Morreu aos 75 anos o artista inglês Terry Reid. O cantor, compositor e guitarrista lutava contra um câncer em região do corpo não especificada.
Uma vaquinha chegou a ser lançada para custear suas despesas (via site Igor Miranda). Ele havia cancelado, em julho, uma turnê entre setembro e outubro devido à doença.
Embora tenha lançado sete álbuns de estúdio e conquistado fama no fim dos anos 1960, Reid ficou marcado especificamente por ter recusado convites para entrar em duas bandas que se tornariam lendárias. Para uma delas, o Led Zeppelin, chegou a indicar um vocalista: Robert Plant, que trouxe consigo o baterista John Bonham, também sugerido pelo artista. No caso da outra, Deep Purple, negou o chamado de ninguém menos que Ritchie Blackmore — a vaga ficou com Ian Gillan.
Porém, reduzir sua carreira a isso é um grande equívoco. O talentoso artista conhecido pelo apelido “Superlungs” (“Superpulmões”) tinha enorme potencial de carreira quando ambos os convites chegaram. Especialmente o do Zeppelin surgiu quando ele vivenciava o auge da popularidade, junto ao Peter Jay and the Jaywalkers, banda que abriu uma turnê dos Rolling Stones em 1966.
Em entrevista à Classic Rock (via Music Radar) no ano de 2023, Terry contou que era muito amigo do guitarrista Keith Richards e realizaria uma nova turnê com os Stones pelos Estados Unidos. O convite de Jimmy Page, guitarrista e produtor do Led, veio logo antes do início da excursão.
“Eu estava dividido. No final, passei a bola para o Jimmy. Eu disse: ‘é melhor você falar com o Keith e dizer a ele que não vou’. Mas Jimmy recuou e disse: ‘não vou deixar ele me dar um tiro na perna, p#rra’. Era a fama de Keith. Então acabei indo para os Estados Unidos com os Stones. Cheguei a tocar com eles em Altamont [trágico show em 1969 onde uma pessoa foi esfaqueada e três morreram afogadas].”
Veio, então, a sugestão de Robert Plant. Reid havia assistido ao cantor com sua Band of Joy. À Uncut, relembrou:
“Ele precisava de um cantor que conseguisse cantar com aqueles licks de guitarra, e nem todo mundo conseguia fazer isso. Eu tinha visto Robert com John Bonham, então disse a ele: ‘o Robert não é só perfeito, você precisa ter o baterista [John Bonham], ele é um animal’.”
Depois dos convites recusados, a carreira de Terry estacionou. O músico entrou em conflito com o produtor Mickie Most, que, através de contratos e questões judiciais, restringiu sua capacidade de lançar músicas inéditas. Quando enfim se livrou de tais amarras, não conseguiu mais emplacar uma carreira sólida, mas seguiu se apresentando até o fim da vida, além de ter trabalhado em estúdio com uma série de artistas e grupos.
Como curiosidade, Reid era fascinado por música brasileira e latina. Gilberto Gil e Caetano Veloso chegaram a ficar hospedados em seu apartamento, no fim dos anos 1960, durante seus exílios devido à ditadura militar.
A notícia sobre a morte de Terry Reid foi dada por Joe Bonamassa, ícone do blues contemporâneo que o cita como um “mentor”. Em trecho de publicação, ele afirmou:
“Adeus, meu amigo. Foi uma honra conhecê-lo como amigo e mentor musical. Sentirei falta dos nossos encontros e histórias em Palm Springs.”
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Fonte: rollingstone.com.br