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Marcão e Thiago falam à RS sobre turnê, Justiça, legado e Best of Blues and Rock


Como será o show do Charlie Brown Jr — Marcão Britto e Thiago Castanho no Best of Blues and Rock? “Será desse jeito: porrada na cara, rock and roll na veia”, responde com precisão Thiago à Rolling Stone Brasil, depois de, claro, realmente trazer mais informações sobre a apresentação.

O projeto comemorativo, que precisou lutar na Justiça pelo direito de utilizar nome e marca da banda encerrada em 2013, está escalado para o terceiro dos quatro dias do festival, marcado para acontecer no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Sob o comando de Britto e Castanho, dupla de guitarristas da formação original, o sexteto completo por André “Pinguim” Ruas (bateria), Bruno Graveto (bateria), Rafael Carleto (voz) e Denys “Mascote” Rodrigues (baixo) tocará no sábado, 14, abrindo uma programação que ainda terá Larissa Liveir, Black Pantera e o lendário Alice Cooper. Para o domingo, 15, estão confirmados Hurricanes, Judith Hill e o decano Deep Purple. No fim de semana anterior, apresentaram-se Dave Matthews Band, Richard Ashcroft, entre outros.

Castanho, no início da resposta destacado no parágrafo de abertura desse texto, adiantou: o repertório muda de acordo com o público de cada local. “Então, traremos um lado um pouco mais pesado para esse show — e algumas surpresas vão acontecer”, garantiu o músico, que em vários momentos da conversa expressou sua gratidão pelo público ter abraçado a iniciativa. Numa dessas ocasiões, declarou:

“Estamos há praticamente 3 anos na estrada. Começou como uma celebração de 30 anos, de todo o legado, de todo o repertório que é muito cultuado para os fãs. Estamos muito felizes por poder voltar aos palcos e ver a resposta do público ao nosso show, tocando no Brasil inteiro, em vários festivais gigantes. E o principal: por ter o retorno do público, com carinho, reciprocidade com o som, as músicas e o legado do Charlie Brown Jr. Queremos que a banda nunca seja esquecida. O público tem se renovado e não vamos parar.”

Mesmo com recentes mudanças na formação, o projeto comemorativo segue em frente. Carleto e Mascote foram integrados após as saídas de Egypcio e Heitor Gomes, respectivamente. Marcão, também à Rolling Stone Brasil, comenta sobre as alterações:

“Mascote e Rafa se encaixaram muito bem na turnê, com a energia e o espírito do Charlie Brown. O Egypcio acabou saindo por conta da turnê do Tihuana, algo que tem a ver com a história dele. O Heitor também resolveu sair por vontade própria, para trilhar novos caminhos. E tudo bem. Estamos mantendo com essa nova formação. A galera está gostando pra caramba.”

“Lutar pelo que é meu”

Como citado, Marcão Britto e Thiago Castanho precisaram lutar na Justiça para poder seguir com o projeto, inicialmente com envolvimento de Alexandre Abrão, filho de Chorão, vocalista e líder do Charlie Brown Jr falecido em 2013. Após divergências, os músicos romperam com Abrão e seguiram com a turnê sem ele, que processou os agora ex-parceiros devido ao uso da marca.

Em setembro do ano passado, numa das últimas atualizações do caso, a Justiça de São Paulo negou a ação de Alexandre, em decisão que cabia recurso. Na visão de Thiago, as disputas judiciais “infelizmente aconteceram contra a vontade” dele e de Marcão.

“Não era a nossa vontade. Mas estamos batalhando pelo que é nosso: pela nossa liberdade de poder tocar as nossas músicas, as músicas que fizemos junto com o Chorão. Não é uma batalha pessoal contra ninguém. Queremos apenas poder nos apresentar ao vivo e levar a nossa música para o nosso público.”

O projeto Charlie Brown Jr – Marcão Britto e Thiago Castanho – Foto: MRossi

Castanho reforçou que o Charlie Brown Jr “acabou em 2013”. Entretanto, em suas palavras, “existem integrantes vivos que estão aí”. Enfático, o músico reforçou que o desejo é somente por poder tocar o repertório construído ao lado de Chorão. Como diz o título da música, “Lutar pelo que é meu”.

“Só queremos tocar. Não queríamos que acontecesse nada judicial. Mas por enquanto estamos vencendo. Todos os processos que rolaram foram a nosso favor: reconhecem que fizemos parte da banda e que também somos autores das músicas. Nossa batalha é apenas para poder tocar ao vivo e levar adiante as nossas músicas e o legado do Charlie Brown Jr.”

O público aderiu à causa. Quando notícias sobre as divergências entre os guitarristas e Abrão chegaram às redes, era comum se deparar com manifestações nas redes de fãs que apoiavam a continuidade do projeto da forma como planejado. Thiago reconhece e celebra o apoio.

