Israel prendeu um informante de seu serviço de segurança interna, o Shin Bet, que atuava como agente duplo na Faixa de Gaza e forneceu informações falsas na véspera do ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023. A prisão foi divulgada nesta terça-feira (13) por meios de comunicação israelenses, que destacaram a gravidade do caso no contexto das falhas de inteligência que antecederam o massacre.
Segundo a emissora israelense Channel 12, o homem foi capturado nesta semana durante a operação militar de Israel na Faixa de Gaza, voltada para desmantelar o grupo terrorista Hamas. Após ser detido, ele foi transferido para o território israelense, onde passou por interrogatório. Durante a sessão, segundo a emissora, o informante confessou que também trabalhava para o Hamas, apesar de atuar como fonte do Shin Bet.
Ainda de acordo com a reportagem, na véspera do ataque de 7 de outubro de 2023, o agente teria recebido uma ligação de seu contato no serviço de inteligência israelense e afirmou: “Não há posicionamento ofensivo por parte do Hamas. Eu sei. Estou por dentro.”
Essa declaração enganosa, vinda de uma fonte que era considerada “confiável” pelo Shin Bet, foi interpretada como sinal de estabilidade e ajudou a sustentar a avaliação da agência de inteligência de que não havia risco iminente de invasão do grupo terrorista, mesmo quando o Hamas já finalizava os preparativos para lançar o maior ataque contra civis israelenses desde a criação do Estado de Israel.
O portal israelense Ynet confirmou que o homem era, além de informante do Shin Bet, um integrante de nível médio da estrutura do Hamas em Gaza, embora não tenha confirmado que ele tenha admitido atuar como agente duplo. A emissora Channel 12, que informou a confissão do informante, tratou o episódio como um dos fatores mais sérios na série de falhas de inteligência que permitiram a invasão surpresa do Hamas.
Ainda segundo a imprensa israelense, na noite anterior ao ataque, poucas ligações foram feitas a agentes de campo. Isso aumentou o peso da resposta dada por esse informante, que ajudou a reforçar a percepção equivocada de que não havia ameaça iminente. O caso vem sendo tratado em Israel como um ponto cego crítico e está entre os principais focos das investigações internas conduzidas pelas autoridades de segurança de Israel.
O ataque de 7 de outubro de 2023 resultou na morte de cerca de 1,2 mil civis e militares israelenses, a maioria deles assassinada em suas casas ou em comunidades do sul do país, bem como no sequestro de mais de 200 pessoas. Desde então, Israel conduz uma campanha militar para desmantelar a infraestrutura do Hamas na Faixa de Gaza e evitar que o grupo mantenha capacidade ofensiva.
Fonte: Revista Oeste