As importações chinesas de soja com origem no Brasil registraram alta de 9,2% em junho deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2024, totalizando 10,6 milhões de toneladas. O dado consta em análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), divulgada na quinta-feira (24). Esse volume corresponde a 86,6% do total importado pela China no período.
Segundo a Ceema, os Estados Unidos forneceram 1,58 milhão de toneladas, o equivalente a 12,9% do total mensal. O volume representa um aumento de 20,6% em relação ao registrado no mesmo mês do ano anterior. No total, a China importou 12,26 milhões de toneladas de soja em junho, atingindo o maior volume da história para esse mês.
De acordo com dados da Alfândega Chinesa citados pela Ceema, a forte demanda é impulsionada pela safra recorde brasileira. No acumulado do primeiro semestre de 2025, a China importou 31,9 milhões de toneladas de soja do Brasil, um recuo de 7,5% frente ao mesmo período do ano passado. No mesmo intervalo, as importações do grão norte-americano somaram 16,2 milhões de toneladas, alta de 33% em relação a 2024.
A Ceema ressalta que o ritmo das compras futuras dependerá das negociações comerciais entre China e Estados Unidos. “Os desafios são crescentes para o mercado da soja diante das tensões geopolíticas mundiais que se fazem presentes”, alerta o relatório. A análise cita riscos logísticos, pressões inflacionárias e disputas comerciais como fatores que devem influenciar negativamente os mercados em 2025/26.
Mesmo com expectativa de produção significativa, apoiada por boas condições climáticas, a Ceema aponta que as margens de lucro para produtores e empresas tendem a ficar mais apertadas. Os custos de produção devem se manter elevados, enquanto os preços internacionais enfrentam pressão de baixa.
A estimativa é de que a margem do produtor de soja brasileiro, que foi de 176,5% na safra 2020/21, caia para 15,3% em 2025/26. Para os arrendatários, o cenário pode ser ainda mais crítico, considerando o pagamento de cerca de 15 sacas por hectare pelo uso da terra. “Muitas contas já não fecham”, conclui a análise da Ceema, citando avaliação da Biond Agro, para quem a próxima safra de soja no Brasil “será marcada por incertezas e margens estreitas”.
Apesar do cenário de alerta, os preços da soja no Brasil apresentaram ligeira recuperação na semana analisada. Com prêmios firmes e exportações em ritmo constante, os valores subiram, mesmo com o câmbio recuando para R$ 5,52. A média gaúcha alcançou R$ 124,45 por saca, enquanto as principais praças do país registraram cotações entre R$ 122,00 e R$ 123,00. Em outras regiões, os preços variaram entre R$ 110,00 e R$ 122,00 por saca.
Fonte: AGROLINK