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Molchat Doma retorna ao Brasil para provar novamente que melancolia é universal


Em 2023, quando o Molchat Doma fez sua estreia no Brasil, a casa de shows Audio, em São Paulo, transformou-se em uma área onde as barreiras de língua simplesmente deixaram de existir. Centenas de jovens aficionados lotaram a casa de shows e criaram uma atmosfera elétrica de pura ansiedade e expectativa. Ali, naquela noite, ficou claro que a batida mecânica e a voz melancólica cantada em russo foram capazes de se fazer sentir no peito de uma geração que talvez nunca entenda uma só palavra do que deve estar sendo dito, mas sente cada sílaba na alma.

O trio de Minsk, Bielorrússia, formado por Egor Shkutko (vocal), Roman Komogortsev (baixo, guitarra e sintetizadores) e Pavel Kozlov (bateria e sintetizadores), construiu sua carreira transformando a estética sombria do pós-punk e darkwave dos anos 1980 em um algo que toca e conversa diretamente com o hoje. Desde o estouro viral de “Судно (Sudno)”, que chegou ao milhão de streams logo após viralizar no TikTok em 2020, Molchat Doma se tornou um fenômeno: uma banda bielorrussa cantando em russo que conquistou plateias em festivais gigantescos pela Europa e Estados Unidos. Mas a passagem por São Paulo deixou claro que o grupo é muito mais do que um hit viral, é uma banda com uma discografia sólida e uma identidade sonora que hipnotiza plateias ao redor do mundo.

Agora, com seu novo álbum, Belaya Polosa (2024), e uma turnê intensa com mais de 30 shows nos Estados Unidos em 2025, o grupo se prepara para retornar ao Brasil, e, desta vez, a promessa é clara: mais experiência, novas músicas e a mesma honestidade brutal que fez uma casa inteira em São Paulo pulsar como um único som de sintetizador. A Rolling Stone Brasil conversou com o grupo, que faz show no dia 15 de novembro, no Tokio Marine Hall, em São Paulo.

Seu mais recente álbum, Belaya Polosa, vocês diriam que ele marca uma mudança no seu som ou perspectiva emocional em comparação com seu trabalho anterior?
Sim, sentimos que é uma mudança no som. Não é uma transformação dramática, mas uma progressão lógica. Belaya Polosa tem mais espaço, mais detalhes. As emoções continuam lá, (melancolia, ansiedade, nostalgia) mas agora são expressas de forma diferente, talvez com mais maturidade ou tensão interna. Reflete nosso estado ao longo dos últimos anos.

Sua música é frequentemente descrita como fria, melancólica, mas estranhamente dançante. Como vocês equilibram essa balança entre profundidade emocional e energia rítmica?
Não tentamos conscientemente criar um equilíbrio, isso simplesmente acontece naturalmente. Mesmo quando as letras falam sobre algo pesado, a música pode se mover, respirar, pulsar. A “dançabilidade” no nosso caso é frequentemente mecânica, como o ritmo de uma máquina de fábrica, tem monotonia, mas também energia. E sobre esse ritmo, há a voz e a emoção.

Apesar da barreira linguística, suas músicas ressoam com fãs ao redor do mundo. Na opinião de vocês, o que permite que essa conexão emocional transcenda fronteiras culturais e linguísticas?
Emoção não precisa de tradução. Às vezes funciona até melhor quando as letras não são compreendidas, as pessoas apenas sentem o tom, o som, a voz. Tentamos ser honestos na nossa entrega e atmosfera. E parece que as pessoas sentem essa honestidade, e isso frequentemente é suficiente para que algo ressoe dentro delas.

Vocês se apresentaram em alguns dos maiores festivais e casas de show pela Europa e Estados Unidos. Algum público já surpreendeu vocês com a forma como se conecta com sua música?
Cada país tem sua própria forma de reagir, e isso é o que torna as turnês interessantes, ver como a música funciona em diferentes contextos culturais. Dito isso, ficamos especialmente impressionados com o quão emocionais e presentes as audiências foram na América Latina. No Brasil, as pessoas não estavam apenas ouvindo, elas estavam vivendo a música conosco. Isso cria uma conexão poderosa que fica com você.

Vocês iniciaram 2025 com mais de 30 shows pelos Estados Unidos. Como tem sido essa experiência estendida de turnê até agora, e como vocês cuidam de si física e mentalmente na estrada?
É exaustivo. Viagens constantes, falta de sono, barulho, fadiga, tudo se acumula. Tentamos cuidar de nós mesmos quando podemos: descansar sempre que possível, comer adequadamente e evitar sobrecarga mental. Mas o mais importante é nos apoiarmos mutuamente dentro da banda. Isso é o que nos ajuda a não entrar em colapso.

Molchat Doma (Foto: Alina Pasok, Karim Belkasemi)

Há algum país ou região onde vocês ainda não tocaram e que estão curiosos para visitar com sua música? O que tornaria essa experiência significativa para vocês?
Adoraríamos ir ao Japão e à Coreia do Sul. Há uma cultura musical muito especial e um público profundamente atento lá. Estamos curiosos sobre como nossa música seria recebida nesse contexto. Além disso, queremos nos apresentar mais pela América Latina, sentimos uma conexão forte aí, e seria significativo aprofundá-la.

Esta será sua segunda apresentação no Brasil. Do que vocês mais se lembram da primeira visita, e quais são suas expectativas desta vez?
Lembramos da recepção calorosa. O público foi emocional, genuíno e muito atento. Havia um sentimento de que as pessoas realmente esperaram por nós. Desta vez, esperamos sentir essa energia novamente, mas em um novo nível, com novas músicas e mais experiência nas costas.

O setlist em São Paulo vai incluir músicas de todos os seus álbuns? Há alguma faixa em particular que vocês estão especialmente animados para tocar ao vivo nesta turnê?
Sim, sempre tentamos construir um setlist que abranja todo o nosso catálogo. Haverá músicas dos primeiros dias, Monument e Belaya Polosa. Agora, estamos especialmente animados para tocar as faixas mais novas, elas parecem muito diferentes ao vivo, e é como se estivessem apenas ganhando vida no palco.

Alguma mensagem que gostariam de compartilhar com seus fãs brasileiros?
Obrigado por ouvirem, sentirem e entenderem, mesmo sem palavras. Realmente apreciamos isso. E estamos muito felizes de estar aí novamente.

 

SERVIÇO:

Molchat Doma em São Paulo
Data: 15 de novembro
Local: Tokio Marine Hall – R. Bragança Paulista, 1281 – Santo Amaro, São Paulo-SP (próximo à estação João Dias da CPTM)
Ingressos: aqui
Valores: de R$180,00 (pista, meia entrada) a R$500,00 (cadeira alta, inteira)
Bilheteria oficial: Estádio Morumbis – Bilheteria 05 – Próximo ao portão 15 – Av. Giovanni Gronchi, 1866 | Funcionamento: terça a sábado das 10h às 17h| *Fechado em feriados, emenda de feriados, dias de jogos ou em dias de eventos de outras empresas.
Classificação etária: entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais


Daniela Swidrak (@newtango)

Nascida na Argentina mas radicada no Brasil há mais de 15 anos, Daniela achou na música sua linguagem universal. Formada em radialismo pela UNESP, virou pesquisadora criativa e firmou seu pé no jornalismo musical no portal Popload. Gateira, durante a semana procura a sua próxima banda favorita e aos finais de semana sempre acha um bom show para assistir.



Fonte: rollingstone.com.br

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