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Ghost soa ainda mais melódico e devoto ao rock anos 80 em Skeletá; RS já ouviu


Em entrevista à Rolling Stone Brasil a ser publicada em breve, os integrantes do The Hives, banda sueca praticante de algo definido como “garage rock”, definiram seu próprio som como “o meio termo entre Meshuggah e Abba. Convidado a falar sobre um grupo conterrâneo — o Ghost —, o vocalista Howlin’ Pelle Almqvist comentou: “gosto deles, está do lado mais Abba do espectro”.

Quase 15 anos se passaram desde Opus Eponymous (2010), álbum de estreia da banda liderada pelo vocalista e multi-instrumentista Tobias Forge, e muita gente ainda não entendeu isso. A estética é sombria, mas o som tem pouco de metal. Skeletá serve como mais um lembrete disso. Talvez o mais claro de todos.

Forge, também em entrevista à Rolling Stone Brasil a ser publicada em breve (no impresso de temática Futuro da Música), nega que seu sexto disco de estúdio seja uma “carta de amor ao hard rock dos anos 1980”. Não há, porém, como definir de outra forma o material que chega a público nesta sexta-feira, 25, pela Loma Vista Recordings. Quase todas as referências sonoras nas dez faixas vêm da década em que nasceu a principal mente criativa do projeto. Tem muito hard rock — e, diferentemente do antecessor Impera (2022), pouco de AOR — e pitadas de pop/new wave daqueles tempos. Tais influências apareceram em outras obras, mas nunca de forma tão aberta como agora.

Ghost, 2025 – Foto: Katja Ogrin / Redferns

Há, porém, uma leitura bastante franca de Tobias a respeito de Skeletá que se nota no desenrolar da audição: aqui, o Ghost retorna, de certa forma, a sonoridades anteriormente exploradas. É o repertório com menos novidades por parte da incansável mente criativa de Forge, que, curiosamente, havia pensado no conceito deste material quando ainda produzia Impera, anos atrás.

Se antes atuou como observador externo e sociopolítico — como os antecessores diretos Prequelle (2018) e Impera (2022) —, agora ele deixa a introspecção tomar conta. Temas como esperança, arrependimento e amor compõem a bagagem lírica deste novo trabalho. “Houve introspecção em álbuns anteriores, mas não tão completa e temática quanto neste”, confirma o artista e intérprete do Papa V Perpetua também à Rolling Stone Brasil.

Skeletá, faixa a faixa

Não é inesperado um álbum do Ghost começar com um coral típico de igreja. Impressiona, porém, o riff de guitarra que introduz de fato a canção de abertura “Peacefield”, especialmente pelo timbre carregado referente a, veja só, hard rock dos anos 1980. Uma das melhores do disco, pareceu ter sido composta em mente para iniciar não apenas o tracklist, como também os shows da turnê Skeletour — o que, claro, tem sido feito. Desenrola-se de modo gradual, mas sempre com fortes ganchos melódicos em evidência. A mudança de campo harmônico durante e após o solo soa como seu grande diferencial.

“Lachryma”, uma das duas já conhecidas do público, é talvez a faixa que melhor se enquadre no estereótipo formado em torno do Ghost. Harmonicamente pegajosa, mas sem abrir mão de riffs pesados. Poderia facilmente estar em Meliora (2015), o álbum onde a banda conquistou maturidade criativa após dois trabalhos que chamavam atenção mais pela estética do que pelas composições.

Talvez o momento menos animador de Skeletá esteja representado nas faixas três e quatro. “Satanized”, escolhida como primeiro single, tem digestão fácil, mas está abaixo do padrão criativo de Forge e seu time de estúdio. Evidencia, ainda, um dos pontos fracos do disco: a timbragem da bateria, em demasia artificial, a ponto de soar programada em determinadas passagens. “Guiding Lights”, única que realmente pode ser definida como “balada” no tracklist, pouco surpreende. O início com violão de aço sincronizado com piano e mudanças harmônicas até promete, mas quando os demais instrumentos entram após o primeiro refrão, fica previsível, seja pelo andamento cadenciado ou pela construção excessivamente convencional.

Ghost no clipe de
Ghost no clipe de “Satanized” – Foto: reprodução / YouTube

Demora um pouco até a impressão ruim passar, ainda mais porque “De Profundis Borealis” começa enganando o ouvinte: seus primeiros segundos no piano parecem indicar outra balada, mas não é o caso. Entra em uma passagem instrumental de ritmo quebrado por quase um minuto até, enfim, desaguar na canção de batida mais acelerada até aqui. O refrão, em contrapartida, é quase pop. Uma delícia, assim como o timbre ligeiramente sintetizado que surge em arranjos e na espécie de “solo”(?) final. O título, vale destacar, faz referência à carta redigida pelo escritor Oscar Wilde na prisão, em 1897, pelo crime de “atividades homossexuais”.

“Alguém que morre não é personificado pela entidade física enterrada num túmulo, mas sim por parte da nossa consciência.” Assim Tobias explica o que é um cenotáfio, que nomeia “Cenotaph”, faixa que soa como se o Def Leppard resolvesse tocar “Children of the Grave”, do Black Sabbath, após uma noite numa balada new wave. O riff “cavalga” no



Fonte: rollingstone.com.br

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