O Ghost disponibilizou Skeletá, seu sexto álbum de estúdio, na última sexta-feira, 25. E logo de cara se nota um contraste. Se as letras têm caráter mais introspectivo, diferentemente do caráter externo e sociopolítico de Prequelle (2018) e Impera (2022), a sonoridade está mais aberta e acessível do que nunca.
Visual típico de banda de metal à parte, o grupo sueco nunca pertenceu 100% ao gênero. Nos dois primeiros álbuns, contudo, havia certa aproximação, já que o som por vezes experimental tinha os dois pés no occult rock setentista. A partir do terceiro, Meliora (2015), as composições ficaram mais palatáveis e inclinadas ao hard/arena rock.
Em inúmeras situações, Tobias Forge declarou paixão por grupos como Boston, Foreigner, Toto, Journey e Scorpions, quase todos eles representantes do chamado AOR — versão ainda mais radiofônica do que se convencionou a chamar de hard rock. Embora seja casado, o próprio recorre ao bom humor ao definir esta ramificação como “rock de divorciado”.
Só que nenhum trabalho da discografia soa tão inspirado pelo rock dos anos 1980 como Skeletá. A influência vai além do estilo de composição recheado de fortes ganchos melódicos: a timbragem dos instrumentos está carregada com mais efeitos e camadas.
Já nas primeiras notas do riff de “Peacefield”, canção de abertura introduzida por um coro típico de igreja, o ouvinte percebe a distinta ambientação — confirmada em faixas como “Satanized” (escolhida como primeiro single), “De Profundis Borealis” (com um dos refrães mais pop do catálogo geral) e “Cenotaph” (que seria como se o Survivor resolvesse tocar “Children of the Grave” do Black Sabbath).
Curiosamente, porém, Tobias Forge nega que Skeletá seja uma espécie de carta de amor aos anos 1980. Em entrevista à Rolling Stone Brasil, publicada na edição especial impressa Seu Jorge + Futuro da Música e disponível no site Loja Perfil, ele disse:
“Sempre flertei com isso e talvez nos dois ou três últimos discos esse tipo de rock de arena tenha sido mais predominante. Se éramos um pouco mais prog no começo — e o prog sendo mais associado aos anos 70 —, em Prequelle, Impera e Skeletá pendemos mais para o rock de arena.”
O artista crê que suas maiores influências estejam mesmo na música da década de 1970 — especialmente define como “música grandiosa, melódica, bem tocada e produzida”. Ele complementa:
“Acho que soa como uma banda dos anos 1980, mas muitas influências são mais antigas. Mas nunca foi como uma decisão consciente: ‘vamos fazer uma carta de amor aos anos 1980’. Você compõe o que conhece e o que sente. E acho que os anos 1980 são meu porto seguro.”
Entrevista de Tobias Forge, do Ghost, à Rolling Stone Brasil
A entrevista completa de Tobias Forge à Rolling Stone Brasil foi publicada na íntegra na edição especial impressa Seu Jorge + Futuro da Música. A revista está disponível no site Loja Perfil.
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Fonte: rollingstone.com.br