O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, presenteou o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore com café brasileiro, item atingido pelo tarifaço do governo de Donald Trump. Os dois participaram do evento sobre mudança climática, sustentabilidade e democracia promovido pelo banco, no Rio de Janeiro.
“Ele vai tomar o melhor café. Só cuidado na alfândega se não vai ter que pagar 50% para entrar com o café [nos EUA]”, brincou Mercadante. O democrata respondeu também em tom de brincadeira: “Quando eu cruzar a fronteira de volta para os Estados Unidos, se eu deixar de pagar a tarifa desse café, o ICE [serviço de imigração] vai me perseguir?”.
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros entrou em vigor no último dia 6. Além de razões comerciais, Trump atribuiu a medida ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra plataformas digitais.
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Al Gore pede desculpas por ações de Trump contra o Brasil
Al Gore, que foi vice-presidente dos EUA durante o governo de Bill Clinton (1993-2001), enfatizou a boa relação entre Brasil e EUA e pediu desculpas pelas ações de Trump. “A relação entre o Brasil e os Estados Unidos não deve ser vista pelas lentes de Donald Trump, de Jair Bolsonaro, dos seus filhos ou de qualquer um de seus apoiadores. O povo dos Estados Unidos e o povo do Brasil têm uma relação muito longa, maravilhosa e mutuamente benéfica. Isso continuará, aconteça o que acontecer”, disse o americano.
“É tradição no meu país que um cidadão não critique seu próprio presidente quando está em um país estrangeiro. Suponho que também seja impróprio da minha parte pedir desculpas por ele [Trump], mas peço desculpas. Estes são tempos perigosos, não apenas nos Estados Unidos”, acrescentou.
Mercadante destacou que o tarifaço não reflete a realidade comercial entre os dois países, informou a Agência Brasil. “É muito difícil para um país como o Brasil, onde os Estados Unidos tem o sexto maior superávit comercial, sofrer um ataque comercial de 50% como estamos assistindo. Isso gera um desafio muito importante, porque as razões alegadas não estão ancoradas na diplomacia do comércio”, disse o presidente do BNDES.
Fonte: Revista Oeste