Cantor, compositor e instrumentista enraizado na música popular brasileira, Felipe El lança no próximo dia 8 de julho Eu sou o Carnaval, uma homenagem a Moraes Moreira. Influenciado desde cedo pela obra dos Novos Baianos, o trabalho do artista chega às plataformas de áudio também com o intuito de preservar o legado cultural e a história da música brasileira.
O lançamento de Eu sou o Carnaval é carregado de simbolismo, pois acontece na data em que seria celebrado o aniversário de Moraes Moreira. Com produção de Miguel Freitas e do próprio Felipe El, o álbum será lançado pela DOXMR/Ybmusic (faça o pre-save neste link).
No disco, o músico mergulha na obra carnavalesca de um dos maiores compositores da música brasileira. O trabalho visa apresentar, especialmente às novas gerações, a dimensão da influência de Moraes para além dos Novos Baianos, focando em seu papel seminal na formatação da moderna folia baiana.
Eu sou o Carnaval é um álbum que produzi a fim de refrescar a memória sobre a gura carnavalesca de Moraes Moreira. Percebo que, sobretudo fora do eixo Bahia-Pernambuco, muitos brasileiros não têm tão claro o papel que ele teve”, explica El.
O disco chega com 11 músicas, três delas já lançadas pelo compositor paulista. São elas “Chame Gente”, que conta com a participação do compositor e multi-instrumentista baiano, Luiz Caldas; “Bloco do Prazer”, com os vocais de Clara Buarque, cantora carioca, neta de Chico Buarque; e “Chão da Praça”, canção do ano de 1979, que conta com a participação de Davi Moraes, filho de Moraes Moreira.
El buscou construir uma narrativa que percorre a trajetória de Moraes no carnaval, sua interação com Dodô, Osmar e Armandinho, e seu olhar para as manifestações populares como blocos afro e afoxés. Canções como “Vassourinha Elétrica” e “Chame Gente” são exemplos dessa curadoria, ilustrando a fusão do frevo pernambucano com a energia baiana e o espírito agregador da festa.
A sonoridade do álbum reflete essa imersão histórica e cultural, estabelecendo uma ponte entre o frevo transformado na Bahia e as levadas contemporâneas de bacurinhas, surdos e timbais, tudo sob a perspectiva de El. “Procurei fazer a história e as canções de Moraes encontrarem as levadas contemporâneas,” comenta.
Uma influência marcante é a música afro-latina, cujos ritmos e instrumentos como bongôs, congas e timbales foram absorvidos pela música do Norte e Nordeste brasileiro. A faixa-título é um exemplo dessa síntese, combinando rumba cubana, ijexá e o “tamanquinho” do Candeal.
A motivação de Felipe El para este projeto é profundamente pessoal e artística, nascida de uma admiração de longa data. “Desde muito menino, fui arrebatado pela obra dos Novos Baianos. Moraes sempre foi marcante para mim, também por me identificar como um seresteiro,” revela. A experiência de interpretar Moreira no musical Novos Baianos – O Musical estreitou ainda mais essa ligação. O falecimento de Moraes durante a pandemia de Covid-19 acendeu a “necessidade artística de homenagear este grande compositor e procurar contar e recontar sobre ele e sua trajetória”.
Para El, trata-se de manter viva a mágica história do Carnaval baiano e brasileiro e a importância de “reconhecer, saudar, exaltar quem veio antes de nós”.
O álbum também chega em um momento de reflexão para o artista, cujo primeiro disco completou 10 anos em 2024, marcando o encerramento de um ciclo e o amadurecimento de sua identidade musical. “Moraes Moreira, o carnaval, o Frevo, o Ijexá, a música afro-latina, tudo isso junto representa muito do que eu trago para minha vida e minha música”, afirma.
Me sinto completamente representado quando produzo um álbum como Eu sou o Carnaval, e julgo vital para nós, para além da música, reconhecer e saber exatamente sobre a história para poder contar para os que ainda não sabem ou os que vêm depois”, finaliza o artista.
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Fonte: rollingstone.com.br