“A galera sempre se mostrou do nosso lado em tudo que rolou. Tivemos a grande massa junto conosco, nos apoiando, com mensagens positivas, dizendo que tínhamos que continuar. Temos noção disso. Ter esse feedback dá muito mais força para continuar. Em nome dessa galera que a gente continua. É por eles que vamos continuar fazendo o que gostamos.”

“Lugar ao sol”

Ações como essa turnê — e várias outras relacionadas ao espólio de Chorão, diga-se — ajudam a manter o “lugar ao sol” do Charlie Brown Jr. A obra deixada pela banda passou a ser ainda mais valorizada em anos recentes. Não à toa, trata-se do grupo brasileiro de rock com mais ouvintes mensais no Spotify: mais de 7,4 milhões. Música não é competição, mas para mero efeito comparativo, esse é um número maior que o de estrelas globais como os já citados Deep Purple (6,6 milhões) e Alice Cooper (5,9 mi), além de Stone Temple Pilots (7,2 mi), Judas Priest (4,6 mi), Yes (4 mi) e Rush (3,7 mi), só para ficar em alguns nomes.

Sobre o alcance maximizado do CBJr nos dias de hoje, Marcão Britto reflete:

“Isso é muito louco, né? Tem coisas que só o tempo pode mostrar. É o caso do Charlie Brown. Estamos vendo uma geração super nova indo no show, escutando a banda, descobrindo no streaming. Às vezes, é alguém que entra ali para escutar uma música e acaba descobrindo a discografia, começando a ouvir outros sons. Ficamos muito felizes por ainda ser uma banda relevante.”

O projeto Charlie Brown Jr - Marcão Britto e Thiago Castanho
O projeto Charlie Brown Jr – Marcão Britto e Thiago Castanho – Foto: MRossi

Usando a turnê atual como exemplo, o guitarrista até mesmo se arrisca a colocar um número para ilustrar o tamanho da renovação de público. “Diria que 70% da galera que está indo nos nossos shows, está indo pela primeira vez. Sempre fazemos essa enquete”, diz.

E como explicar todo esse interesse por uma banda que encerrou atividades há mais de uma década? Difícil explicar, mas Marcão tem alguns palpites:

“O Charlie Brown está se tornando atemporal. Acredito muito no poder da verdade. Viemos de cinco anos de underground, tocando por aí, antes de começar o primeiro álbum. Falo brincando que quando você ouve o som do Charlie Brown, você é atingido por uma poção mágica de superação, de dor, de transpiração mesmo, de tudo isso. São sentimentos que todas as pessoas passam.”

“Meu novo mundo”

Será que cabe gravar material inédito nesse “novo mundo” onde o Charlie Brown Jr não existe enquanto banda, mas é celebrado por integrantes que, como dito por Thiago Castanho, “ainda estão aí”? Marcão Britto não descarta nenhuma possibilidade, mas enxerga como mais provável que, em algum momento, seja produzido um audiovisual ao vivo da turnê, exclusivamente de repertório antigo.

“Seria incrível poder registrar essa turnê que está sendo tão especial. Estamos vendo como essa família cresceu. Seria muito legal se isso aí pudesse virar, em algum momento, um audiovisual. Acho válido pela celebração da banda. Mas sabemos que não depende só de nós. Tem que ver com todas as partes envolvidas — e às vezes esse é o ponto de dificuldade. Mas não está descartado. Quem sabe a gente consegue?”

Quanto a canções inéditas, o guitarrista crava: “não é a intenção”. As portas não estão fechadas, mas a ideia é, mesmo, rememorar o que já existe — o material autoral fica com os projetos paralelos, como o Bula, do próprio Marcão.

“Estamos deixando rolar, vivendo um dia de cada vez. A banda está tendo uma química muito legal. Não descartamos essa possibilidade [de músicas inéditas]. De repente pode pintar alguma coisa e, se rolar, estudaremos a melhor forma de fazer. Mas sempre deixando claro: é uma turnê de celebração e não existe a intenção de gravar algo com o nome Charlie Brown Jr. Queremos que o Charlie Brown Jr fique onde sempre esteve, com sua discografia. Mas como a gente curte tocar junto, pode ser que algo pinte sim. Por que não?”

Serviço — Best of Blues and Rock 2025

Local: Parque Ibirapuera, São Paulo
Ingressos:Eventim
Lineup (segundo fim de semana):

  • Sábado, 14 de junho: Alice Cooper, Black Pantera, Charlie Brown Jr Marcão Britto & Thiago Castanho
  • Domingo, 15 de junho: Deep Purple, Judith Hill, Hurricanes

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Fonte: rollingstone.com.br

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