Um novo alerta sobre o uso indiscriminado de inteligência artificial na música surgiu após a divulgação de que faixas geradas por IA foram publicadas em perfis de artistas já falecidos no Spotify — sem qualquer autorização das famílias ou selos responsáveis.
O caso mais notório envolve Blaze Foley, cantor country assassinado em 1989 e conhecido pela faixa “Clay Pigeons”. Recentemente, uma suposta nova música chamada “Together” foi adicionada ao perfil do artista na plataforma. Com som distante do estilo original e uma capa claramente artificial, a canção levantou suspeitas entre fãs e foi investigada pelo site 404 Media.
Craig McDonald, responsável pela gravadora Lost Art Records e pela gestão do legado de Foley, confirmou que a faixa foi publicada sem sua permissão: “Isso não é Blaze. Está muito longe de seu estilo. Parece algo feito por um bot de IA”, declarou. Segundo ele, o incidente prejudica a imagem do artista e revela uma falha grave na segurança da plataforma de streaming.
A música foi atribuída a uma empresa chamada Syntax Error, que também publicou faixas similares nos perfis de outros artistas, como Guy Clark, vencedor do Grammy de Melhor Álbum Folk em 2014 e falecido dois anos depois. Outras faixas da mesma empresa foram rastreadas por especialistas em detecção de deepfake, que apontaram alta probabilidade de geração por IA.
O Spotify afirmou que a música foi retirada por violar sua política de conteúdo enganoso, e identificou a distribuidora como SoundOn, empresa pertencente ao TikTok. Este não é um caso isolado: outras bandas fictícias como The Velvet Sundown já chamaram atenção por sua origem duvidosa e presença artificial nas redes.
A discussão cresce junto com a indignação de músicos reais. SZA, por exemplo, criticou o impacto ambiental da tecnologia: “Pesquisem o quanto de energia e poluição a IA consome”.
A situação evidencia uma lacuna nas políticas de moderação das plataformas de streaming e levanta questões urgentes sobre direitos autorais, ética digital e preservação da memória artística.
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Fonte: rollingstone.com.br