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Governo fala em solução “sem política ou ideologia” com EUA


O governo federal declarou que “a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis” e que tem buscado negociar com os Estados Unidos “sem qualquer contaminação política ou ideológica” desde o anúncio do tarifaço feito pelo presidente americano Donald Trump no último dia 9. A declaração foi feita por meio de nota divulgada à imprensa nesse domingo (27) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Ainda segundo a nota, embora tenha esses pontos que considera inegociáveis, “o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais”. E afirma, ao afinal, que o governo “espera preservar e fortalecer” a “relação econômica robusta e de alto nível” entre Brasil e EUA que já dura “mais de 200 anos”.

Leia a nota na íntegra:

Desde o anúncio das medidas unilaterais feito pelo governo norte-americano, o governo brasileiro, por orientação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vem buscando negociação com base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica.

Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano.

O Brasil e os Estados Unidos mantêm uma relação econômica robusta e de alto nível há mais de 200 anos. O governo brasileiro espera preservar e fortalecer essa parceria histórica, assegurando que ela continue a refletir a profundidade e a importância de nossos laços.

Escalada da crise Brasil-EUA

A crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos começou a se intensificar em 6 de julho, quando o presidente americano Donald Trump ameaçou impor tarifas a “qualquer país que se alinhasse às políticas antiamericanas do Brics”. A declaração ocorreu logo após uma cúpula do bloco formado por Brasil, China, Rússia, Índia e outros aliados estratégicos.

No dia seguinte, o presidente Lula reagiu, rejeitando o que classificou como interferência externa em assuntos soberanos. “Não aceitamos nenhuma reclamação contra a reunião do Brics”, afirmou. Lula também criticou a tentativa de impor retaliações econômicas com base em decisões do bloco.

Ainda no mesmo dia, Trump saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, alegando que ele estaria sendo alvo de perseguição no Brasil. Lula, por sua vez, evitou comentar a acusação.

Em 9 de julho, a retórica americana subiu de tom. Trump publicou uma carta endereçada a Lula em sua rede Truth Social, chamando o tratamento dado a Bolsonaro de “caça às bruxas” e acusando o Supremo Tribunal Federal de promover censura por meio de ordens judiciais secretas a plataformas digitais dos EUA. Como represália, anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto — a primeira sanção efetiva adotada por Washington.

A tensão aumentou ainda mais em 17 de julho, quando Trump usou novamente sua rede Truth Social para divulgar nova carta, desta vez endereçada a Bolsonaro. Nela, criticou duramente o sistema de justiça brasileiro e exigiu o fim imediato do julgamento do ex-presidente.

No dia seguinte, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, impôs duras medidas cautelares contra Bolsonaro, incluindo tornozeleira eletrônica, proibição de entrevistas, visitas a embaixadas e contato com o filho Eduardo Bolsonaro. Horas depois, os EUA reagiram com mais uma medida: o cancelamento dos vistos de oito ministros do STF, do procurador-geral Paulo Gonet e de seus familiares.



Fonte: Revista Oeste

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