Mike Peters, vocalista da banda galesa de new wave The Alarm — mais lembrada pelos sucessos dos anos 1980 “Sixty Eight Guns”, “Strength” e “Rain in the Summertime” —, morreu na última terça-feira, 29, após uma longa batalha contra o câncer. Ele tinha 66 anos.
The Alarm era frequentemente comparado ao U2, já que as duas bandas formaram uma forte amizade no início dos anos 80, e The Alarm abriu os shows do U2 na turnê War, em 1983. Apesar das semelhanças claras entre os estilos vocais de Bono e Peters, a música do The Alarm era menos épica e se concentrava mais em violões.
“Quando começamos, tentamos algumas das músicas na guitarra, mas elas não soavam tão bem quanto soavam quando as compusemos no violão,” disse Peters a Jim Henke, da Rolling Stone, em 1983. “Então pensamos: ‘Vamos tocá-las no instrumento em que foram compostas’. E fomos adaptando aos poucos o violão — que é um instrumento muito pessoal, com um som encorpado quando tocado para uma só pessoa — para fazê-lo soar grandioso para qualquer quantidade de pessoas que viessem ver a banda.”
Peters cresceu na remota cidade galesa de Rhyl. Conheceu seus futuros companheiros de banda do The Alarm, Nigel Twist e Dave Sharp, ainda na infância, e juntos sonhavam em fazer sucesso como músicos. Suas vidas mudaram para sempre em 13 de setembro de 1976, quando viajaram até Chester, na Inglaterra, para ver os Sex Pistols em um clube chamado Quaintways.
“A atitude deles era incrível”, disse Peters a Jimmy Guterman, da Rolling Stone, em 1988. “A música me atingiu profundamente de um jeito que eu não entendia. Eu sentia como se fosse explodir… Mesmo que os Sex Pistols tenham se tornado uma piada depois, acho que a maioria das pessoas que os viu enxergava potencial.”
Após o show, Peters e seus amigos de infância formaram um grupo punk chamado The Toilets, que mais tarde passou a se chamar Seventeen — em homenagem à música dos Sex Pistols. Depois de alguns anos batalhando no circuito punk sem muito resultado, mudaram o nome novamente em 1981. Nascia The Alarm, que lançou seu primeiro single, “Unsafe Building”, conquistando atenção na Inglaterra e, depois, um contrato com a gravadora I.R.S.
Bono se tornou um dos primeiros fãs do The Alarm. “Existem tantos artistas que falam sobre querer evitar clichês na música, mas que raramente os evitam em seus estilos de vida”, disse o vocalista do U2 à Rolling Stone em 1983. “Mas The Alarm não é assim. Há uma nova mentalidade em relação ao rock. Não importa que eles toquem violões. O que importa é quem eles são. Quando uma música incrível é feita, geralmente há pessoas incríveis por trás dela, e o The Alarm são pessoas incríveis.”
A turnê War pelos Estados Unidos, de 1983, apresentou The Alarm para o público de todo o país e impulsionou as vendas de seu álbum de estreia Declaration (1984). Eles mantiveram um grande público na Inglaterra durante o restante dos anos 80, conquistando sucessos nas paradas como “Where Were You Hiding When the Storm Broke?” e “A New South Wales”, mas o sucesso mainstream nos Estados Unidos foi mais difícil.
No entanto, eles abriram shows para Bob Dylan em uma série de apresentações nos Estados Unidos em 1988. Em duas ocasiões, Peters foi chamado ao palco para fazer um dueto com Dylan em “Knockin’ on Heaven’s Door”.
The Alarm se desfez em 1991. Três anos depois, Peters lançou seu álbum solo de estreia, Breathe. O disco não conseguiu alcançar um grande público. E em 1996, ele foi diagnosticado com linfoma. Fez uma recuperação completa, mas lutaria contra o câncer de forma intermitente durante as três décadas restantes de sua vida.
Peters começou a fazer shows como The Alarm com um novo grupo de músicos de apoio no início dos anos 2000, mas os membros originais só se reuniram novamente quando o programa da VH1 Bands Reunited os pressionou para isso em 2005. A reunião durou apenas o tempo necessário para filmar o episódio.
Em 2011, Peters se tornou o vocalista do Big Country, banda escocesa de new wave, substituindo o vocalista original Stuart Adamson, que faleceu em 2001. A encarnação do Big Country liderada por Peters durou apenas dois anos. Nos anos seguintes, Peters se tornou uma presença regular na série de shows beneficentes Light of Day em New Jersey, o que lhe deu várias oportunidades de dividir o palco — e, às vezes, até um único microfone — com Bruce Springsteen.
Três anos atrás, Peters anunciou que sua leucemia havia retornado. “Ainda estou vivo e vivendo, com uma família incrivelmente próxima ao meu redor,” escreveu ele em uma carta para os fãs. “Também sei que posso contar com a força e o poder da comunidade do Alarm, que se importa comigo pessoalmente, assim como se importa com as palavras, a música e tudo o que nos une através dessa união única… Eu ainda posso cantar, tocar guitarra e compor músicas, e sou grato por todas as coisas simples da vida que me mantém seguindo em frente.”
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Fonte: rollingstone.com.br