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Ex-repúblicas soviéticas retiram homenagens ao comunismo


Sem alarde, o Quirguistão, um dos países que faziam parte da União Soviética (dissolvida em 1991), aderiu em junho a uma onda que se intensificou com a invasão da Rússia à Ucrânia, em fevereiro de 2022: a remoção de estátuas e outras homenagens ao comunismo.

Uma estátua de Vladimir Lênin, de 23 metros de altura (a mais alta da Ásia Central) e que havia sido erguida na cidade de Osh há 50 anos, foi discretamente removida pelas autoridades locais.

A onda de rejeição ao passado comunista e de dominação por Moscou nas ex-repúblicas soviéticas contrasta com o ufanismo sobre o período que vem tomando a Rússia. Em maio, foi inaugurado um monumento em uma estação de metrô na capital russa que mostra o ditador Josef Stálin sendo saudado por trabalhadores, embaixo de uma imagem de Lênin.

No mesmo mês, o Partido Comunista da Rússia inaugurou um busto com a imagem de Stálin na cidade ucraniana de Melitopol, localizada na região de Zaporizhzhia e que está ocupada pelas forças russas desde março de 2022.

Antes disso, em 29 de abril, o ditador Vladimir Putin havia assinado um decreto para outra homenagem: dar ao Aeroporto Internacional de Volgogrado o nome de Stalingrado, como a cidade se chamou entre 1925 e 1961.

Buscando curar as feridas do passado de tirania e também cortar laços com Moscou, outras ex-repúblicas soviéticas não adotaram a mesma discrição do Quirguistão e estão alardeando iniciativas para se livrar de remanescentes do histórico comunista.

Na Lituânia, monumentos que remetem ao passado soviético estão sendo retirados com base numa lei que foi aprovada pelo Parlamento local em dezembro de 2022 e entrou em vigor em maio do ano seguinte.

A legislação proibiu a comemoração ou representação de pessoas, símbolos e informações que promovam regimes totalitários ou autoritários e suas ideologias.

Na Letônia, monumentos também estão sendo removidos. Um dos casos mais emblemáticos foi a demolição de um obelisco, em agosto de 2022, que celebrava a libertação da Letônia e de sua capital, Riga, da Alemanha nazista pelo Exército Vermelho.

A torre de concreto tinha 80 metros de altura e ostentava no topo estrelas vermelhas de cinco pontas, um dos símbolos do comunismo.

“A Letônia derruba um dos símbolos da ocupação soviética em Riga. Fechando mais uma página dolorosa da história e buscando um futuro melhor”, escreveu no X o então ministro das Relações Exteriores da Letônia, Edgars Rinkevics, hoje presidente do país báltico.

Na Ucrânia, país invadido por Putin, a onda de rejeição ao passado de opressão russa é compreensivelmente mais forte.

O parlamento do país havia aprovado em abril de 2015 uma lei que proibiu os símbolos, nomes de ruas e monumentos soviéticos e comunistas, mas várias homenagens foram mantidas e agora estão sendo retiradas.

O caso de maior repercussão foi a remoção, em agosto de 2023, do emblema soviético do Monumento à Pátria, uma grande estátua na capital, Kiev. O símbolo ficava em um escudo empunhado por uma imagem de mulher (representando a Ucrânia) e foi substituído pelo Tridente Ucraniano, que aparece no Brasão de Armas da Ucrânia.

Em Odessa, no sul ucraniano, teve início no ano passado uma ação para substituir os nomes de 85 ruas e avenidas que tinham nomes russos.

Porém, o projeto recebeu críticas por incluir nomes que nada tiveram a ver com o comunismo, como do poeta Alexander Pushkin (1799-1837) e do escritor Ivan Bunin (1870-1953), um notório opositor dos bolcheviques que deixou a Rússia depois que Lênin e seus companheiros tomaram o poder.

O governador da região de Odessa, Oleh Kiper, disse que a cidade tem uma “chance histórica de romper com as narrativas imperiais e se tornar uma cidade ucraniana moderna e culturalmente independente, em vez de viver no passado”.

“Não há lugar para ruas que homenageiam pessoas que receberam medalhas das mãos de Putin ou glorificaram a União Soviética”, afirmou, em declarações publicadas pelo jornal The Kyiv Independent. “Quem quiser caminhar por ruas com nomes imperiais russos ou soviéticos pode ir a Moscou em vez de Odessa”, disse Kiper.



Fonte: Revista Oeste

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