Em entrevista à BBC na quarta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas indiretas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a outros políticos de direita que cogitam conceder indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), caso cheguem à Presidência da República em 2026.
“Faltam 13 meses para as eleições e já tem gente dizendo que, se for eleito, vai dar indulto”, afirmou Lula. A declaração é uma referência à promessa feita por Tarcísio, que já declarou que perdoaria Bolsonaro como seu primeiro ato caso seja eleito presidente.
Lula classificou como precipitada a discussão sobre anistia ou perdão, afirmando que o momento exige aguardar o desenrolar dos processos judiciais. “Não há porque essa pressa toda. Vamos ver qual é o comportamento do Congresso Nacional”, completou.
Lula também comentou sobre a articulação em curso no Congresso para aprovar uma anistia para os envolvidos nos atos do 8 de Janeiro de 2023. Lula se distanciou da pauta e disse que essa é uma responsabilidade do Legislativo e, eventualmente, do Judiciário. “O presidente da República não tem que se meter nisso. É um problema deles”, afirmou, reforçando que ainda há pessoas sendo investigadas e que muitos casos seguem em andamento na Justiça.
Durante a entrevista, Lula também foi questionado sobre a possibilidade de enfrentar Bolsonaro nas eleições de 2026. Ele disse não temer o confronto e lembrou que já venceu o ex-presidente em 2022, mesmo com o uso, segundo ele, da “máquina pública em favor da reeleição”. “Ele usou bilhões do orçamento para tentar evitar minha vitória. E mesmo assim eu ganhei”, destacou. Lula também citou o uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para, segundo ele, dificultar o acesso de eleitores às urnas no segundo turno.
Sobre a acusação de que Bolsonaro estaria sendo alvo de perseguição política por parte do STF, o presidente negou. Ele defendeu a imparcialidade da Justiça brasileira e disse que as instituições estão funcionando normalmente “dentro da legalidade democrática”. “Se o Trump [presidente americano Donald Trump] tivesse feito no Brasil o que fez nos Estados Unidos, no Capitólio, ele também teria sido julgado aqui. Porque no Brasil, a Justiça funciona”, concluiu Lula, destacando ainda que o país tem sido reconhecido internacionalmente como “exemplo de estabilidade democrática”.
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Fonte: Revista Oeste