Por Marcelo Araújo*
A governança de dados deixou de ser uma exigência regulatória para se tornar também um diferencial competitivo. Empresas que estruturam suas estratégias com base em pilares eficientes de governança garantem maior eficiência operacional, segurança e capacidade de gerar insights valiosos para os negócios. Sendo assim, investir nisso é garantir um futuro mais sólido e confiável para toda a organização.
De acordo com uma pesquisa da Straits Research, o tamanho do mercado global de governança de dados deve atingir US$ 11,68 bilhões (cerca de R$ 68 bilhões na cotação atual) até 2030, com uma taxa de crescimento anual de 21%. O levantamento revela a importância cada vez maior da cultura voltada para dados e da consequente tomada de decisões com base neles.
Com a evolução das tecnologias da informação e o aumento exponencial da quantidade de dados disponíveis, o uso dessas informações valiosas tornou-se cada vez mais crucial para as operações empresariais modernas, influenciando a forma como elas atuam e tomam decisões estratégicas. Porém, sua aplicação efetiva pode representar um desafio considerável. Além de coletá-los, é importante saber como acessá-los, organizá-los e analisar todos eles da maneira correta.
A pergunta que todo o mercado se faz é: como estruturar uma governança de dados eficiente?
Sabemos que hoje, com a infinidade de dados disponíveis, é possível criar estratégias excelentes e tomar decisões muito bem embasadas. Porém, a gestão eficiente desses ativos é um desafio significativo.
Para superá-lo, a qualidade dos dados é fundamental. Só ela é capaz de garantir informações precisas, consistentes e confiáveis. É necessário implementar métricas que avaliem a integridade, completude e atualização dos dados – incluindo práticas essenciais como definição de padrões para entrada e manutenção de dados, uso de ferramentas de limpeza e de duplicação e monitoramento contínuo para identificar e corrigir inconsistências.
Com o aumento de ameaças cibernéticas e regulações como a LGPD e GDPR, a segurança dos dados tornou-se um aspecto crítico. Uma estratégia sólida deve incluir controles de acesso, criptografia, auditorias e monitoramentos contínuos. Além disso, os colaboradores devem ser treinados para evitar vazamentos acidentais.
Outro ponto é que, para que os dados tenham valor estratégico, eles precisam estar acessíveis para os tomadores de decisão. No entanto, essa acessibilidade deve ser controlada, garantindo que apenas os usuários autorizados possam visualizar e modificar determinados conjuntos de dados.
Acredito que um dos principais problemas para a governança de dados se tornar corriqueira é a resistência à mudança por parte das empresas. Superá-la é crucial para oferecer análises precisas e recomendações valiosas, contribuindo para que os clientes tomem decisões informadas.
Pesquisas também apontam para o mesmo caminho. Um estudo realizado pela McKinsey analisou a maturidade digital das principais empresas brasileiras, revelando que apenas 13% delas adotaram plenamente uma mentalidade baseada em dados, desenvolvendo uma cultura rigorosa de tomada de decisões objetivas em nível estratégico, tático e operacional nas áreas de negócio.
Além disso, apenas 12% das organizações alcançaram um nível avançado de maturidade no uso de dados e análises. Com isso, é possível afirmar que apenas uma pequena parcela consegue capturar dados de maneira organizada e integrá-los em uma infraestrutura robusta.
Essa lacuna entre intenção e execução mostra que há um grande espaço para evolução quando o assunto é governança de dados. Empresas que adotam uma abordagem estruturada e estratégica certamente se posicionam na vanguarda, conquistando não apenas conformidade regulatória, mas também ganhos expressivos em eficiência, inovação e competitividade.
A governança de dados não é um projeto com prazo de validade, mas sim um processo contínuo. Para que os dados se tornem, de fato, um ativo estratégico, é essencial contar com ferramentas avançadas, processos bem definidos e equipes capacitadas.
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*Marcelo Araújo é diretor comercial da eBox Digital, empresa especializada em gestão e proteção de documentos físicos e digitais.
Fonte: TecMundo