PUBLICIDADE

‘Mauricio De Sousa: O Filme’ é um tributo com mais coração do que estrutura


A proposta de levar para as telas a vida de Mauricio de Sousa, o gênio por trás da Turma da Mônica, carrega uma enorme carga de afeto e expectativa. O filme busca ser uma grande homenagem a essa figura icônica, mergulhando em suas memórias para revelar o homem por trás dos traços. No entanto, apesar da nobre intenção e de um brilho inegável em seu protagonista, a obra tropeça em uma execução apressada e estruturalmente frágil, deixando uma sensação de potencial não realizado.

O principal problema do longa reside em seu ritmo. Ao tentar abraçar décadas de história em um tempo limitado, a narrativa corre de forma excessiva pelas diferentes fases da vida de Mauricio. Momentos cruciais, que deveriam aprofundar suas dificuldades e triunfos, são apresentados de maneira superficial, apoiados por convenções de roteiro que simplificam os conflitos.

Um bom exemplo está na sequência em que Maurício apresenta seus desenhos na Folha (que no futuro se transformaria na conhecida Folha de S.Paulo). Ele entra na sala do diretor de arte, recebe uma negativa dolorosa e, ao sair desapontado, já recebe a dica de um jornalista (que o ajudou umas cenas antes quando ele chegou na redação) sobre o que ele poderia fazer para conseguir um emprego lá. Essa pressa transforma a jornada do criador em uma sucessão de eventos fragmentados, diminuindo o impacto emocional de suas conquistas.

Outro ponto que compromete a experiência é como o filme lida com suas referências. Em vez de integrá-las de maneira sutil e inteligente, permitindo que o público conecte os pontos, o roteiro opta por um didatismo excessivo, explicando a origem de cada personagem de forma quase expositiva. Essa abordagem, somada a uma constante confusão de tom — que oscila entre a homenagem sóbria e uma tentativa de ser lúdico —, dificulta entender qual a identidade final do projeto, resultando em um produto irregular.

Em meio a esses deslizes, o filme encontra sua âncora emocional na atuação de Mauro Sousa. Interpretando o próprio pai, Mauro entrega uma atuação carregada de doçura e bondade, construindo um Mauricio de Sousa crível e cativante. É através dele que os objetivos do personagem se tornam claros e o espectador consegue se conectar com a figura humana por trás do mito. Sua interpretação é o coração pulsante da obra, responsável por humanizar a figura icônica que tanto admiramos.

No fim, a biografia de Mauricio de Sousa se revela uma obra de sentimentos conflitantes. Para um olhar mais crítico e analítico, suas falhas de roteiro, ritmo e tom são evidentes e difíceis de ignorar. Contudo, esse filme não foi feito apenas para esse público. Para a família que busca uma experiência mais afetuosa, disposta a deixar a análise de lado, o longa pode se transformar em uma doce e nostálgica viagem no tempo.

Qual é a história de Mauricio de Sousa – O Filme?

O longa vai abordar os primeiros 40 anos da trajetória de Mauricio de Sousa, desde a infância, explorando a relação dele com os pais e com a avó, além dos primeiros contatos com o desenho. O filme também retrata seu primeiro casamento, com Marilene Sousa, e os desafios para iniciar e manter a carreira como cartunista.

As inspirações para criar personagens marcantes, como Mônica, Cebolinha e Cascão também aparecem no trailer, assim como a perseverança e a batalha do cartunista para se tornar um dos artistas mais importantes da história do Brasil.

Qual é o elenco de Mauricio de Sousa – O Filme?

A fase adulta de Mauricio de Sousa é interpretada no filme por seu filho, Mauro de Sousa. Já na infância, ele é vivido por Diego Laumar. O longa é dirigido por Pedro Vasconcelos e também tem no elenco nomes como Emílio Orciollo Neto, Natália LageThati Lopes, Othon Bastos e Clara Galinari.

Quando Mauricio de Sousa – O Filme estreia?

A cinebiografia de Mauricio de Sousa está prevista para chegar aos cinemas no dia 23 de outubro de 2025. Assista ao trailer a seguir:


Jornalista em formação pela Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, Giulia Cardoso começou em 2020 como voluntária em portais de cinema. Já foi estagiária na Perifacon e agora trabalha no núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo.



Fonte: rollingstone.com.br

Leia mais

PUBLICIDADE