto. Eles argumentaram que a medida viola a Constituição e cria um “gabinete paralelo”, criticando o que veem como personalização perigosa da máquina pública. O deputado Luiz Phillipe de Orleans e Bragança, por sua vez, solicitou esclarecimentos à Casa Civil sobre os custos e as funções dos servidores que atendem a Janja.
5) Intensificação da Agenda Diplomática e Pautas Sociais
Em meio à tensão política, Janja intensificou suas atividades oficiais no exterior e no Brasil. Em setembro, o presidente Lula anunciou que pretende levar a primeira-dama a um futuro encontro com Donald Trump, reforçando sua importância em agendas diplomáticas, apesar de alguns constrangimentos anteriores em um encontro com líder mundial como Xi Jinping e comentários considerados inapropriados sobre uma figura importante como Elon Musk.
6) Representação do Brasil em Roma após viagem com Lula
Em outubro, Janja acompanhou Lula em viagem a Roma, onde participaram de audiência com o Papa Leão XIV e eventos da FAO. Após o retorno do presidente, ela permaneceu na Itália, representando-o no Fórum Mundial da Alimentação, discursando como promotora da Aliança Global Contra a Fome e embaixadora da alimentação escolar.
7) Janja representa o governo em Paris em seminário internacional
Seu papel diplomático foi ainda mais reforçado quando, entre 19 e 21 de outubro, ela foi escolhida pelo Ministério das Relações Exteriores para representar o Brasil em um seminário sobre transição energética em Paris, sendo descrita pela organizadora como “enviada especial para mulheres na COP 30”. De acordo com o governo, foi uma viagem “sem gastos públicos”.
8) Busca por redução da rejeição de Lula entre evangélicos
No cenário interno, Janja tem atuado ativamente para reduzir a alta rejeição a Lula em segmentos específicos. Em outubro, ela intensificou encontros com grupos religiosos, participando de reuniões com mulheres evangélicas em Salvador (14 de outubro) e promovendo diálogo inter-religioso, buscando atuar como ponte para o presidente em segmentos como o evangélico, onde a rejeição a Lula é alta (55% segundo o Datafolha).
9) Defesa da urgência na regulação das redes sociais
Além disso, em 12 de outubro, ela defendeu a “urgência” na regulação das redes sociais, comparando o tema à soberania nacional em resposta às denúncias do youtuber Felca sobre adultização infantil, posicionando-se como voz influente na política digital do governo.
Fonte: Revista Oeste