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‘Ne Zha 2’, fenômeno global, luta para descobrir qual público quer cativar


É importante contextualizar que, quando Ne Zha foi lançado em 2019, a animação chinesa se estabeleceu como um fenômeno global ao misturar espetáculo visual e ação épica. Seu desempenho espetacular nas bilheterias foi o grande motor: o filme arrecadou cerca de US$ 742,5 milhões globalmente, tornando-se um marco para a animação em língua não inglesa, com a maioria dessa receita vindo do mercado chinês. Além disso, a releitura moderna da Mitologia e a abordagem de temas como identidade e destino cativaram o público.

Agora, a continuação chega ao Brasil, cercada de expectativas porque, em pouco tempo, Ne Zha 2 se tornou um verdadeiro fenômeno. Quebrando recordes de bilheteria na China e no mundo, foi o primeiro filme em língua não inglesa a ultrapassar a marca de 1 bilhão de dólares, superou Star Wars: O Despertar da Força como maior arrecadação em um único mercado e já figura entre as animações mais lucrativas da história, deixando para trás sucessos da Disney e da Pixar. Um feito e tanto, que já faz da produção um marco cultural antes mesmo de encerrar sua trajetória nas salas.

O filme é baseado em um romance chinês do século XVI, A Investidura dos Deuses, que retrata um garoto herói com poderes mágicos que tentou defender Chentangguan, uma cidade-fortaleza.

Na história, as almas de Ne Zha (Lü Yanting /Joseph Cao) e Ao Bing (Han Mo) se salvam após a terrível catástrofe que enfrentaram. Sem seus corpos, que foram despedaçados, os dois precisam da ajuda de Taiyi (Zhang Jiaming) para reconstruir eles usando o precioso lótus de sete cores. Durante o processo começam a surgir diversos obstáculos que tornam o destino de ambos ainda mais difícil.

Dito isso, o filme não é isento de falhas. Sua maior fraqueza está no humor: um excesso de piadas bobas, que beiram o infantil e muitas vezes soam forçadas. Essa insistência em tentar arrancar risadas acaba atrapalhando o tom épico da narrativa, criando um contraste que nem sempre funciona. A narrativa se vê impossibilitada de manter um tom interessante e relacionável, transformando a trajetória de Ne Zha e Ao Bing em algo menor do que deveria ser.

Há também a promessa de expansão de universo, com indícios de que a saga ainda tem muito a oferecer em capítulos futuros. O tema proposto nos dois filmes é bom e relevante, mas se a franquia não amadurecer com seus fãs ficará difícil continuar se diferenciando do restante do mercado. 

Por outro lado, quando se trata de espetáculo visual, Ne Zha 2 continua mostrando por que chegou tão longe. A qualidade da animação impressiona, as coreografias de luta são envolventes e bem construídas e a grandiosidade estética reforça a sensação de que estamos diante de um épico moderno. Destaque para o último ato, que deixa o espectador sem fôlego com sua mistura inteligente de cores e simbolismos.

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Jornalista em formação pela Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, Giulia Cardoso começou em 2020 como voluntária em portais de cinema. Já foi estagiária na Perifacon e agora trabalha no núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo.



Fonte: rollingstone.com.br

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