O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu, nesta quarta (10), as recentes declarações do governo de Donald Trump sobre um possível uso de poder econômico e militar contra o Brasil. O petista ironizou as críticas e disse que o país é soberano e não aceita tutelas externas.
A resposta veio após a porta-voz da Casa Branca afirmar que os Estados Unidos não hesitariam em recorrer ao “poder econômico e militar” para defender a “liberdade de expressão” em território brasileiro. A fala, interpretada como ameaça de intervenção, ocorreu em meio às acusações do governo Trump de que a Justiça brasileira estaria cerceando direitos no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Ao invés de o Trump ficar brigando com a gente, devia vir conhecer nosso sistema interligado, pra quê brigar? Ele ia perceber que ia ser muito legal para os Estados Unidos do que ele ficar brigando com a gente. […] Somos um país soberano e donos do nosso nariz. O Brasil não deve nada a ninguém, se tratando de competência, resiliência e capacidade”, afirmou em um evento em Brasília.
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A crítica a Trump foi feita durante a cerimônia que marcou a energização do Linhão Manaus-Boa Vista, obra que interligou Roraima ao sistema elétrico nacional. O estado era o único isolado do mapa energético e agora passa a receber energia integrada ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Além de rebater Trump, Lula ainda o ironizou durante o evento: “Dá pra emprestar para os Estados Unidos… Dá para fazer um linhão até Nova York”, questionou.
O presidente aproveitou a ocasião para defender a transição energética como motor de desenvolvimento, afirmando que chegou a hora de o Brasil deixar de ser um país em desenvolvimento. De acordo com Lula, a transição energética “nos permite dar um salto de qualidade”, afirmou destacando que o modelo do linhão pode ser expandido para países da América do Sul e que trará benefícios a toda a região.
Lula reclama da conta de luz
Ainda durante o evento, Lula reclamou ao ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, sobre o preço cobrado na conta de luz dos brasileiros. Ele cobrou o cumprimento da promessa do governo de reduzir custos para os consumidores, como a redução de R$ 45 milhões por mês na Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), valor que incide sobre as contas de energia em todo o país.
O linhão Manaus-Boa Vista demandou investimentos de R$ 2,6 bilhões e percorre 725 quilômetros em circuito duplo de 500 kV, com ponto intermediário em Rorainópolis. De acordo com o governo, a obra gerou cerca de 3 mil empregos diretos e permitirá substituir gradualmente as usinas térmicas da região por energia limpa, com redução anual de mais de 1 milhão de toneladas de CO₂ e economia superior a R$ 500 milhões com combustíveis fósseis.
A integração é considerada um marco para o setor elétrico, por ampliar a segurança energética de Roraima e abrir espaço para o crescimento econômico do estado. Silveira destacou ainda a possibilidade de a infraestrutura beneficiar países vizinhos.
“Como Roraima só consome 250 MW, 1/4 da energia desse linhão, é possível a gente tanto levar para poder dar segurança energética a outros países, em específico, nesse momento, a Venezuela, caso precise, quanto trazer energia para o resto do Brasil inteiro”, completou o ministro.
Fonte: Revista Oeste